Desejo e Reparação

Eu tenho cá minhas birrinhas pessoais sobre alguns filmes. Veja o caso de Desejo e Reparação, que chegou nos cinemas do Brasil no começo do ano passado e que só fui conferir agora. Inspirada em uma obra de Ian McEwan (um dos queridinhos da crítica atualmente, devo dizer), eu resolvi deixá-lo completamente de lado por causa da “sacada” da distribuidora do filme de lançar o filme com um título bem “Austeaniano”, tentando estabelecer uma relação com a atriz principal, Keira Knightley, que tinha conquistado corações como Elizabeth Bennet um ano antes.

Bobagem, eu sei. Mas a curiosidade era grande, então ainda em 2008 resolvi ler Reparação (Atonement em inglês), até por causa dos diversos elogios à obra. E o livro realmente me agradou, lembro que fiquei encantada com o trabalho do McEwan com as personagens (aquela coisa de serem reais, não caricatas) e mais ainda com a conclusão e todo o significado sobre a arte de escrever que ela trazia. Mas não foi uma leitura que, digamos assim, mudou minha vida.

Aí nesse final de semana resolvi finalmente dar uma chance para o filme e há, que surpresa, me arrependi de não ter assistido antes. O cuidado com a adaptação é tão grande que algumas emoções que o livro não tinha despertado em mim vieram à tona enquanto assistia. Gostei ainda mais das personagens, odiei ainda mais a Briony e fiquei ainda mais sensibilizada pelo final. A experiência ganhou novas dimensões, e a vontade de reler Reparação aumentou (e vocês sabem que eu não sou dada à releituras).

As interpretações são importantíssimas para isso: tornaram personagens que já eram excelentes em algo ainda mais real. A garotinha que interpreta Briony aos 13 anos (Saoirse Ronan, que aparece recentemente em The Lovely Bones do Peter Jackson) é fantástica, daquelas que com um olhar já consegue passar toda uma gama de sentimentos, tornando possível um roteiro não muito óbvio, em que as coisas tenham que ser ditas para serem compreendidas.

O casal protagonista também está ótimo, James McAvoy foi uma ótima surpresa (bem, eu só tinha visto o sujeito em O Procurado, dá para entender porque achei uma surpresa, não?). Mas o que torna o filme bom não é só isso. O modo como a narrativa é montada, retomando algumas cenas mas mudando o ponto de vista e outras lindas (como a família Tallis na frente da mansão quando Robbie está voltando com os garotos, ou mesmo aquela sequência linda sem cortes quando Robbie finalmente chega na praia), por exemplo, fazem valer cada minuto.

But what sense of hope or satisfaction could a reader derive from an ending like that?

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