Como me tornei estúpido (Martin Page)

Há tempos ouço falar de Como me tornei estúpido do francês Martin Page. Pela premissa (jovem decide se tornar estúpido, como o título indica) eu já tinha mais ou menos ideia do que encontraria, mas mesmo assim minha surpresa com esse livro foi enorme, e muito positiva. Enquanto lia a história de Antoine ficava pensando “Por favor, que o Page já tenha escrito mais coisas porque depois desse vou querer ler mais!”. Tudo é cativante. O jeito de contar a história, as sacadas geniais de Page, o protagonista… É daqueles casos em que o único aspecto negativo que você pode encontrar para o livro é o fato de ele ser muito curto (só 158 páginas, em um formato quase do tamanho de livro de bolso).

Em Como me tornei estúpido temos Antoine, um rapaz de seus vinte e tantos anos que se dá conta que é infeliz por causa de seu senso crítico e inteligência. A primeira saída que encontra para o problema é o alcoolismo – esse momento é o que Page usa para já alertar o leitor que seu livro é cheio de humor, e principalmente humor nonsense: Antoine não consegue se tornar alcoólatra porque com meio copo de cerveja já entra em coma. Ele busca então o suicídio, e um curso para tal, mas logo acaba deixando de lado a ideia. É aí que começa o projeto de se tornar estúpido.

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American Horror Story: Pilot

Aquela coisa, quando o assunto é horror eu não preciso de muitos argumentos para pelo menos dar uma conferida. Mas American Horror Story tinha algo que eu gosto muito nesse gênero, história de casa mal assombrada. Então fiquei acompanhando uma notícia aqui, outra acolá, vejo um trailerzinho aqui e vou me animando, até que o primeiro episódio finalmente foi ao ar e pude conferir. E sim, gostei do que vi. Dá para desenvolver mais, mas do Piloto dá para dizer que a série tem bastante potencial.

O foco aqui é a casa para onde uma família muda, tentando deixar o passado para trás. Saindo de Boston para Los Angeles, a família Harmon já tem na bagagem um filho morto e um caso de traição que envolveu a mulher vendo o marido com a amante na própria casa. E quando eles pensam que vão encontrar a paz que precisam para reconstruir as próprias vidas, descobrem que na verdade chegaram em uma casa que tem sua própria bagagem. Continue lendo “American Horror Story: Pilot”

Por que não sou cristão (Bertrand Russell)

O britânico Bertrand Russell foi já em vida reconhecido não só por seu raciocínio lógico, mas também pela defesa da liberdade de pensamento, tanto que em 1950 ganhou o prêmio Nobel “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento”. É talvez que justamente por conta desses aspectos de seu trabalho que Por que não sou cristão mereça uma leitura mesmo daqueles que o são, sem preconceitos religiosos ou não, apenas vendo como pensa “o outro lado”.

Em uma coletânea de 14 ensaios envolvendo principalmente religião, Russell mostra de forma clara sua visão a respeito do que é crer e dos motivos pelos quais ele não crê. Em alguns momentos, talvez até mesmo pelo senso de humor e simplicidade com o qual discursa sobre tema tão complexo, ele lembre bastante os artigos de Richard Dawkins, biólogo famoso por suas duras críticas às religiões. Mas não achem que por Russell ter sido um filósofo Por que não sou cristão trata-se de um livro apenas para iniciados, qualquer um com um mínimo de curiosidade sobre o assunto pode acompanhar muito bem os ensaios de Russell.

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Dylan Dog e as criaturas da noite

Verdade seja dita, já tem um bom tempo que não leio quadrinhos. Mas posso falar com toda certeza que uma das últimas vezes que me empolguei com um título foi quando descobri Dylan Dog, os primeiros que li saíram pela Conrad, e depois acompanhei a série pela Mythos. Tinha algo nas histórias do “detetive do pesadelo” que realmente me agradavam, aquela boa e velha mistura de horror com humor, não tinha como eu não gostar. Mas aí pararam de publicar e eu larguei mão, acho que meu último contato foi com o filme Dellamorte Dellamore, que é “baseado” no Dylan Dog mas não exatamente uma adaptação.

E aí chegou a notícia de Dylan Dog: Dead of Night, adaptação meeeeesmo do meu personagem do coração. Eu desde o começo estava um pouco cética, até porque nas primeiras informações já se sabia que personagens como o Groucho não estariam no filme (e desculpem, eu adoro o Groucho e acho que faz falta sim). Mas tudo bem, de qualquer forma eu tinha que conferir, até porque ao ver o trailer eu tinha ficado bem curiosa e até com alguma esperança de que não fosse de todo ruim.

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Supernatural S07E02: Hello Cruel World

Ótimo segundo episódio. Mesmo. Se Supernatural seguir assim, dá até para esquecer que existiu aquela desastrosa sexta temporada e continuar assistindo a série na boa, porque Hello Cruel World (S07E02) não deve nada para os melhores momentos das boas temporadas de Supernatural. Como eu já tinha comentado no post sobre o Season Finale, o fato de Sam ter começado a lembrar do que passou no inferno seria melhor explorado agora no sétimo ano, e de fato está acontecendo: o foco principal deste episódio foi o fato de Sam não conseguir distinguir o que era real ou apenas alucinação.

E a ideia é excelente, porque joga muito bem com a hora em que não se sabe reconhecer a realidade. As alucinações de Sam envolvem Lucifer revelando para ele que ele nunca deixou o inferno, e Sam acredita nisso, passando a achar que sua vida com Dean e Bobby é que é uma ilusão. Chega a dar agonia nas horas em que Dean está falando com ele e ao mesmo tempo Lucifer também está, deixando Sam cada vez mais confuso.

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Zuckerman Acorrentado (Philip Roth)

O escritor norte-americano Philip Roth é dito por muitas pessoas como um dos melhores de seu país atualmente – já ganhou prêmios como o Man Booker e o Pulitzer para reforçar essa ideia. Por conta de suas origens, um tema constante em sua obra é a questão da identidade dos judeus nos Estados Unidos, o que pode ser visto em muitas de suas obras, como por exemplo Nêmesis, que ganhou tradução recentemente pela Companhia das Letras. No mesmo mês foi lançado também pela série listrada a coletânea Zuckerman Acorrentado, que conta com três romances e uma novela envolvendo a personagem Nathan Zuckerman, considerado o alter ego do escritor.

Nesta coletânea, talvez até por termos Zuckerman em cena a questão da identidade do judeu abre espaço para uma combinação entre essa mais a questão da identidade do escritor. O quanto da vida de alguém que vive da escrita está refletido em suas obras, de como por pertencer a um determinado grupo social o autor acaba carregando consigo uma espécie de obrigação em falar de seu povo, e mais – falar bem. São essas as questões que tomam conta de Zuckerman Acorrentado, alinhavando os três romances e o que é considerado seu epílogo. Continue lendo “Zuckerman Acorrentado (Philip Roth)”

Por uns bytes de memória

O Kabral postou no twitter hoje cedo, achei tão legal que quis deixar aqui no Hellfire para não esquecer. Muito bacana. Nostálgicos dos tempos da internet pré-ano 2000, duvido que leiam e não se emocionem!

X-Men: First Class

Tem três meses que não assisto filme algum (o último foi o ótim Meia Noite em Paris). E bem, eu poderia dizer que é porque agora sou mãe e tenho filho para cuidar, mas a verdade é que o Tuco é um anjo que me dá tempo para minhas coisas (tanto que assisto minhas séries e leio meus livros na boa). Mas aí vem o cinema e eu vejo as opções das novidades e bleargh, não dá vontade alguma de assistir. E vou dizer na maior cara de pau que a vida não está fácil para quem costumava piratear, não. Você tem que esperar um bom tempo até que chegue uma versão de qualidade para ver. E aí no final das contas tudo vai ficando para depois e eu não assisto nadica.

Mas então chegou uma versão boa de X-Men: First Class e eu fui lá matar minha curiosidade mórbida. Porque né, pelo menos considerando imagens da produção, sinopse e afins, não dava para pensar de forma muito positiva sobre o que viria ali. Entretanto, me conte: você tem horror a sangue, vai gastar minutos preciosos da sua vida com filme de horror só para falar mal depois? Não né. Aí vale o mesmo par aos fãs xiitas de x-men. Não adianta dizer qual era a primeira formação do grupo, que algumas situações ali seriam improváveis nas HQs, etc. etc. etc. O que você pode fazer é pensar que trata-se de um “E se…” versão cinematográfica e se divertir. Foi o que eu fiz.

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A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (Washington Irving)

Lançada no primeiro semestre deste ano, a coleção Eternamente Clássicos das editoras Leya e Barba Negra buscam trazer ao público histórias que são bastante conhecidas, já fazendo parte do nosso imaginário coletivo, ganhando adaptações para as mais diversas mídias. O primeiro título foi O Mágico de Oz, e recentemente foi lançado o segundo, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, do norte-americano Washington Irving.

A escolha do conto de Irving para a coleção é de fato bastante acertada, considerando sua proposta. Eu, por exemplo, já conhecia a história da Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça de cor, embora nunca a tenha lido. E isso por quê? Por causa das diversas adaptações, incluindo aí até uma feita pela Disney (eu não encontrei no Youtube, mas tenho certeza que quando criança assisti uma em que o Pateta fazia o papel do professor Crane), ou uma da década de 90, feita por Tim Burton.

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Supernatural S07E01: Meet the New Boss

Há, mas eu sou uma teimosa mesmo. Passei a sexta temporada quase inteira só reclamando, reclamando e reclamando, mas cá estou eu, dando uma conferida no primeiro episódio da sétima temporada, Meet the New Boss (S07E01). Verdade seja dita, eu estava curiosa para saber o que fariam com Castiel como Deus (ou pelo menos com os poderes de um deus), achava realmente que ele seria o antagonista (ou chefão, hehe) desta temporada, mas ali pela metade do episódio já dá para perceber que resolveram tomar um rumo diferente.

Resumo da ópera: não foi tão bom quanto Supernatural de antigamente (hehehe papo de velho, quem vê pensa que tá há 30 anos no ar), mas decididamente foi melhor do que toda a sexta temporada, acho. Para começar, aquilo que eu mais gosto na série, o equilíbrio entre o cômico e a tensão, sem muito tempo de mimimi entre Winchester e personagens aleatórios chatos como a Lisa (que por favor, continue fora da trama em definitivo). Na realidade, já chegaram apostando todas as fichas nas personagens mais carismáticas das temporadas anteriores, Morte, Crowley e Lucifer. Boa!

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