Melhores leituras de 2020

É estranho. Passei quase todo o ano passado falando que a pandemia tinha esculhambado minhas leituras, afetado o ritmo, etc e aí fechou o ano, fui ver as contagens lá do Goodreads e meio que bateu com minha média de sempre. Mas eu sei que afetou algumas escolhas de leitura (tendi para leituras mais leves, por exemplo), e tenho total noção que afetou a experiência de leitura também. Tenho certeza que já coloquei esse link do texto do Julián Fuks em vários lugares, mas vou citá-lo mais uma vez porque descreve exatamente meu sentimento enquanto leitora:

(…) me sinto menos capaz de me entregar por completo à leitura, de deixar que ela tome a minha mente inteira. O momento que vivemos é estridente demais, a cada instante convoca os meus pensamentos. Sinto falta, então, de uma literatura plena – e sinto falta de um passado e de um futuro que se deixem ler sem a lente do presente.

No fim das contas não é tanto sobre a quantidade de páginas ou de livros lidos, é mais como estava minha cabeça quando foram lidos. E por causa disso, fica aquela promessa de revisitar em outro momento alguns títulos, mesmo os que não apareceram entre os dez favoritos. E é isso. Então toca o play para a trilha sonora do post e vamos para a lista de 2020, que ficou assim (lembrando, títulos com link é porque já falei do livro aqui):

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The Regrets (Amy Bonnaffons)

Se você ler a sinopse de The Regrets, primeiro romance de Amy Bonnaffons, não vai poder dizer em nenhum momento que não foi avisado sobre o fantástico ser uma constante na obra. Thomas morreu em um acidente de moto, mas por causa de uma confusão no passado, foi definido pelo escritório responsável por assuntos do pós-vida como “insuficiente morto”. Para colocar toda a situação em ordem novamente (já deu para perceber que o tal do limbo é um local bem burocrático, não?), o recém-falecido precisará passar mais três meses entre os vivos. É nesse período que ele conhece a bibliotecária Rachel. Contrariando as regras impostas a Thomas, os dois se apaixonam.

Parece quase uma comédia romântica imaginada por Tim Burton, não? Mas embora The Regrets seja muito engraçado em vários momentos, ele surpreende pelas escolhas da autora, e ao invés de ser uma fantasia sobre um casal improvável, é uma história que lida (entre outros tantos temas) sobre relacionamentos nos tempos atuais: das marcas que deixamos nas pessoas que passam em nossas vidas, da bagagem que carregamos para novos relacionamentos, da dificuldade de romper quando é preciso.

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