O Palácio de Inverno (John Boyne)

Em uma noite de 1918, o Czar Nicolau II e sua família foram brutalmente assassinados pelos bolcheviques na Casa Ipatiev. A tragédia que marcou o fim de uma era para os russos sempre foi cercada de mistérios, baseados principalmente no fato de que quando realizada a exumação dos corpos, faltavam dois Romanovs – que muitos supunham ser os filhos do Czar: Alexei (herdeiro direto do trono) e Anastácia. Por anos especulou-se sobre o que poderia ter acontecido com os dois e, mais ainda, o que de fato ocorre naquela noite. Com O Palácio de Inverno John Boyne nos oferece o ponto de vista de um empregado do Czar, alguém comum narrando os fatos daqueles tempos e seus desdobramentos.

Boyne foi extremamente competente na tarefa de prender a atenção do leitor usando duas fórmulas já bem conhecidas tanto no cinema quanto na literatura: a primeira é a do homem comum vivendo situações extraordinárias. Geórgui, o empregado do Czar, era um simples camponês antes de mudar-se para o Palácio de Inverno (que dá o título da edição brasileira do livro). A segunda é de começar com a história já na velhice do protagonista, mostrando antecipadamente o fim – isso causa empatia imediata, o leitor quer saber como ele chegou naquele momento, o que obviamente se revela aos poucos.

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Slam (Nick Hornby)

O bom de já estar familiarizado com o estilo de um escritor (e bem, o fato de ele não variar muito esse estilo) é que não tem muito erro na hora de comprar o livro. Você sabe que completamente insatisfeito com a leitura você não se sentirá. Então, quando estou com vontade de ler algo sem querer me arriscar, normalmente procuro por Nick Hornby, que mesmo em seus piores momentos ainda é legal. Foi por isso que finalmente dei uma chance para Slam, publicado lá fora em 2007.

Digo “finalmente dar uma chance” porque como fã de Hornby, eu geralmente compro o título novo assim que chega nas livrarias. Mas o enredo de Slam me pareceu meio bobo, então foi a primeira vez que adiei uma leitura do autor. A história tem como base gravidez na adolescência, e o narrador-protagonista (figura típica nas histórias de Hornby) é um rapaz ali na casa dos 16 anos, apaixonado por skate e que costuma conversar com um pôster do skatista Tony Hawk. Continue lendo “Slam (Nick Hornby)”

Supernatural S06E11 e S06E12

Êta série mais esquizofrênica! Um episódio legal e você pensa que finalmente a temporada deslanchou, aí vem outro que lembra os piores momentos das temporadas anteriores. Tá começando a ficar difícil defender Supernatural, a série está realmente caindo naquele lugar das que tanto faz, não se perde nada se deixar de assistir para acompanhar alguma outra. Pelo menos se continuar essa irregularidade do roteiro, que acaba se refletindo inclusive nas atuações.

Veja o Dean, por exemplo. Sim, ele é meu personagem favorito muito embora o Castiel chute bundas. De qualquer modo, tomemos o Dean como exemplo. Começou a sexta temporada e ele estava simplesmente chato, como se o que acontecera no seu passado e a vida que levasse tivesse feito ele envelhecer centenas de anos. Ele ficou ranzinza, sério e bastante propenso à DRs. Enfim, um saco. Aí uns episódios mais para frente voltamos a ver o Dean como era nos melhores momentos, tirando sarro das pessoas mesmo quando em uma situação difícil.

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Better World Books

Mesmo sendo uma compradora compulsiva de livros, eu ainda não tinha ouvido falar da Better World Books. Foi através do twitter que o @xerxenesky contou que a loja estava com frete grátis para o Brasil e resolvi ir conhecer. Como sempre faço quando é a primeira compra em um site, escolhi apenas dois títulos razoavelmente em conta, para o caso de algo dar errado eu não ter um prejuízo tão grande. No caso, foram A Universal History of The Destruction of Books (Fernando Baéz) e The Book of Lost Books (Stuart Kelly), que já queria ler há algum tempo mas estavam meio caros aqui no Brasil.

A Better World vende livros novos e usados, e por ter parcerias e contatos com livrarias de universidades acaba conseguindo o preço baixo. O bacana é que parte do valor da venda dos livros é revertido para um “fundo de leitura”, que leva livros para comunidades carentes. A preocupação da loja é mais do que social, eles chegam até a tomar cuidado sobre a liberação de carbono no serviço de entrega (imagine!).

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O fio das missangas (Mia Couto)

O lado negativo de gostar muito de uma forma de narrativa é que o leitor faz dela sempre sua primeira opção de leitura. E aí, anos e anos depois, começa a encontrar dificuldade em se surpreender. O prazer da boa leitura ainda está lá, alguns textos são de fato excelentes. Mas falta aquele “algo a mais” que te faz pensar “Como é que não conheci esse escritor antes?”. Foi justamente o que aconteceu comigo ao ler O fio das missangas, de Mia Couto. Gosto muito de contos, mas a verdade é que há tempos não sentia essa sensação de descoberta, da inclusão de mais um nome da lista de favoritos de todos os tempos.

A prosa de Couto é quase poesia. Nem tanto pelo ritmo, mais pelas imagens que evoca – o fantástico no cotidiano apresentado de maneira leve, suave. Muito cabe à interpretação do leitor, somada a verdadeiros quadros-ideias. Trata-se de algo que normalmente escritores só conseguem em um poema, como dá para ver na abertura do conto Inundação: Continue lendo “O fio das missangas (Mia Couto)”

The Guritles

Eu já disse mais de uma vez aqui que quando o assunto é video na internet, eu sou tipo marido traído, sempre a última a ficar sabendo. Então quando posto algo assim no Hellfire nem é com pretensões de divulgar para outras pessoas (que certamente já assistiram), mas mais para manter registro mesmo, há. Hoje cedo vi The Guritles e achei muito batuta e resolvi colocar aqui. Queria um desses versão curitibana, tipo The piátles, hehehe
Direção de Marcelo Monegal e Lucio Dorfman, da DM Arts Produtora.

Agora aos comerciais (ou: Sobre o Megadodo)

A história é assim: Hellfire estava no Blogspot, aí o Fábio descobriu “essa ferramenta nova chamada WordPress” e insistiu que eu tinha por a + b que mudar o Hellfire para um servidor próprio, usando o tal do WordPress. Eu disse que não, não e não e ele foi lá e migrou por conta própria, hospedando no servidor da Valinor para mostrar como era legal. E ok, funcionou, estou por aqui desde novembro de 2005, pagando o www.anica.com.br todo ano e não me arrependo da mudança, o WordPress é realmente melhor do que o Blogspot, e ter o WordPress em servidor próprio é ainda melhor, já que posso colocar todas as quinquilharias que der na minha telha.

Salto no tempo, vamos para novembro de 2007. Como pode perceber, o Fábio fica muito pró-ativo em novembro. Então eu comento com ele por cima sobre a ideia de um fórum sobre literatura, mas fico naquela de “deixa pra lá, nem vale a pena”. Ele bota fé, encontra o MyBB, um sistema parecido com o que utilizávamos na Valinor, mas de graça e pans, bota o Meia Palavra no ar para mim. E desde 2007 pago o www.meiapalavra.com.br bonitinho, e não só não me arrependo como sempre serei grata ao Fábio por ter acreditado e colocado a coisa para funcionar quando eu estava quase abandonando o projeto. Sem ele, nem o blog existiria.

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Never let me go (Kazuo Ishiguro)

Aqui eu vou ter que pedir que quem não leu o livro confie em mim e vá ler antes de continuar lendo esse post. Porque ao contrário do que aconteceu com Pequena Abelha, no caso de Never Let Me Go de Kazuo Ishiguro (publicado no Brasil pela Companhia das Letras como Não me abandone jamais) quanto menos você souber sobre o livro melhor. MESMO. Parte do que me fez gostar tanto do livro foi poder me surpreender com a história, mas infelizmente para comentá-lo terei que expor o enredo. Então vá atrás de Never Let Me Go (não vale roubar e assistir ao filme, heim!) e depois volte aqui.

Então que era tanta gente lendo aqui e acolá, comentando sobre o filme e tudo o mais que resolvi conhecer a obra de Ishiguro. Como sempre faço antes de comprar qualquer livro, dei uma olhada em sinopses para saber do que se tratava. Todas que li falavam a mesma coisa: três amigos que cresceram em um internato quando adultos precisam lidar com a realidade que terão que encarar. A narrativa é dividida em três momentos, sendo o primeiro o que descreve a infância desses três amigos: Kathy (a narradora), Tommy e Ruth.

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