Deadgirl

Já tinha um bom tempo que estava curiosa sobre esse filme, até porque li várias resenhas extremamente favoráveis. Aquela coisa de “não é só um filme de terror” e blablabla. Bom, talvez Deadgirl fosse um filme bacana se fosse um filme de terror. Até porque qualquer tentativa de leitura alegórica do que é visto ali acaba esbarrando em questionamentos básicos – para não falar que eu ainda acho que a narrativa foi extremamente mal montada.

Mas ok, do começo. Deadgirl começa com dois amigos do barulho passando uma tarde batutinha em um hospício fazendo coisas que até… ok, sem narração de Sessão da Tarde. Enfim, os amigos estão lá no hospício e por acaso descobrem no subsolo uma garota algemada em uma cama. E bem, ela é a garota que dá título ao filme, portanto você conclui antes dos amigos que apesar de respirar e se mexer, ela está morta. Um deles volta para casa, o outro decide que seria uma boa ideia transformar a zumbizinha em uma escrava sexual.

Continue lendo “Deadgirl”

O Lobisomem

Baseado no clássico de 1941 que contava com Lon Chaney no papel principal, esse novo O Lobisomem com Benicio Del Toro não teve exatamente a recepção que eu esperava. Por causa disso, acabei adiando o dia em que finalmente iria conferir o que para mim seria um daqueles raros casos de filme de terror com boa qualidade (que não se sustenta só no humor ou na tosqueira, digamos assim). E sabe como é, quando você tem baixas expectativas, as chances de se decepcionar também são baixas.

E para falar bem a verdade, passei boa parte do filme pensando no que é que as pessoas viram de errado nessa adaptação. Lembro que em uma das resenhas que li, diziam que o diretor não teve coragem de fazer horror de fato e a história ficou sem sal (digamos assim). Se for essa a razão mesmo, talvez a explicação seja o fato de que a versão que chegou nos cinemas tem lá 16 minutos a menos do que a versão do diretor (que foi a que eu assisti). E provavelmente boa parte das cenas gore do filme tenham ficado de fora para se ajustar a alguma classificação que atingisse um público maior, não sei.

Continue lendo “O Lobisomem”

O chamado de Cthulhu e outros contos (H.P.Lovecraft)

Eu já tive contato com Lovecraft anteriormente. Naquele momento, para falar bem a verdade, era TANTA gente dizendo que era a coisa mais bacana do mundo em se tratando de horror que bem, como fã do gênero é óbvio que li os livros com altíssimas expectativas. E nós sabemos que esse tipo de coisa causa decepção na grande maioria das vezes, e com o sr. Lovecraft não foi diferente. Fiquei pensando em como ele fazia caca ao prolongar demais a história após o clímax (eu sou meio fã daquela coisa de unidade de efeito, sabe como é) ou ainda ao tentar explicar o que foi visto.

Pois bem. Eis que após a leitura de Smoke and Mirrors do Neil Gaiman eu me animei a ler novamente Lovecraft (até porque uma das minhas histórias favoritas na coletânea prestava homenagem ao autor). E lá vou eu, conferir uma edição de bolso publicada pela editora Hedra, que me surpreendeu, diga-se de passagem. Fui consultar os livros disponíveis no catálogo da editora e o legal é que eles fogem do óbvio – tem muita coisa que foge dos títulos que vemos nas publicações de mesmo formato aqui no Brasil, a começar pela seleção de contos do Lovecraft. Troféu joinha para eles.

Continue lendo “O chamado de Cthulhu e outros contos (H.P.Lovecraft)”

Colin

Já tem algum tempo que quero assistir Colin, filme inglês de zumbis, mas ficava adiando porque queria… cofcof… hum… gasp… ééé… porque eu queria ver com legenda. O que é meio idiota, se você for pensar que é um filme contado sob o ponto de vista do zumbi que dá título à história. Se o zumbi é o protagonista, é meio certeza que não veremos muuuuuuitos diálogos, ou pelo menos nenhum tão denso que um aluno de inglês basicão já não conseguisse captar. Mas ok, a preguiça é meu pecado preferido, então tá, vamos ao Colin.

É importante saber de início que a produção é famosa por ter custado algo em torno de 40 libras. Por 40 libras, você não vai esperar um Avatar, certo? E como toda produção-famosa-por-gastar-pouco-dinheiro, Colin conta com aquela irritante câmera no estilo documentário que irrita inicialmente, mas depois de algumas cenas se mostra razoável para o desenvolvimento da tensão (como por exemplo o zumbi na cozinha do protagonista, que você acaba vendo por um reflexo na torneira).

Continue lendo “Colin”

Pontypool

Um dos pontos fortes em filmes de zumbis – pelo menos os mais conhecidos – é o desenvolvimento da sensação de claustrofobia que as personagens em dado momento passam a ter. Seja porque estão há muito tempo escondidos em um lugar, seja porque têm noção que não podem sair e sequer têm ideia de quando poderão, dependendo do diretor até uma situação dos sonhos pode virar um pesadelo (pense no shopping de Dawn of the Dead, por exemplo).

E é justamente esse o aspecto mais positivo de Pontypool, filme de horror canadense que saiu lá fora no ano passado e ainda não tem previsão de estreia aqui no Brasil. Todos os elementos estão lá: é um inverno deprimente, em uma cidadezinha no meio do nada no Canadá (o que por si só já poderia criar a atmosfera claustrofóbica). Somos apresentados ao trio que cuida da transmissão matutina de uma rádio local: Grant Mazzy (o locutor), Sidney Briar (diretora do programa) e Laurel-Ann (auxiliar). É uma manhã comum, com Mazzy batendo boca com Briar por não poder falar o que quer, até que…

Continue lendo “Pontypool”

Entidade Paranormal

Um dos sucessos do final do ano passado foi o filme Atividade Paranormal. Lembrando que sucesso não qualifica algo como bom, de qualquer forma o retorno desse filme independente (gravado na casa do próprio diretor em apenas dez dias) chega ao absurdo: dos $15.000 o filme lucrou já na primeira semana de estreia (só nos Estados Unidos) $9.1 milhões. E mesmo aqui no Hellfire, desde que o filme chegou ao Brasil, o post que escrevi teve mais de 2.000 leitores diários1 , todos querendo saber se a história é real ou não, querendo meter o pau no filme dizendo que não sentiram medo algum e yadda yadda yadda.

E aí Fábio chega para mim e diz “Ana, procura sobre Paranormal Entity no IMDb para ver se vale a pena assistir”. Fui procurar e não tinha nada. Pensa só, um filme que nem consta no IMDb, quando até Super Xuxa Contra o Baixo Astral está lá. Ok, começamos a procurar pela internet por sinopses e bem, o fato é que o que poderia ser traduzido por aqui como “Entidade Paranormal” segue a mesmíssima premissa de Atividade Paranormal. Sujeito resolve filmar o que acontece em sua casa à noite, fantasmas e talz.

Continue lendo “Entidade Paranormal”

Noturno (Guillermo Del Toro e Chuck Hogan)

Eu não me canso de comentar aqui que um dos meus filmes de terror preferidos de todos os tempos é A Espinha do Diabo, com roteiro e direção do Guillermo Del Toro. E tem um dos filmes mais bacanas que vi recentemente que também carrega a assinatura do Del Toro, O Labirinto do Fauno. Então é natural que eu tenha ficado extremamente curiosa sobre o tal do “livro de terror de Guillermo Del Toro”, certo? Poisé, acabei encomendando The Strain (que chegou nessa semana nas livrarias brasileiras como Noturno), fazendo essa pequena equação na minha cabeça: imagens horripilantes no cinema + bons sustos no cinema = certeza de que na literatura será assim.

Bem. Não é bem assim. É uma obra muito legal, e dá para dizer que pelo menos uns dois terços dela pegam fogo e fazem você devorar todas as páginas. Mas chega para o final e perde o gás. É quase como se fosse uma montanha-russa cheia de loopings que acaba numa sequência meio boba de retas. O resto desse post eu vou dividir em dois tópicos: PARA OS QUE SABEM QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO e PARA QUEM NÃO FAZ A MENOR IDEIA DE QUEM SÃO OS VILÕES DO LIVRO. Para Noturno ser uma experiência bacana, eu acho fundamental que você tente buscar menos informações possíveis sobre o livro quando for ler, então caso se enquandre no segundo caso, leia só essa parte. MESMO.

Continue lendo “Noturno (Guillermo Del Toro e Chuck Hogan)”

Evocando espíritos

Histórias de fantasma não precisam ser verdadeiras para assustar. Até porque dependendo de sua crença, você poderia até estar vivendo em uma sem se dar conta disso, buscando respostas racionais para o que acontece. Então eu nem quero entrar nos méritos de Evocando espíritos mostrar já logo no começo o famoso “baseado em fatos reais”, porque verdade seja dita, o cinema molda os tais dos fatos reais da forma como acha melhor, e isso não quer dizer necessariamente se manter fiel aos acontecimentos.

Mas o fato é que o filme assusta. E muito. Eu já tinha perdido minhas esperanças com o horror norte-americano e pans, vem esse aí. Em teoria não é muito diferente de Terror em Amityville, com uma família mudando-se para uma casa “com uma história”. No caso da família Campbell, o novo lar em Connecticut fora uma funerária. Ok, até aí nada assustador.

Continue lendo “Evocando espíritos”

Coming Soon

Ahhhh, o horror tailandês! Que coisinha mais batutinha! A premissa é quase sempre a mesma, fantasmas vingativos e um mistério relacionado a esses, mas a verdade é que mesmo assim eles conseguem cumprir seu propósito de forma eficiente: assustam. Veja o caso de Coming Soon, por exemplo. Ele até começa meio confuso…ok, ontem *eu* estava meio confusa e isso pode ter pesado um pouco na hora da compreensão da história. De qualquer forma, as cenas iniciais mostrando a história de Shomba já dão um baita medo.

O roteiro é de Sopon Sukdapisit e o nome pode até não dizer nada para você, mas digamos que ele esteve envolvido com Espíritos 1 e com Espíritos 2 – eu continuo achando um absurdo terem vendido como continuação filmes que na verdade são diferentes, mas deixemos isso para lá e vamos aos fatos: lembrando desses dois filmes, meio que já se sabe o que dá para esperar de Coming Soon.

Continue lendo “Coming Soon”

Non si deve profanare il sonno dei morti

Então, é uma produção franco-espanhola de 1974 dirigida por Jorge Grau que conta com dois diferentes títulos aqui no Brasil, “Zumbi 3” e “A Revanche dos Mortos Vivos II”. Nos Estados Unidos o filme ficou conhecido como “Don’t Open the Window” (lembram do trailer falso em Grindhouse chamado Don’t? Então, é meio que piadinha com o título americano) e também “Let Sleeping Corpses Lie”. Ou seja, é um monte de nome e é bem provável que você já tenha assistido, só não está ligando o título à história.

Para situá-lo, vamos ao enredo: duas pessoas estão viajando no interior da Inglaterra, quando chegam em uma pequena cidadezinha que está servindo como campo de teste de um pesticida radioativo. O tal do pesticida não só deixa todos os bebês da região mais agressivos, como também faz com que os mortos voltem à vida e bem, essas duas pessoas têm o azar de estar no lugar errado na hora errada e são acusados dos crimes cometidos pelos zumbis.

Continue lendo “Non si deve profanare il sonno dei morti”