Meet Me in the Bathroom: Rebirth and Rock and Roll in New York City 2001-2011 (Lizzy Goodman)

Observando de longe, histórias de bandas de rock não são muito diferentes entre si, seja lá a qual década elas pertençam. Um elemento ou outro pode até faltar, mas no geral quase todos estarão lá. As narrativas são construídas a partir de encontros ao acaso. Tem aquele momento meio aleatório da escolha do nome da banda que depois significará tanto para tantas pessoas. O trabalho duro e os shows em lugares pequenos anteriores à fama, contrastando com o completo assombro ao passar a tocar em lugares enormes e lotados.

Com a fama, os atritos entre personalidades fortes e egos gigantes passam a ser mais constantes, piorados pelo abuso de drogas e bebidas. Surgem projetos paralelos e ciúmes, algum membro acaba resolvendo ir embora ou acaba morrendo. A banda acaba. Ou continua, mas resignada que aquele momento de explosão é único e não se repete.

Dito isso, é óbvio que Meet Me in the Bathroom de Lizzy Goodman não fugirá da regra ao falar de bandas do começo dos 2000, como The Strokes, Interpol e Yeah Yeah Yeahs. Mas o charme do livro não está nas coisas que todo fã saberia, mas em como ao usar várias vozes, a jornalista consegue fazer um retrato tão preciso do momento em que essas bandas estiveram no auge. 

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Coisas legais de 2018 que não cabem nas outras listas de melhores que eu normalmente faço aqui

O título já explica, então não vou me prolongar. Volto para lista de filmes e livros? Certeza.

MÚSICA

Saiu o novo do Interpol, Marauder.  Eu gostei bastante, achei melhor do que El Pintor (que no fim das contas não me empolgou tanto quanto pensei na época, já que quase nunca toco nada dele). The Rover, Number 10 Mountain Child são as favoritas.

Além disso, finalmente conheci melhor The National. A Taizze vive falando deles e eu confio no gosto da guria, mas sei lá por qual motivo acabava deixando para depois. Aí um dia ouvi This is the last time, me apaixonei e provavelmente foi a banda que mais ouvi nos últimos meses, então vale citar aqui, mesmo que não tenham lançado nada novo este ano, he he.

E, finalmente:

Não tem como falar de música em 2018 e não citar esta música e este clipe maravilhosos. This is America é aquele tipo de coisa que você assiste a primeira vez de queixo caído, repete mais umas e ainda não perde a sensação de maravilhamento.

QUADRINHOS

Finalmeeeeente li Daytripper do Fábio Moon e Gabriel Bá. Não sei se foi o tempo sem ler HQ (a última deve ter sido The Runaways), mas terminei me arrependendo pela demora para ter lido. Aliás, foi o que fez com que eu fosse atrás de mais HQs este ano, incluindo um reencontro com meu Dylan Dog do coração, que voltou a ser publicado no Brasil pela Mythos agora em 2018.

Outra descoberta muito legal é Sex Criminals: um casal que consegue parar o tempo quando atingem o orgasmo (sim) resolve assaltar bancos (siim) para juntar dinheiro para salvar uma biblioteca (siiiiim). É bem absurdo, tem momentos hilários, mas é bacana como retrata as piras das pessoas sobre relacionamentos. E a sequência da Suzie cantando Fat Bottomed Girls já faz valer toda a leitura. Já tem cinco volumes (o quinto saiu em agosto deste ano) e eu quero mais.

SÉRIES DE TV

Eu não sei se foi a preguiça de baixar séries ou realmente a Netflix está criando um conteúdo muito bacana, mas quase todas as minhas favoritas de 2018 estão no catálogo dela. Começa com a quinta temporada de Bojack Horseman, que conseguiu manter o nível depois de uma quarta temporada perfeita. Eu tento convencer as pessoas a assistir mas nunca consigo, falho miseravelmente toda vez que digo que Bojack é hilária mas que te faz chorar (e o protagonista é um cavalo).

Aí tem The Good Place, que começou em 2016 mas só comecei a ver agora em 2018 – quando já está na terceira temporada. O elenco é ótimo, o roteiro é espetacular (do tipo: “deixa eu pausar, voltar e ver essa cena de novo porque isso é bom demais”). E sim, é muito engraçada. Dia desses fiz o Fábio assistir toda a cena do Jeremy Bearimy. Para cada coisa maluca que tem acontecido no país atualmente a imagem da juíza dizendo THAT RIPPLES OUT, MAN aparece na minha cabeça. É boa demais.

E tem A Maldição da Residência Hill, que eu tenho recomendado até para quem não é muito fã de terror, embora com ressalvas, porque tem uns episódios lazarentos de assustadores. A história da família Crain lidando com um trauma do passado me atraiu muito mais do que qualquer possível explicação sobre o que acontece na Residência Hill. É levemente baseado em um livro da Shirley Jackson, que já ganhou outras adaptações para o cinema: uma de 1963 que aqui no Brasil se chama Desafio do Além e outra de 1999, chamada A Casa Amaldiçoada.

Finalmente, para não ficar só na Netflix, Objetos Cortantes da HBO. Eu gostei bastante do livro da Gillian Flynn, mas acho que a adaptação aqui de alguma forma foi além. As atuações (Patricia Clarkson está maravilhosa!), a beleza das imagens, a trilha sonora (eu tinha esquecido o quanto gostava de I Can’t Quit You, Baby), tudo. E garrei um morzinho no Chris Messina que acabei bingeando The Mindy Project (aliás, muito legal também) só por causa do Danny Castellano.

 

***

E é isso. Sei que foi um ano bem merda em muitos sentidos, mas eu estou tirando o pó daqui porque acho que vou ter que falar muita coisa. Não dá mais para ficar quieto. A gente cansou do argument sketch e perdeu o debate por WO. Os próximos anos vão pedir coragem mas muita, muita resiliência.

Música em True Blood

Já passaram aí 5 temporadas e acredito que qualquer um que acompanhe a série já deve ter reparado que True Blood tem uma relação bem forte com música. Ou vai dizer que você nunca percebeu que os títulos dos episódios são títulos de músicas? Eu percebi isso rápido, mas dava mais créditos pelas músicas bacanas que conhecia por conta da trilha sonora das propagandas anunciando temporadas novas (como Beyond Here Lies Nothin’, do comercial da segunda temporada, Fresh Blood da terceira e Future Starts Slow que eu juro que não lembro se era da quarta ou da quinta). Sabe aquela sensação de que mesmo que eles enfiem o pé na jaca e estraguem tudo, pelo menos valeu a pena por poder ter conhecido músicas que em outra situação eu provavelmente teria deixado passar batido.

Então, pensando nessa relação entre Música e True Blood, eu resolvi fazer um top5 de músicas de cada temporada, adicionando alguns comentários sobre a temporada em si. Para ouvir a música basta clicar nos links (e torcer para que os deuses da internetz não façam deles links quebrados no futuro). Vamos lá!

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Mozipedia: The encyclopedia of Morrissey and The Smiths (Simon Goddard)

Para quem viveu os anos 80 ou mesmo para quem gosta da cultura daquela década, é impossível falar de música sem citar a banda The Smiths. Formada em 1982 e liderada por Steven Patrick Morrissey (mais conhecido pelo sobrenome, Morrissey), o grupo apresentava muitos dos elementos principais das músicas mais populares daquela época, com letras bastante melancólicas falando sobre solidão e inadequação. Mesmo quem não consegue relacionar o nome à música, provavelmente já ouviu em algum momento hits como Heavens Knows I’m Miserable Now, How Soon Is Now?Bigmouth Strikes AgainPanic eAsk.

Mas como é bastante comum na história de muitas bandas de rock, um desentendimento entre Morrissey e o guitarrista Johnny Marr acabou levando ao fim da banda cinco anos após sua formação original. A partir daí Morrissey seguiu uma (muito bem) sucedida carreira solo, com músicas ainda bastante similares ao estilo dos Smiths e outros grandes hits, como Everyday is Like Sunday e Suedehead – carreira essa que continua até os dias de hoje, sendo que o último álbum do músico (Years of Refusal) saiu em 2009.

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Música e Cinema nos anos 90

Aí hoje cedo vi no uol uma chamada dizendo “Relembre trilhas dos anos 1990 como Pulp Fiction” e eu fui logo clicar e conferir. Blé, para começar, não era trilha só dos anos 90, era tudo misturado. E o pior é que quem fez a seleção conseguiu pegar simplesmente a pior música da trilha de Alta Fidelidade, sendo que essa conta com a excelente Dry the Rain da Beta Band. Aí pensei: a graça da lista é que você nunca concorda e aí pensa logo na sua, então vou lá fazer a minha.

E foi uma viagem no tempo. O engraçado é que a década de 90 diz muito mais para mim do que essa última década que passou (lembro sei lá, das Torres Gêmeas e da faculdade? Que sem graça). Ouvindo novamente algumas músicas daquele tempo, e lembrando de alguns filmes que mesmo bobos foram tão marcantes naquela época, bateu uma nostalgia gostosa. É engraçado como a arte tem esse poder, de nos transportar para alguma época, com seus cheiros e cores.

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Beatles 3000

Sabe quando você está trocando de canal e para em um documentário do History Channel resgatando detalhes da vida de alguma personagem que viveu séculos e séculos atrás, fazendo reconstituição do que poderia ser seu cotidiano e afins? Pois é, um pessoal fez um mockumentary onde um pessoal lá de 3000 e tanto investiga um dos fenômenos mais marcantes da história… Os Beatles.

Ficou muito engraçado, vale a pena ver. Infelizmente, só em inglês e sem legenda (se alguém achar legendado me avise que eu coloco aqui ^^ ).

(se semana que vem eu colocar outro video relacionado com os Beatles, começo o “video dos Beatles da semana” aqui no Hellfire, prometo).

Caro Emerald

Bom, eu adoro vocais femininos, isso eu sempre deixei bem claro por aqui. Gosto tanto que ontem trocando de canais aleatoriamente vi Sandy batucando e cantando no melhor estilo “divadampb” e pensei, uou, a menina cresceu e está até mandando bem. Sério. Enfim, pensando nisso eu acho que não é taaaaanta surpresa o fato de eu ter gostado tanto do som da holandesa Caro Emerald, apresentado há algumas semanas pelo meu irmão.

O álbum de lançamento (Deleted Scenes from the Cutting Room Floor) da moçoila foi oficialmente lançado em janeiro desse ano, e dá para dizer que fez sucesso suficiente para que até eu já tenha escutado, há. E é daqueles trabalhos gostosos, que você pode deixar tocando sem pular faixa alguma e pode até melhorar o seu humor em uma segunda de manhã, digamos assim.

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Trilha sonora de propagandas

Eu já comentei aleatoriamente sobre algumas aqui, mas não lembro de ter reunido em um post só. Mas sabe, uma das coisas que mais gosto nas propagandas (fora quando elas são criativas e bacanas ehehe) é a trilha sonora. Tem música que eu só fico conhecendo porque um sujeito resolveu que ela ficava bem tocando no fundo de um comercial de carro, calça jeans ou bebida. Enfim, o fato é que algumas vezes a música é tão legal, mas tão legal que você acaba até cantarolando por aí sem perceber, logo depois que vi a propaganda.

E pensando justamente nessas músicas que quase fazem a gente esquecer qual é o produto que está sendo vendido (há!) que resolvi fazer esse TOP5. Antes de mais nada, uma dica: se gostou de algum video, vai lá no KeepVid e baixa, porque eu não dou nem dois meses para esse material sumir, sabe como é. E bem, eu provavelmente esqueci de muita coisa bacana, mas sabe como é, listas são assim. Então vamos ao…

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Ska Brasil (Skarnaval)

Então que eu tinha comentado que o faria e aqui está. O post inspirado no livro Noite passada um disco salvou a minha vida, aquele que marcou, que mudou, enfim, “o” disco da minha vida. Eu poderia ter citado o Use Your Illusion do Guns n’ Roses, que de certa forma foi o responsável por me tirar do que seria uma vida dedicada à música tosca (eu era fã dos New Kids on the Block antes disso, se serve de explicação) e as baladinhas serviram de ponte para o que então faria de mim essa pessoa rock n’ roll. Mas eu acho que poucos tiveram a ideia de resgate, de salvação mesmo como a coletânea Ska Brasil.

O ano era 97 e eu era uma pessoa meio perdida em um lodo de tédio. Não tédio musical, eu já ouvia bastante coisa, o suficiente para ter opiniões próprias a respeito do que ouvia. Já tinha minhas bandas favoritas, minha coleção de k7s com faixas gravadas da rádio e alguns poucos cds. E aí meu irmão apareceu com esse cd lá em casa e então eu realmente tive um momento da minha vida que foi além de só curtir música. Não, eu não comecei a tocar em uma banda, embora o quisesse. Queria ser saxofonista (eu nunca consigo pensar em algo simples, deve ser um plano diabólico para tornar alguns planos inviáveis, sabe-se lá).

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