O sentido (e a necessidade) de um fim

Comecei a assistir uma série de 1999 chamada Freaks & Geeks e gostei tanto, mas tanto, que já foram aí cinco episódios, em pouquíssimo tempo. Pretendo falar sobre ela mais além, mas hoje resolvi parar na grande pergunta que qualquer pessoa que também já viu Freaks & Geeks deve ter feito: por que diabos cancelaram a série com apenas um ano, já que ela é tão boa, tão legal, tão tão tão? Eu não sei quais eram os dados de audiência, se um número baixo influenciou a decisão (é o palpite mais provável, não?), mas de qualquer forma, não tem como não achar que foi injusto e que deveria ter durado muitas e muitas temporadas e não ser cancelado e come and play with us forever and ever and ever e…

Tá, Franco, me empolguei, foi mal.

Ok, acho que deu para ter uma ideia do que quero dizer. O fato é que não queremos que nossas séries favoritas acabem. Lembro aqui da primeira vez que aconteceu algo assim comigo: eu lá com meus 15, 16 anos, completamente apaixonada por Jordan Catalano Minha Vida de Cão, até descobrir que sim, as séries acabam assim, sem mais nem porquê. Dos tempos que ainda dependia da tv para assistir séries, lembro também de Jack & Jill, que eu tinha adorado mas que, bem, só um ano. E o que dizer quando você está lá virando canal na tv, assiste a um episódio de uma série, acha bacana e vai para o computador buscar mais informações, e aí descobre que ela foi cancelada? Aconteceu comigo com Accidentally on Purposeque também durou só um ano (há, vejo um padrão aqui). Então é isso, não queremos que acabe porque é bom. Por outro lado, pense aí em uma lista de séries que você abandonou porque começou muito bem mais depois de anos ficou ruim? Li notícia sobre o cancelamento de Dexter agora na oitava temporada e todos parecem ser unânimes “Já vai tarde”. Eu abandonei na terceira temporada, mas lembro que gostava muito. O que faz uma série ótima chegar ao ponto do “já vai tarde”? Bom, a resposta é óbvia: não saber quando é chegada a hora do fim.

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American Horror Story: Asylum

Quando começaram a sair as primeiras notícias sobre o que seria a segunda temporada de American Horror Story, confesso que senti um certo receio: o que ficou claro é que ela não seria uma continuação da primeira, as personagens não teriam nada a ver com o que vimos antes e um novo local seria o cenário para o horror. Logo fiquei sabendo que alguns atores da temporada anterior voltariam  (sem ter a menor ideia de como isso funcionaria), e que a segunda temporada seria ambientada em um hospício. Coloque aí nessa conta uma série de teasers beeeem “wtf?!” e pronto, curiosidade lá no topo.

Pois bem, toca aí o tema de abertura (assustador, mas ainda acho o da primeira temporada mais horripilante). Por desencargo de consciência vou já avisando que este post fala da segunda temporada como um todo, e portanto está cheio de spoilers, ok? Ok. Então vamos lá. Logo no primeiro episódio fica evidente o que é que eles tinham em mente: é como se cada temporada de  American Horror Story fosse uma nova série de terror estreando na tv. Ao entrar em Briarcliff logo fica evidente que agora as regras do jogo mudaram: esqueça as histórias de espíritos presos a uma casa, o horror agora é outro. Na realidade, outros: não se economiza em possibilidades de assustar: ets, médico louco, serial killer, freira sádica. De tudo, um pouco.

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Sherlock (BBC)

Acho que estava entre 1994 e 1995, então tinha 13, 14 anos e muito tempo livre. Tinha também já um certo gosto pela leitura, que minha mãe incentivava seguindo este acordo: uma vez por mês eu podia ir na livraria e escolher um livro para levar para casa. Não sei bem por quantos meses isso funcionou, mas sei bem de uma coleção de livros de Sir Arthur Conan Doyle que só consegui por causa desse acordo. Ficava esperando ansiosa até o próximo momento em que entraria na Ghignone da Praça Osório e levaria mais um livro com as aventuras de Sherlock Holmes.

Foi uma fase importante para mim, como leitora. Porque me apaixonei pela Inglaterra vitoriana descrita por Conan Doyle, e a partir disso quis ler mais livros desse período. Digamos assim: foi por causa dele que cheguei aos meus primeiros clássicos. E eis que passei um bom período completamente obcecada pela personagem. De ficar feliz de ter a sorte de gravar em uma fita vhs Dressed to Kill, com Basil Rathbone como Sherlock (e na minha cabeça ele sempre foi “o” Sherlock), por exemplo. Continue lendo “Sherlock (BBC)”

Being Human

Aquela história de sempre: vendo lá as opções de séries no Netflix, vi essa Being Human da BBC entre as opções, e achei que valia a pena dar uma conferida. Sim, é evidente que o que chamou minha atenção foi a palavra “vampiro” na sinopse, mas vá lá, a premissa é interessante: um vampiro (há!), um lobisomem e uma fantasma morando juntos e tentando se passar por humanos normais. Antes que você já comece a ter uma falsa impressão sobre a série, ela tem seus momentos engraçados mas não é comédia. Também ao contrário de muita coisa que tenha personagens sobrenaturais no enredo, ele não se sustenta em casos amorosos – embora é evidente que uma vez que se apaixonar é parte de “ser humano”, isso também aparece ali.

Aliás, chega a ser irônico como uma história com seres sobrenaturais consegue trazer um olhar tão atento à nossa condição, com o que temos de melhor e de pior. Cada uma das personagens busca algo diferente: Annie, a fantasma, nesta primeira temporada quer apenas resolver qualquer pendência que a esteja mantendo entre os vivos. George, o lobisomem, quer ser uma pessoa normal (e de preferência não causar mal algum nas noites de lua cheia, quando se transforma). Temos então o vampiro Mitchell, tentando sobreviver sem beber sangue humano.

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How I Met Your Mother S08E01 até S08E10

Eu sei, meu TOC jamais deixará passar batido: escrevi só sobre as duas primeiras temporadas e depois não voltei para falar das outras. E não é porque elas estivessem ruins, pelo contrário: estavam tão legais que eu ia engatando um episódio no outro e quando tentava escrever algo sobre a temporada x já fazia comentários sabendo de coisas da temporada y, e bem, não fazia muito sentido. Então deixei para falar da oitava mesmo, vamos esquecer que eu não deixei registros sobre momentos importantes como a morte do pai do Marshall ou o namoro da Robin com o Barney (e nem venha me xingar que são spoilers, você está lendo um post que indica que falarei sobre a oitava temporada, cheessus!).

Enfim, oitava temporada. Dia desses li um artigo bacaninha que comentava sobre como o Netflix pode fazer com que sejamos melhores escritores, e um dos argumentos do autor é que ver a série sem pausas dá uma visão mais ampla de continuidade, o que não acontece quando você acompanha com um episódio por semana, com todas aquelas pausas chatas (este ano já foram duas, uma por causa do furacão sandy, outra por causa do debate dos presidenciáveis lá dos EUA). Colando um no outro em uma espécie de maratona, você consegue observar coisas que passam batido, para o bem ou para o mal. Por exemplo, no episódio The Mermaid Theory (S06E11), Robin e Marshall se perguntam por que nunca saíram sozinhos antes. Mas na quarta temporada eles já tinham saído juntos, quando Marshall levou Robin para conhecer o bar que ele frequentava quando sentia saudades de casa. Assim: detalhes. Só que com a memória mais fresca (diferença de duas semanas e não de dois anos entre cada episódio), você consegue perceber.

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Música em True Blood

Já passaram aí 5 temporadas e acredito que qualquer um que acompanhe a série já deve ter reparado que True Blood tem uma relação bem forte com música. Ou vai dizer que você nunca percebeu que os títulos dos episódios são títulos de músicas? Eu percebi isso rápido, mas dava mais créditos pelas músicas bacanas que conhecia por conta da trilha sonora das propagandas anunciando temporadas novas (como Beyond Here Lies Nothin’, do comercial da segunda temporada, Fresh Blood da terceira e Future Starts Slow que eu juro que não lembro se era da quarta ou da quinta). Sabe aquela sensação de que mesmo que eles enfiem o pé na jaca e estraguem tudo, pelo menos valeu a pena por poder ter conhecido músicas que em outra situação eu provavelmente teria deixado passar batido.

Então, pensando nessa relação entre Música e True Blood, eu resolvi fazer um top5 de músicas de cada temporada, adicionando alguns comentários sobre a temporada em si. Para ouvir a música basta clicar nos links (e torcer para que os deuses da internetz não façam deles links quebrados no futuro). Vamos lá!

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X-Men (1992-1997)

Feriadão, vou dar aquela conferida básica no que chegou de novo no Netflix. E aí vejo que chegou X-Men, o desenho que eu mais adorava na minha adolescência! Caramba, foi total viagem no tempo, assisti quase toda a primeira temporada em uma noite só. Algumas frases eu ainda lembrava de cor (tipo o Gambit falando para a Jubileu que ela acabaria como a Tempestade… NA CAIXA hahaha). Aliás, fiz questão de ver a primeira temporada inteira com a dublagem – é a mesma de antes (inclusive descobri que o Seu Peru dublou o Dentes-de-sabre hahaha). Enfim, euforia euforia euforia, eu sei. Mas é que Esse desenho foi realmente muito importante para mim. Explico. Eu tive dois momentos de paixão por esse desenho: logo que conheci, quando eu tinha algo em torno de 13 anos e um pouco mais tarde, quando comecei a acompanhar na Fox (passava às 17hr) – lembro que eu e uma amiga corríamos para casa na hora dos X-Men. O engraçado é que apesar de adorar o desenho, não sei se por dificuldade em encontrar os gibis ou o que, eu só fui começar a ler X-Men em 1998, na época do cursinho.

Lembro até hoje o que me motivou a começar a comprar. Estava conversando com algum amigo aleatório do meu irmão na Rua 24 Horas (acho que estávamos matando aula no cursinho) e aí eu falei qualquer coisa sobre os X-Men e então ele comentou algo sobre a Psylocke (já fazendo piada sobre o fato de que nenhum personagem da Marvel fica morto por muito tempo). Fiquei curiosa e aí comprei a revista que anunciava o início da saga Massacre, comecei a ler e aí, pronto, garrei amorzinho. Lembro que o cursinho onde estudava ficava bem perto do centro histórico, onde tem uma penca de sebos – e lá que garimpei meus X-Men, a ponto de formar uma baita coleção. Fui conhecendo personagens, linhas de narrativa, eventos importantes – era como se eu tivesse lido X-Men desde sempre. E depois dos X-Men vieram outras paixões (inclusive uma época brinquei de desenhar heroínas peitudas nas apostilas do cursinho), e eu acho que se não fosse por eles, eu não teria conhecido coisa como Sandman, por exemplo (que aí sim, me puxou para um caminho sem volta para o amor pelos quadrinhos). Continue lendo “X-Men (1992-1997)”

True Blood S05E09 até Season Finale

Não tinha como ser diferente. Uma temporada tão ruim, com ideias boas jogadas fora e com ideias ruins ganhando cada vez mais tempo de tela, lógico que tinha que dar num season finale bizarro como o desse último domingo. Para falar bem a verdade, eu fico pensando aqui sobre o que vejo de True Blood desde a primeira temporada, e a sensação que tenho é que continuo assistindo não só por teimosia, mas por alguma esperança de que em algum momento eles conseguirão acertar a mão. Ok, a quinta temporada não foi tão ruim quanto a da Menade, mas o que conta negativamente aqui é que ela tinha tudo para ser uma das melhores, e agora está ali coladinha com a segunda como uma das piores.

Dois momentos  nesses quatro últimos episódios deram uma amostra do que True Blood poderia ter sido. Com a explosão da fábrica e aquela regra de criar novos vampiros, Bon Temps fica cheia de novos vampiros, todos loucos e morrendo de sede. Aí temos o primeiro momento, com Sookie abrindo a porta para o legista da cidade, e então descobre que agora ele é um vampiro. O outro momento, com Alcide e o pai no trailer, sendo atacados por um grupo de novos vampiros. Pegue essas duas cenas e pense, como a quinta temporada teria sido ótima se tivessem focado nisso, na cidade infestada de vampiros que não estavam mais se importando em manter as aparências (até porque não tinham como). O horror/a tensão que poderia ser criado/a a partir disso é algo equivalente ao Salem’s Lot do Stephen King. Mas horror/tensão para que, quando obviamente a série resolveu tender para a comédia?

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How I Met Your Mother (Segunda Temporada)

Então a segunda temporada começa com Ted finalmente namorando com Robin e Marshall e Lily separados. Como já tinha comentado no post sobre a primeira temporada, eu já fui atrás de alguns spoilers, e verdade seja dita não estava botando muita fé que iria gostar da segunda temporada (não, ainda não aceitei a ideia Robin/Barney, por mais que eu ache que ambos combinem, blé!). Mas ok, eu estava enganada. A segunda temporada foi de longe muito, mas muito mais divertida que a primeira. Em alguns momentos eu dava gargalhadas aqui em casa, tendo que me segurar para não acordar o Arthur, como quando Marshall dá o segundo tapão no Barney (tenho certeza que essa cena deve estar entre as favoritas de muitos fãs da série).

Acho que o principal motivo de a segunda temporada ser melhor do que a primeira é que tanto os roteiristas quando o público já estão acostumados com as personagens. Elas já nos foram apresentadas, já conhecemos suas principais características, então as cenas de humor podem ser construídas sem perder muito tempo dizendo “ei, vejam, isso é engraçado porque a personagem jamais faria algo assim” ou algo que o valha. Mas ao mesmo tempo vamos conhecendo um pouco mais deles, como o passado de Robin, ou o trabalho de Ted. E o legal é que aí cai naquela questão que já ouvi muita gente falando e com a qual concordo: ok, lógico que rola curiosidade em saber quem é a mãe. Mas esse não é o foco da série, ela não depende desse mistério – tanto que vários episódios mal tinham relação com a “mãe” (aqui provavelmente porque Ted e Robin estavam namorando).

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How I Met Your Mother (Primeira Temporada)

Então que fazia tempo que eu ouvia falar de How I Met Your Mother (bota tempo nisso, a série está no ar desde 2005), mas eu sempre acabava me enrolando e nunca assistia. Aí surgiu a oportunidade e fui dar uma conferida para pelo menos saber como era, embora na minha cabeça passar sete anos contando para os filhos como foi que você conheceu a mãe deles parece meio que espichar demais a manteiga no pão, mas ok, vamos lá. Primeiro episódio você assiste achando o Ted cute,  aí continua para ver o que acontecerá após ele dizer “Eu te amo” no primeiro encontro, então de repente você acha o Barney hilário, aí acha fofinho Lily e Marshall e quando percebe já está completamente fisgado e já assistiu todos os 22 episódios da primeira temporada.

Confesso que no começo achava que quem carregava nas costas o programa era o Barney, ele estava sempre ali nos melhores momentos de cada episódio, e as risadas tinham sempre alguma coisa a ver com ele. Mas aos poucos as outras personagens vão conquistando (especialmente Marshall, é muito nhóóóuuum mesmo) e aí até dá para entender porque algumas pessoas continuaram assistindo à série mesmo depois que Ted chegue até a sétima temporada sem ter respondido quem é a mãe dos meninos. Histórias paralelas vão sendo criadas, embora o foco continue sendo a busca de Ted pela garota dos sonhos, como a ida de Lily para a casa dos pais de Marshall (ótimo episódio) ou mesmo a história de como o Barney ficou tosco do jeito que é.

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