Paris é uma festa (Ernest Hemingway)

Vencedor do prêmio Nobel em 1954, o norte-americano Ernest Hemingway parece personagem de ficção. Basta uma olhada rápida em sua biografia para se dar conta de como esse homem viveu intensamente: esteve presente na Primeira Guerra Mundial como motorista de ambulância, foi correspondente estrangeiro de jornal, conheceu pessoas que depois de algum tempo viriam a entrar na lista de personalidades favoritas de muitas pessoas.

É por causa disso que Paris é uma festa (A Moveable Feast) embora biográfico tenha todo o charme de um romance. Descrevendo os anos que Hemingway viveu em Paris, ainda dando os primeiros passos na carreira de escritor, o livro vem cheio de personagens fascinantes, ainda mais quando se sabe que são reais, e quanto influenciaram o trabalho de Hemingway.

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Celular, esta praga moderna

Coisa de 15 anos atrás este post nem existiria. Lembro que meu primeiro contato com celular “na vida real” (e não em filmes), foi ao ver o de uma amiga minha, que tinha um daqueles tijolões cinzas tão grandes que depois até ficou feliz quando comprou um Startac, que era menor e mais fininho. Eu só ganhei o meu primeiro ali no final de 99, era um Nokia 5110 (daqueles que dava para trocar a cor, e eu trocava, hehe). E desde então, sempre tive comigo um celularzinho, o que já dá aí mais de dez anos usando o aparelhinho.

Nesse tempo todo não aprendi a usar bluetooth direito, nem a mandar foto por sms, nem consegui fazer download de músicas que não fossem do meu computador para o celular. Em compensação, aprendi a desligar o telefone antes de começar uma aula, ao entrar em sala de cinema ou no teatro, antes de consulta no médico. Coisa básica, simples. Que parece que muita gente não aprendeu, se considerar os videos as seguir:

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True Blood S04E07: Cold Grey Light of Dawn

Aiii, que episódio chato. Tão chato que não estou nem com muita vontade de falar sobre ele. Até porque falar sobre Cold Grey Light of Dawn (S04E07) é meio que o mesmo que comentar o anterior: as falhas se repetiram, e em quantidade maior. Teve um momento que até pensei “Por que eu assisto True Blood mesmo?”, porque sério, tem algumas vezes que eles erram a mão e parece até que você acabou só jogando seu tempo fora. Mas vamos lá, em tópicos para ser mais organizada. Começando com a parte chata.

Sam e o irmão: Coisa chata da p*. Já vi esse surtinho dele de “Suma daqui” umas trocentas vezes. Seria legal se agora fosse definitivo. Ou se o Sam fizesse o favor de tirar essa chatice de irmão dele da série, podendo virar um skinwalker também. A única parte que valeu a pena foi a do Sam se dando conta que o Tommy se passou por ele, e a cara da Luna percebendo isso ao mesmo tempo. Fora isso, boooooring.

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Roadside Picnic (Arkady and Boris Strugatsky)

Publicado pela primeira vez em 1972, o breve romance de ficção científica Roadside Picnicde Arkady and Boris Strugatsky é uma história para agradar não apenas aos fãs do gênero. Na narrativa ficamos sabendo que seres extraterrestres visitaram a Terra por um curto período de tempo, foram embora e deixaram para trás o que os cientistas chamariam de “Zonas de Visitação”, lugares onde estranhos fenômenos acontecem e que por conta dos perigos da região passaram a ser fechados para pessoas que não estivessem estudando os objetos ou os fatos que ocorrem lá. Porém, algumas pessoas tornaram-se “stalkers”, gente que entra nas zonas à noite para roubar o que encontrassem dos alienígenas para então vender por um alto preço para pessoas de fora. É em um desses stalkers que o romance se concentra, Redrick Schuhart.

É interessante observar a estrutura de Roadside Picnic, que prepara o leitor para o (fortíssimo) desfecho. Ao todo são cinco capítulos se considerarmos a entrevista na abertura como tal. A entrevista com o doutor Valentine Pilman situa o leitor no universo do livro: a questão da visita dos extraterrestres, como os cientistas estão lidando com o assunto, a natureza dos stalkers, etc. No segundo capítulo somos apresentados à Redrick, então com 23 anos e assistente de laboratório (e já um stalker). Esse capítulo é todo narrado por Redrick, que conhece tão bem o lugar que costuma saquear que logo traz para o leitor histórias que os cientistas desconhecem, envolvendo outros stalkers. É um capítulo importante também porque é nele que Redrick fica sabendo que sua namorada Guta está grávida.

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Boemia literária e revolução: O submundo das letras no Antigo Regime (R. Darnton)

Meu primeiro contato com a obra do professor Robert Darnton aconteceu ano passado, com O beijo de Lamourette. O livro trouxe tantas novidades no que diz respeito à pesquisa envolvendo História e literatura que despertou uma nova curiosidade em mim, que inclusive acabou influenciando algumas escolhas literárias posteriores, como por exemplo, o romance A sombra da guilhotina, que envolvia uma das especialidades de Darnton, a Revolução Francesa.

O interessante sobre o texto de Darnton é que, embora acadêmico e voltado a um nicho específico, ele consegue ser interessante e gostoso de se ler. Foge e muito daquela distância e frieza típica de autores que envolvem o mundo das pesquisas e talvez por isso mesmo consiga agradar até mesmo quem não é “da área” que ele aborda em seus trabalhos. Continue lendo “Boemia literária e revolução: O submundo das letras no Antigo Regime (R. Darnton)”

True Blood S04E06: I Wish I Was the Moon

Já sei qual é o problema desse momento que chegou a quarta temporada de True Blood: está tentendo à novela, e não à série de tv. E por novelinha quero dizer que os roteiristas parecem muito mais preocupados em montar casais do que em desenvolver os conflitos principais da temporada (no caso aqui o negócio com as bruxas). Exemplo: precisava daquele diálogo entre Andy e Holly? Não, não precisava. E aquela conversa do Jason com a Jessica? Adoro as personagens, mas acho que é forçar a barra colocar o que eles estão fazendo.

Até porque nos livros o laço de sangue como ela estava explicando para o Jason só acontece quando há troca de sangue – o vampiro bebe do humano e o humano do vampiro. É o que criou o laço da Sookie com o Eric, por exemplo. Eles vão provavelmente criar um plot que se desenrolará da seguinte maneira: os dois cheios de culpa por causa de Hoyt, e depois que finalmente tocarem o foda-se vão ficar pirando até que ponto estavam atraídos um pelo outro ou era só o tal do laço. Desnecessário, prefiro Jason se transformando em werepanther e todas as implicações disso do que o rapaz em mais uma caçada amorosa.

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Almanaque Jornada nas Estrelas (Salvador Nogueira e Susana Alexandria)

Em 1966, quando Jornada nas Estrelas foi ao ar pela primeira vez pela NBC, o que se viu foi o nascimento de uma das mais duradouras e rentáveis franquias da cultura pop. Outros tantos seguiriam o rastro de Capitão Kirk, Spock e Dr. McCoy, a maioria no cinema (como Star Wars de George Lucas, por exemplo), mas não dá para desconsiderar que quem foi abrindo caminho naquele então campo desconhecido das convenções de fãs, vendas de produtos relacionados e afins foi a série criada por Gene Roddenberry.

E é para ficar sabendo dos bastidores dessa franquia que o Almanaque Jornada nas Estrelas (de Salvador Nogueira e Susana Alexandria) vem para agradar os fãs, e mesmo os curiosos sobre esse fenômeno. Tendo como base principalmente a série original, o livro comenta detalhes envolvendo as personagens, o processo de criação, fofocas de bastidores e muito mais. É muita informação, até porque inclui também detalhes sobre as outras séries (e filmes) que se originaram a partir dessa.

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A outra volta do parafuso (Henry James)

Novela escrita por Henry James e publicada pela primeira vez em 1898, A outra volta do parafusoé sem sombra de dúvidas uma das grandes histórias de fantasmas já escritas. Primeiro porque cumpre muito bem a função de assustar – há momentos do livro que são de tirar o fôlego e não decepcionarão em nada os amantes do horror. Mas também por causa da precisão do estilo e, mais ainda, da qualidade literária da obra de Henry James.

O livro começa com um encontro entre conhecidos em uma noite de Natal. Um deles promete que contará uma história assustadora, assim que tiver em mãos um manuscrito que lhe foi confiado décadas atrás. Quando passa a ler o manuscrito, ficamos sabendo que é o relato de uma governanta que aceitou o trabalho de cuidar de duas crianças (Miles e Flora) em uma casa no interior da Inglaterra, com a condição de que não procurasse jamais o tio e guardião das crianças para relatar problemas. Mas mal ela chega na casa, e logo eles começam a aparecer – o garoto, Miles, é expulso da escola e a governanta passa a ver fantasmas de antigos empregados da mansão, e acredita que eles desejam corromper as crianças.

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We (Yevgeny Zamyatin)

We, romance do russo Yevgeny Zamyatin tem uma história por trás da história. Os manuscritos mais antigos da obra datam de 1919, mas ela só foi concluída em 1921. Por conta do tema tratado, foi a primeira obra censurada pelo Goskomizdat, na época o novo bureau de censura da União Soviética. A primeira vez que o livro foi publicado foi em inglês, três anos após ter sido terminado. Em russo, só em 1988 ele foi impresso, revelando-se assim um dos casos raros em que a tradução foi publicada muito tempo antes do original.

E mesmo com tantas dificuldades para ser publicada, ainda assim We serviu de inspiração para várias das distopias da literatura moderna, incluindo aí a citadíssima obra de George Orwell, 1984. Nesse caso é importante ressaltar a questão que um inspirou outro, porque levando-se em conta que a obra do russo ganhou ares “cult” no Brasil (não há traduções disponíveis nem no Estante Virtual), o inglês parece mais conhecido e então há uma inversão na distribuição dos méritos: ao ler o romance russo, não esqueçam, foi Orwell que se inspirou, e não o contrário.

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True Blood S04E05: Me and the Devil

Ok, provavelmente este foi o pior episódio da temporada até o momento. Muita atenção para a parte chata da temporada (Sam e o irmão, Lafayette e cia.), somada a uns momentos românticos meio vergonha alheia entre Sookie e Eric (a menina se apaixona fácil, heim?) e pouca coisa nova de fato acontecendo. Normal, estamos chegando perto do meio da temporada, mas eu sinceramente gostaria que ela fosse regular e conseguisse sustentar a qualidade dos primeiros episódios. De qualquer forma, o desfecho já fez valer e deu vontade de assistir logo ao próximo episódio.

Dos momentos mais importantes do episódio, vamos começar com a tal da bruxa Marnie. Ela aparece na tela e eu tenho vontade de parar de assistir – aquela cara de “não sei o que está acontecendo” já cansou. Cansou também a postura de Tara, Lafayette e Jesus. Como comentaram lá na Valinor, como assim eles não perceberam que a bruxa tocou o horror nos dois vampiros mais badass que eles conhecem? Por que insistem nesse medo todo? Aliás, o que é isso de se mandar pro México, matar cabra e o diabo a quatro? Cheesus, as vezes penso que teria sido melhor se manter fiel ao livro e terem matado o Lafayette no final da primeira temporada.

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