Daquela coisa que dá de tempos em tempos

Então que nos últimos dias tenho pensado em acabar com o Hellfire. Assim, sem drama – só tornar oficial uma coisa que já tem acontecido. A verdade é que eu me fiz em mil pedaços (pra você juntaaaaaarops, ok, sem Legião), e acabou que o Hellfire mesmo perdeu um pouco da razão de ser. Falo dos livros que leio lá no Meia Palavra, sobre zumbis no Ministry of Zombie Walks (ok, esse está mortão, coitado), compartilho referências sobre filmes, músicas e livros que gosto lá no meu Tumblr, falo sobre a vida o universo e tudo o mais no Twitter

Aí chega aqui no Hellfire e eu meio que só falo das séries e dos (poucos) filmes que estou vendo, além de caradepaumente copiar e colar post do Meia Palavra. Eu não tenho mais vontade de comentar as coisas como tinha antes, não fico mais pensando no que daria um bom post, enfim, perdi a vontade de escrever aqui.

Sei que já me despedi uma penca de vezes e voltei logo depois, e de repente esta é só mais uma dessas outras vezes. Mas fica aqui pelo menos a explicação do motivo pelo qual não tenho atualizado tão constantemente o blog. Enfim, é isso. Os links de onde me encontrar já estão no primeiro parágrafo do post, tchans.

The Paris Wife (Paula McLain)

Muito bem posicionado em listas dos mais vendidos lá fora, The Paris Wife de Paula McLain vem com uma proposta bem interessante: narrar a história de Ernest Hemingway e outras figuras da dita “Geração Perdida” que viveu em Paris na década de 20, sob o ponto de vista da primeira esposa do escritor norte americano, Hadley. De certa maneira, acredito que muito do sucesso do livro tenha acontecido por conta do lançamento do filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, que criou um grande interesse por parte do público sobre os grandes nomes das artes que circulavam por Paris naqueles tempos.

E digo isso porque o livro por si só não explica o fato de ele estar entre os mais vendidos. É uma ótima ideia, porém muito, muito mal executada. O começo ainda passa alguma impressão de que será uma leitura que valerá a pena – Hadley, a narradora, avisa de antemão que não trata-se de um livro de mistério, construído de modo a descobrir quem será a segunda esposa de Hemingway (Pauline, uma amiga de Hadley que conhece o escritor em Paris). A franqueza da narradora conquista o leitor, o problema é que a atenção logo é perdida com devaneios completamente desnecessários para a narrativa. Continue lendo “The Paris Wife (Paula McLain)”

House S08E03, S08E04 e S08E05

É engraçado isso, quando uma série que você já nem estava mais botando tanta fé e até torcia para que chegasse logo ao fim de repente começa a ficar boa de novo. Aí você já pensa “Será que já foi tudo o que tinha para ser, não tem mais nada aí? Está tão legal, poderia se esticar mais um ano”. O engraçado disso é que quando entramos nesse pensamento de “dar mais”, a consequência é óbvia: ela acabará por baixo, quando já não tem mais nada para oferecer. Então digo desde já que mesmo que a oitava temporada de House esteja tão boa (melhor do que as duas últimas com certeza), eu espero de verdade que essa seja a última temporada, para acabar no alto – e que as lembranças da série sejam sempre boas.

A decisão de trazer Odette Annable e Charlyne Yi foi muito acertada. As atrizes dão conta de personagens que são ótimas, e trazem algo de novo nas relações com House. Jessica (Annabele) ainda não sabe muito bem quais são os limites do doutor, e vai conhecendo aos poucos. Já Park (Yi) parece não endeusá-lo como quase 100% das personagens do hospital. Além disso, mais uma novidade, as dificuldades de House para a temporada não foram resolvidas de imediato – ele levou quatro episódios para conseguir o departamento de diagnósticos de volta, contratar Chase, Taub e Jessica.

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Os gatos (Patricia Highsmith)

É certo que gatos não são exatamente uma unanimidade. Tem o time dos que dizem preferir cachorros, ou que simplesmente não gostam do estilo extremamente independente do bichano. Eu, gateira que sou, não consigo compreender quem não goste – compreendo sim, quem prefira cachorros, tenho certeza de que se pudesse ter urso panda em casa eles seriam meus animais de estimação favoritos. E se você é alguém que prefere cachorros aos gatos deve, num exercício de empatia, compreender a relação dos que preferem gatos como seus bichanos, não é mesmo?

É essa relação que fica evidente no livro Os gatos, de Patricia Highsmith. Como o título já anuncia, é um livro de uma gateira para gateiros. Somente alguém que aprecia tanto os bichanos poderia publicar uma obra que consiste em três contos, três poemas e um ensaio cujo tema principal (ou, no caso dos contos, personagem principal) são os gatos. O carinho da autora por esses bichos é claro, até porque o que se vê nas páginas do livro são reflexos de quem observa e convive com eles. E é por isso que certamente agradará muito aqueles que também gostam de gatos.

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As Esganadas (Jô Soares)

Você já deve ter passado por isso em algum momento: depois de anos reencontra um amigo, no começo fica achando que não terão muito assunto porque afinal, faz tempo que vocês não se veem. Mas mal começam a conversar e a sensação que tem é que não passaram mais do que um dia sem se encontrar, tamanha a familiaridade entre vocês. Digo isso porque foi mais ou menos o que senti ao ter em mãos As Esganadas, novo romance de Jô Soares.

Tem mais de 15 anos da última vez que li algo do Jô, no caso foi O Xangô de Baker Street, que trazia Sherlock Holmes para o Brasil em uma história muito divertida. No caso de As Esganadas, não foi preciso ler muitas páginas para ter aquela (boa) sensação de reencontro, o Jô Soares que eu tinha conhecido tanto tempo antes estava ali novamente, em uma fórmula até bem semelhante ao do primeiro romance dele, com um crime e bastante humor, usando como recorte algum período histórico e algumas personagens emprestadas da ficção e da própria História.

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American Horror Story S01E04 e S01E05

Uou. Não poderia imaginar que usariam tão bem um feriado de Halloween para um par de episódios em American Horror Story. Sim, sim, era previsível que eles combinariam o tempo da série com o tempo real, ajustando o calendário para fazer uma história acontecendo no Halloween. A questão não é essa. O que me surpreendeu é como fizeram isso. Muito, muito bom. Especialmente a primeira parte (S01E04), que no final das contas explica como funcionam as coisas no universo de American Horror Story, o que é muito importante para desenvolver a tensão.

A ideia é de que no Halloween os mortos andam por aí – ok, é exatamente o que se diz sobre o Halloween. Mas imagine o que isso significa na casa dos Harmon. A primeira parte tem um ritmo frenético, com muita coisa acontecendo, é daqueles que quando acaba você fica de olhos arregalados e morrendo de vontade de saber o que virá a seguir. Além disso, alguns elementos importantes para a “mitologia” da série foram inclusos nesse episódio. Continue lendo “American Horror Story S01E04 e S01E05”

O Cemitério de Praga (Umberto Eco)

Os Protocolos dos Sábios de Sião são tidos hoje em dia como uma fraude, esteve presente em alguns pontos importantes da história desde que surgiu. Foi utilizado pela polícia secreta do Czar Nicolau II (como modo de reforçar a posição desse) e anos depois por Adolf Hitler, para justificar a perseguição aos judeus. O texto é uma espécie de ata de uma assembléia na qual judeus e maçons se encontram para planejar a dominação mundial, através do acúmulo de riquezas, entre outras metas. A questão é que a autoria dos Protocolos é bastante nebulosa: não se sabe ao certo quem escreveu, até porque para alguns parte do documento é cópia de outros escritos, sendo adicionado ao texto o elemento antissemita.

O que Umberto Eco faz com seu O Cemitério de Praga (lançado no Brasil pela Editora Record) é criar um romance usando como premissa justamente esse caráter misterioso e tom de teoria de conspiração que envolve Os Protocolos dos Sábios de Sião. É por si só um prato cheio para uma excelente trama, que não deve nada para aqueles que gostam de histórias que envolvam complôs, espionagens e outros elementos de narrativas similares.

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Supernatural S07E05 e S07E06

Você tem noção de que uma série já deu o que tinha para dar quando começa a apelar para alguns recursos para “encher linguiça” em uma temporada de 20 e tantos episódios, digamos assim. No episódio anterior comentei do problema que eles simplesmente esqueceram de mencionar os leviatãs, aí no quinto fizeram exatamente o que eu tinha sugerido: colocar só um pouco do episódio mostrando que sim, eles continuam buscando os Winchester. O problema do quinto episódio (Shut up, Dr. Phil) é que embora ele tenha sido bom, ele tem um dos sintomas de que Supernatural tem que acabar esse ano.

Eles pegaram atores de uma antiga série conhecida (no caso duas, Buffy e Angel) e colocaram como personagens na história, que foi mais engraçada do que qualquer coisa. Os atores são James “Spike” Marsters e Charisma “Cordelia” Carpenter. É o tipo de coisa que tenta atrair a audiência dos fãs da série antiga, de modo a dar uma infladinha no número de telespectadores. Eu teria ficado muito brava se fizessem isso e o episódio fosse ruim, mas vá lá, foi engraçado a história com o casal de bruxos cheio de poderes em crises. Os Winchester não fizeram nada se for pensar bem, os show foi realmente do Marsters e da Carpenter.

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O vendedor de armas (Hugh Laurie)

Thomas Lang (protagonista e narrador do primeiro romance do britânico Hugh Laurie) entrega logo de cara o que O vendedor de armas tem a oferecer: um punhado de ação, recheado de comentários ácidos sobre as pessoas e sobre si mesmo. Contratado para assassinar um homem, ele recusa a proposta e segue avisar essa pessoa que sua cabeça está a prêmio: é aí que começa a se envolver em um caso que tem até a CIA e o Ministério da Defesa britânico, para se ter uma ideia. O livro parece prometer muito, mas logo nos primeiros capítulos já começa a decepcionar.

O maior problema talvez seja abuso do uso do recurso de reviravolta. São tantas aos longos das páginas que chega uma hora que você até se perde – não consegue confiar em nada nem ninguém e meio que continua lendo só para saber no que vai dar. Até porque o excesso de reviravolta acaba já preparando o leitor, que lá pela metade do livro já sabe que “lá vem mais uma” – mas ao contrário dos bons livros que dão vontade de continuar lendo, até pela curiosidade, as ditas “reviravoltas” são tão simplórias que não atraem.

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American Horror Story S01E02 e S01E03

Agora com 3 episódios dos 13 previstos para essa temporada, já dá para ter uma ideia melhor de como será a estrutura básica de American Horror Story. O passado assustador da casa se mesclará com o presente cheio de conflitos da família Harmon, com pouco mistério sendo incluído na trama de modo a não complicar um caldo que pode render já com a premissa inicial. Trocando em miúdos: a ideia é contar pequenas histórias de horror, uma por episódio, usando a família como pretexto, não como o foco principal. O foco é a casa.

E a casa com seus quase 100 anos de histórias horripilantes tem muito e muito para oferecer – pelo menos para fechar uma ótima temporada e acho que talvez até uma segunda. É só ver o caso de Home Invasion (S01E02), em que uma história do fim da década de 60 (quando a casa aparentemente funcionou como uma fraternidade) acaba surgindo com a chegada de um grupo que gosta de copiar assassinatos famosos. Foi um episódio muito bem sacado, e rendeu alguns bons sustos – isso que, só para variar, eu não tinha assistido à noite.

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