Hemlock Grove

hemlockÉ bem provável que a essa altura você já tenha ouvido falar de Hemlock Grovemas vale uma explicação. A série é uma produção original do Netflix, seguindo os moldes de House of Cards: o Netflix disponibiliza a temporada completa, o que eu acho excelente porque odeio aqueles intervalos das séries gringas que às vezes duram mais de um mês. Com as séries do Netflix (Arrested Development está chegando!) você define quando assistirá ao show e se um episódio terminar com um gancho daqueles extraordinários, não há qualquer necessidade de esperar no mínimo mais uma semana para saber como a história continua, basta um clique e lá vem outro episódio. Foi minha primeira experiência com o formato (ainda não vi House of Cards), e está aprovadíssimo. Não, eu não estou sendo paga pelo Netflix (em tempos de jabás para blogueiros é sempre bom lembrar, né) a real é que eu ultimamente me identifico muito com essa menina aqui.

Enfim, Hemlock Grove. Apesar de ser uma série de terror, eu não estava muito confiante. Primeiro porque o pôster de divulgação tinha um lobo, e vocês sabem, não suporto histórias com lobisomem fora Um lobisomem americano em Londres. Segundo porque a produção (e direção de alguns episódios) ficou por conta de Eli Roth – e o que eu vi de terror dele (Hostel), eu simplesmente detestei. Terceiro (e o mais importante): alguém já fez um levantamento de quantas sinopses de séries falam de “uma adolescente é brutalmente assassinada e começa a busca pelo assassino”? Pois é. Achei que seria tudo mais do mesmo e o pior, mais do mesmo com lobos. Mas como queria testar o formato Netflix (e sabia que logo começariam a chover spoilers nas redes sociais) resolvi começar a ver. Primeira imagem é essa aqui:

Yummy!

Sim, Hemlock Grove começa bem estranha e o primeiro episódio é basicamente uma apresentação de personagens. Temos Roman (o rapaz do sorvete) que além de todo esquisito, parece ser o babaca da escola. Sua mãe, Olivia, além de esquisita, parece ser a babaca da cidade.  Aparentemente a única pessoa do clã Godfrey que não é odiada pelos habitantes de Hemlock Grove por causa de sua personalidade é Shelley. Problema é que Shelley é uma garota gigante, com rosto deformado e que só consegue se comunicar através de um aparelho eletrônico, ou seja, ela não é odiada por ser uma babaca, mas por ser, hum, um mostro. Se você fez a relação Shelley > Mary Shelley > Frankenstein, está no caminho certo. Além desses temos o outro lado dos Godfrey, com o cunhado de Olivia, dr. Norman, um respeitado psiquiatra casado com uma respeitável senhora e pai de uma respeitável garota. Se Hemlock Grove fosse Os Simpsons, eles quase seriam os Flanders.

E aí tem o clã Rumancek, representado inicialmente por Lynda e Peter, dois ciganos que chegam à cidade e logo são vítimas do preconceito de quem mora na região. E eles parecem lidar bem com esse preconceito (mostrando que não é uma novidade em suas vidas), mas o problema é que poucos dias após se instalarem em seu trailer, uma “adolescente é brutalmente assassinada e começa uma busca pelo assassino” (sim, como mencionei antes, esse é o plot principal). Como eles são “os diferentes”, logo são vistos como responsáveis, até o momento em que a perícia descarta a possibilidade de ter sido uma pessoa: os ferimentos só poderiam ter sido causados por um animal selvagem. E se você penso que isso iria aliviar as coisas para Peter, saiba que na escola começa a rolar um boato de que ele seria um lobisomem. Pronto, circo armado, vamos para o show (e a partir daqui começa a chover spoilers, heim).

Logo de cara o que mais gostei é como há uma quebra de expectativa. Do modo como as personagens são apresentadas, fica a sensação de que Roman e Peter vão se odiar e serão, do modo como acontece em séries, lados opostos de uma mesma história. Surpreendentemente aos poucos os dois começam a se aproximar, e decidem investigar juntos o assassinato da adolescente (até porque de certa forma ambos estão encrencados com esse crime). Uma amizade surge do improvável e, o que é mais legal, você realmente sente uma química entre os atores e mesmo quando o roteiro dá umas bolas foras eles conseguem segurar as pontas representando os dois garotos que eram solitários e que finalmente encontraram alguém com quem pudessem contar.

Aí começam a chegar os elementos sobrenaturais. Sim, logo de cara temos a confirmação de que os boatos não são infundados e Peter de fato é um lobisomem. Aliás, a cena de transformação até ficou legal (mas minha favorita ainda é a de Um Lobisomem Americano em Londres, pans), o que mais gostei é como encerra anos e anos de transformações mostrando ossos e pele se esticando de modo a formar um lobo, dando lugar para uma transformação que parece mais com um lobo saindo de dentro de um homem (olhos e dentes caindo no chão, pele sendo arrancada, etc.). Enfim, Peter é um lobisomem mas não é o único da região, e logo ficamos sabendo que quem está cometendo os assassinatos é um vargulf, termos que os ciganos usam para um lobisomem doente, enlouquecido. O bacana é que a existência de um vargulf não tira Peter do gancho: não há nada que possa confirmar que ele mesmo não seja o vargulf, então até os últimos episódios TODOS são realmente suspeitos em Hemlock Grove.

Até porque tão rápido quanto ficamos sabendo que Peter é mesmo lobisomem, logo notamos que há algo estranho com os Godfrey, especialmente Roman. Ele consegue hipnotizar pessoas com o olhar e parece ter uma tara meio bizarra com sangue (sim, há uma cena de sexo oral com uma garota menstruada. Eww!). Junta a+ b aí e você já tem uma vaga ideia do que pode ser o tal do upir que a família de Peter tanto diz que Roman é, embora a confirmação venha mesmo só no último episódio e de um jeito muito legal, também renovando o modo como ocorre a transformação.

Junte com isso a já mencionada Shelley, uma garota engravidada por um anjo, um cientista maluco e você pensa “Caramba, tem de tudo nessa cidade”. E o que é o melhor de Hemlock Grove é que mesmo com tantos elementos, ela não se perde. O foco dessa temporada é Peter e Roman do começo ao fim, e todos os eventos de certa forma acabam sendo relacionados aos dois. Gostei de como conseguiram manter mistérios até o fim, bem como a tensão. Sim, nós conseguimos descobrir a identidade do vargulf antes do desfecho (ou pelo menos antes de Peter e Roman), mas isso não estragou em nada a temporada: dá mais tensão ainda, acredite. Acho que pontos baixos para mim foram:

– A dr. Chasseur (mas ela foi um “mal necessário”, digamos assim, já que revelou o segredo de Olivia e deixou coisa para a segunda temporada)

– O bebê do anjo (não consegui ver uma real necessidade naquilo, parece que foi só para distrair nossa atenção, encher linguiça)

Fora isso, é tudo muito bem colocado. Gosto do xerife que não é o completo imbecil como normalmente acontece em séries assim (veja lá o Bellefleur de True Blood), o figurino da Olivia é tão lindo que você até dá um desconto pelo sotaque forçado da Famke Janssen, o ritmo é sempre rápido e sem episódios de encheção de linguiça, com tudo acontecendo por uma razão. O mais engraçado é que a sensação que dá é que season finale mesmo é o 12º episódio, e aí você pensa “Mas o que sobrou para o último?” e se dá conta que tinha muita coisa para responder ainda, e com as respostas novas perguntas para a segunda temporada. E então acaba de um jeito que você gostaria que o sistema do Netflix não fosse colocar uma temporada inteira, mas a série inteira de uma vez. Sério, se você não se empolgou muito com os três primeiros episódios, continua porque os finais fazem valer.

Considerações finais:

ATUALIZADO (29/04/2013): Tem uma HQ que funciona como prequel para a série. Achei bem ruinzinha, mas vale para quem está curioso sobre o passado dos Godfrey principalmente.

ATUALIZADO (23/05/2013): Netflix liberou três vídeos com bastidores da série, bem curtinhos mas bem legais.

ATUALIZADO (20/06/2013): Confirmada a segunda temporada de Hemlock Grove, serão 10 episódios para 2014.

11 comentários em “Hemlock Grove”

  1. Anica, venho assistindo o Netflix também! E feliz que estão chegando boas séries!

    Aliás tenho que fazer aqui uma confissão, uma vez escrevi aqui no seu blog falando que não gostava de e-readers, mas o fato é que comprei um IPad mini ( que ok, não é um e-reader, mas…), e como eu viajo bastante a trabalho acabei baixando uns 3 livros, pra não carregar um monte de coisa! Resultado, to amando, acesso a internet, assisto o Netflix nele, leio revistas e livros, tudo em um lugar só.

    Resultado: tenho conseguido ler bem mais, pq ele sempre está na minha bolsa, então onde quer que esteja já adianto a leitura! E para ler comendo então? Antes era a maior manobra para manter o livro na página certa enquanto comia!

    Adorei!

    1. Falei =] É só uma questão de começar a usar, aí não para mais. Eu ainda não me acostumei com o tablet (tento ver uma coisa ou outra do netflix, mas só), mas este ano quase todos os livros que estou lendo são no kindle ^^

    1. a frase ficou confusa mesmo, mas é uma lista de personagens que começa com shelley (que é um frankenstein), aí tem a letha (a grávida) e o cientista maluco (dr. pryce) ^^

      eu acho que o oroboros terá alguma relação com o fato de que o roman e o peter são parentes. o bebê abandonado da olivia foi criado como um cigano, então sobreviveu, provavelmente criando a linhagem dos godfrey. até faria sentido se imaginar o símbolo da cobra que morde o próprio rabo formando um círculo: olivia tem um filho, esse filho tem outros filhos, depois olivia tem um filho com o filho desses filhos. ok, essa frase ficou mais confusa do que a da shelley, mas acho que dá para captar a ideia =F

  2. O que me deixou pensando foi realmente o final (Dpois dos créditos finais ) que mostra o tumulo de Cristina Wendel, acho pode aparecer mais uma surpresa nessa historia ai. Por que pelo que eu me lembre em um episodio (não lembro qual) Peter fala que “Se não cortar a cabeça quando uma pessoa do povo dele morre, acontece alguma coisa…(para variar ruim) ” e como ela virou um deles por opção ‘-‘, e não vi ninguem cortando a Beça dela.. u.u entao acho q vem historia por ae :D!!

    Vamos ver se irei acertar 😛 kk ! Série Otima me surpreendeu, e gostaria de saber qual é a musica que quando o Peter está no carro no Ultimo Episodio toca 😀 quem souber da um help. vlw ;D

  3. Show mesmo a série! Fiquei maravilhada, assisti a temporada em 1 dia. Se você der uma olhada na historia mitologica do Upir, eles preferem a 1ª presa a criança e depois seus pais, e são mais sanguinarios que os vampiros, dai se tira o Roman no sexo oral com a garota menstruada e a Liv querendo que ele mate a criança!

  4. Olha eu compre o dvd da primeira temporada e comecei assistir, confesso que adorei assisti os 6 primeiros episodios e só não assisti todos ainda pq precisava dormir cedo. Logo logo vou terminar de assisti e já comprei a segunda temporada. Queria saber se a terceira temporada saiu em DVD, pois ainda não achei para comprar

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