Livro de papel x livro digital

Telas! Eu odeio telas!

Então, há tempos que estou matutando sobre isso, mas pensava que seria dizer o óbvio, então largava o rascunho na lixeira. Até que hoje cedo li esta matéria na Folha: Espírito crítico empobrecerá sem o livro de papel, diz Vargas Llosa. Afirma Llosa que “O espírito crítico, que sempre foi algo que resultou das ideias contidas nos livros de papel, poderá se empobrecer extraordinariamente se as telas acabarem por enterrar os livros“. Vamos partir do princípio que o texto é bem vago e não fala especificamente de e-readers e tablets mas de “telas”, mas uma vez que ele insiste bastante no termo “livro de papel”, acredito que esteja sim se referindo às novas formas de ler um livro ou seja, a boa e velha discussão sobre livros de papel e livro digital.

Llosa continua: “Estou convencido de que a literatura que se escreverá exclusivamente para as telas será uma literatura muito mais superficial, de puro entretenimento e conformista“. Eu não sei sobre você, mas eu fiquei com a nítida impressão de que ele não faz a menor ideia do que está falando (pelo menos no caso da tecnologia). Sabe, parece que é daqueles que ainda acham que há um ser contra ou a favor dos livros digitais, como quem veste camisa com um kindle estampado para num jogo qualquer decidir qual será o meio utilizado pelas pessoas para ler. Não, não é por aí. Já começa que não acredito que livros digitais substituirão livros de papel, eles trabalham de forma complementar. Talvez os “profetas” que anunciam o fim do livro de papel tenham em mente a chegada do dvd substituindo as fitas de video cassete, não sei. Se for esse o caso, acho que vale lembrar que não há um “aparelho” para decodificar o livro que não seja o próprio leitor, então onde existir alguém que saiba ler, o livro de papel terá sua função. Outra coisa é que houve uma real melhora na qualidade da imagem e de som do vhs para o dvd, mas no caso do livro de papel para o e-reader, bem, o que importa é o que está escrito, e não como você lê.

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Só para deixar registrado

(Seguindo a mesma ideia deste post aqui e deste outro aquivamos lá para alguns comentários aleatórios sobre os filmes que tenho assistido)

Caindo na real (Reality Bites, 1994): Não me julgue por nunca ter assistido a este filme, quando ele saiu eu ainda não tinha idade para me interessar por esse tipo de história. Enfim, foi um daqueles casos de conjunção referencial: eu ainda estava empolgada com a trilogia do Linklater (que tem Ethan Hawke no elenco, como em Caindo na real), e eu estava empolgada com um filme que está para sair que foi dirigido pelo Ben Stiller (que também dirigiu Caindo na real) e como tinha acado de ver Romy e Michele lembrei de quanto gosto da  (que está no elenco de Caindo na real). Acabei resolvendo conferir e pans, é bacaninha. Não me diz muita coisa porque eu já saí da fase de pensar oh-gosh-agora-que-me-formei-farei-o-que-da-minha-vida, mas de qualquer forma há um efeito de nostalgia duplo ali, seja pelos anos 90 (porque este filme berra anos 90), seja por justamente descrever um período de vida pelo qual já passei. Enfim, o engraçado sobre o filme é que a personagem principal (interpretada por Winona Ryder), faz um documentário com depoimentos dos amigos, que depois é vendido para  (e deformado por) um canal de tv. Hm, ok, isso não é engraçado. O negócio é que em 1992 a MTV americana lançou o que seria um dos primeiros reality shows, o programa que aqui no Brasil chegou como Na Real. Não sei se houve uma inspiração ou se é só coincidência, mas é difícil assistir ao filme e não lembrar do programa (btw, eu assisti. Meu favorito era o Na Real em Londres).

The Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, 2013): Ai, que filme mais ou menos. A impressão que tive de ser superficial talvez seja porque as personagens assim o são, não sei. Mas passei a maior parte do tempo pensando “Caramba, Sofia. Você nos conta uma história linda como Lost in Translation, por que diabos resolveu contar essa história desses adolescentes idiotas?”. Crítica à sociedade, blablabla, ok, entendi. Mas eu acho que pelo menos neste caso em específico uma alegoria serviria melhor ao propósito de crítica do que mostrar os fatos tal como são. Um dos pontos positivos desse filme é que as personagens são detestáveis (como deveriam ser, já que estamos falando em crítica). A trilha sonora é um horror (e considerando isso já me arrependo de um dia ter falado mal de Maria Antonieta) e ai, tem Emma Watson lambendo a linguinha, que sexy. Sorry, eu não tenho essa pira pela atriz, portanto não tem lambeção de linguinha que me faça pensar que seja um filme daquele tipo imperdível. Pelo contrário: não dá nem um ano e tenho certeza de que já terei esquecido que um dia o assisti. Talvez sob efeito do filme eu tenha achado o começo do livro (lançado aqui no Brasil pela Intrínseca) um saco, daqueles que larguei sem dó.

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Love and Other Perishable Items (Laura Buzo)

Acho que a esta altura do campeonato quem lê os posts por aqui já sabe que eu tenho uma queda descarada por livros com títulos não muito convencionais, certo? Tem quem escolhe pela capa, tem quem escolhe por causa de resenhas positivas, e tem o meu caso: não resisto quando vejo um título criativo. No caso de Love and Other Perishable Items de Laura Buzo (algo como “Amor e outros itens perecíveis”, ainda sem tradução no Brasil) meu contato foi através de um post no tumblr, daqueles que fazem relação entre certas obras (num esquema “você gostou de…” então leia tal livro). Achei a ideia do post bem legal, mas mais ainda o título do livro da Buzo. E ali eles associavam com Eleanor & Park, que eu gostei bastante. Pronto, não precisava de mais nada.

Negócio é que não começou muito bem. Amelia, menina de 15 anos descreve seus primeiros dias no emprego em um supermercado. Hum, sim, ela se apaixona por um funcionário chamado Chris. Não sei se era só porque eu estava em uma fase ruim (já mencionada no post anterior), mas a leitura só engrenou mesmo para mim quando descobri que a história era narrada por Amelia, mas cada trecho dela era seguido por páginas dos diários de Chris (uma personagem bem mais interessante, digo desde já). Assim, como leitores nós ficamos sabendo dos eventos primeiro sob o ponto de vista da garota, depois do garoto.

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Jack o Estripador (Paulo Schmidt)

Quando falei toda empolgada sobre Retrato de um assassino da Patricia Cornwell para a Kika, ela disse que tinha um pé atrás com esse livro, mais especificamente com a teoria defendida pela autora (a saber, que o pintor Walter Sickert era o famoso serial killer britânico do século XIX). Ela dizia que tinha lido uma obra que acabava com os argumentos da Cornwell, e por isso a desconfiança sobre Retrato ser realmente bom. Aí esta semana ela me emprestou Jack o Estripador, de Paulo Schmidt, o tal do livro do qual ela falava. Antes de continuar qualquer coisa aqui preciso deixar destacado que desde que acabei A vida privada das árvores (Zambra), eu estava em uma maré de preguiça com minhas leituras: começava, até achava legal mas aí acabava abandonando. Abandonei The Cuckoo’s Calling, The Radleys, e outros tantos, durou quase um mês isso, quando hoje finalmente (UFA UFA UFA) terminei um livro que comecei. Sim, exatamente este do Schmidt.

Um dos pontos altos de Jack o Estripador é o modo como o autor consegue nos transportar para a Inglaterra Vitoriana, mesclando fatos sobre os assassinatos e as investigações com o dia-a-dia dos envolvidos (algo que também gostei no texto da Cornwell). Não é uma mera descrição fria de detalhes até perturbadores (se formos pensar especialmente nas descrições das vítimas), mas um texto montado de tal forma que pequenas informações te fazem lembrar uma das principais razões para Jack não ter sua identidade revelada: era a mente de alguém do século XX contra uma polícia que na realidade parecia pertencer ao século XVIII: impressão digital, amostra de sangue e outras pistas que hoje são lugar comum em qualquer investigação hoje sequer existem. Junte a isso um lugar superpovoado, com iluminação fraquíssima e temos o cenário perfeito para que Jack o Estripador cometesse seus crimes.

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To everything there is a season

Eu sei que antigamente fazia posts de cada episódio para cada série que acompanhava, mas como deve ter dado para notar pela falta de posts, ando com uma preguiça tremenda para escrever (e ler e fazer qualquer coisa, que fase!), então para não deixar passar batido vou comentar algumas séries que estrearam nova temporada recentemente e que estou assistindo. Lembrando que ainda estou de ressaca pelo fim de Breaking Bad e nada do que vejo é tão bom quanto Breaking Bad e eu adoraria só falar de Breaking Bad e… ok, parei. Vamos lá.

HOW I MET YOUR MOTHER (S0901 até S0904)

Muita especulação sobre como seria a última temporada da série, ainda mais que agora todos nós conhecíamos o rosto da mãe. Aí começaram a surgir notícias falando que toda a temporada mostraria apenas o final de semana do casamento de Robin e Barney (confirmando minha teoria de que o nome da série deveria ser How I Met Your Barney) e eu fui desanimando. Mas aquela coisa, se você assiste oito temporadas, é claro que vai acabar vendo a nona nem que seja para saber qual será o desfecho. E aí chegou primeiro o episódio duplo de estreia, e então o terceiro e… agora recuperei minha esperança na série.

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