Desumanização

rampo13.jpgNa terça-feira, quando cheguei em casa do trabalho, vi na televisão as primeiras notícias sobre o acidente do avião da TAM. Confesso que ali, naquele momento, eu achava que a coisa não seria tão horrível e que haveriam bastante sobreviventes. Infelizmente, passaram algumas horas e ficou claro que não seria assim.

E tão logo ocorre a tragédia, somos bombardeados por histórias das pessoas que estavam lá, e também ficamos sabendo de amigos dos amigos dos amigos que estavam lá. E eu não vou dizer que não choca (ou que não me deixa triste), mas acho que só me dei conta do horror quando acessei o Fórum Valinor e li uma mensagem de um colega nosso, conhecido como “Shazan”.

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Sexta-feira 13

Eu tinha uma amiga que sofria do mal de todo cético exagerado: era completamente sem graça. Ela não se permitia aproveitar algumas bobagens que todos sabemos que não são reais, simplesmente porque não acreditava naquilo.

E toda sexta-feira 13 eu lembro dela porque quando eu, toda empolgada, queria fazer algo especial para o dia em questão, ela com um tom metade deboche e metade enfado dizia: Ah, Ana, é só mais um dia como outro qualquer.

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Eu bebo sim!

Dia desses eu estava fazendo uma pesquisa por imagens no Google e encontrei uma página que apresentava 365 bons motivos para beber. É um calendário completo, com datas comemorativas e aniversários, incluindo uma receita ou outra de drinks. No meu aniversário, por exemplo, temos lá:

Festival of Women as Cultivators (Persian). Bet the ladies were excited about this one.
Farmer’s Cocktail
1/2 oz dry vermouth
1/2 oz sweet vermouth
1 oz gin
2 dashes bitters
Stir ingredients with ice, strain.

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Um daqueles mistérios da humanidade

Eu sinceramente não consigo entender, por mais gateira que eu seja. Afinal de contas, por que diabos adotamos (somos adotados, na verdade) por esses bichinhos, assumindo a responsabilidade de mantê-los bem alimentados, com a caminha confortável e sempre saudáveis?

Talvez o grande truque do cão e do gato foi deixar se domesticar. Eles não precisam dar nada em troca, e mesmo assim torramos uma nota em veterinário e passamos a noite praticamente em claro para garantir que o bichano fique bem. Vai entender.

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Schadenfreude

Schadenfreude é uma palavra alemã batuta que o Fábio me ensinou. Basicamente significa o prazer no sofrimento alheio. Levando em conta todo aquele blablabla que ouvimos em Lingüística, sobre os esquimós terem ‘n’ nomes para diversas tonalidades de branco, eu acho bem interessante que os alemães tenha uma palavra só para definir esse sentimento. Daria até para chegar a conclusão de que eles são todos uns sacanas.

Mas ok, sabemos que sacanas somos todos nós. Caso contrário, o que explicaria o fato de que os dois videos mais acessados no Youtube nos últimos dias foram o do acidente do Kubica e do relógio roubado do Bush? No final das contas, todos nós sentimos um tico de Schadenfreude, só não demos nome porque esse não é o tipo de coisa que você conta para todo mundo que sente. Tipo inveja e piriri saca?

Sobrinho de Salomé

Tenho me deliciado novamente com as crônicas do Mario de Andrade em Os Filhos da Candinha, o que tem sido uma experiência bem interessante. Alguns dos textos que passaram batidos por mim, agora estão na lista dos favoritos. Um exemplo é ‘Sobrinho de Salomé‘, de 1931, mas que ilustra TÃO bem os erros de interpretação do que é publicado por aí, que terei que colocar aqui no blog, independente de saber que quase ninguém vai ler (e a partir de hoje enviarei para quem interpretar um texto de forma distorcida, hehe)

Estou levantando mais uma vez essa questão porque novamente não entenderam o que o Reinaldo quis escrever em uma matéria publicada no G1. Aliás, acho estranho essa dificuldade de entender os textos do Reinaldo, sendo que um dos pontos fortes da escrita dele é falar das coisas mais complicadas de forma simples, sem nos fazer parecer uns bocós. Mas vamos por partes, primeiro essa má interpretação do texto do Reinaldo.

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Lá vem a noiva…

Eu sei que isso soará extremamente amargo e estranho, uma vez que parte de uma pessoa apaixonada que quer muito casar, ter filhos, netos, bisnetos e afins. Mas se tem um ritual dos seres humanos que eu não compreendo, é o casamento.

E quando falo “o casamento”, me refiro à cerimônia em si, não ao ato de viver com uma pessoa compartilhando momentos e interesses. Sabe, todo aquele blablabla de vestido branco, grinalda comprida, trocentas mil flores e dor de cabeça dos infernos sobre quem convidar.

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Ao antagonista, com carinho

Estava cá lembrando de um dia na terceira série. A professora cujo nome eu achei que jamais esqueceria mas percebo agora que já esqueci queria fazer um teatrinho baseado na novela “Que rei sou eu?” e no fatídico momento da distribuição de papéis, ninguém queria ser o vilão, Ravengar.

Seguiu então uma daquelas conversas das quais a gente só entende de fato o conteúdo uns quinze anos depois. Vale ressaltar que professora cujo nome esqueci conhecia as limitações de compreensão de crianças de nove anos de idade então usou expressões como “Ah, gente! A história ficaria tãããão chata se o herói não tivesse quem derrotar! Pensem no He-Man, que graça teria se ele ficasse andando em Etérnia sem ter que lutar com o Esqueleto!

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Fingidor é o poeta, não o leitor.

Ontem estava lendo uma resenha de um livro novo que saiu na França, chamado Comment Parler des Livres que l’On n’A pas Lus? (Como Falar dos Livros que Não Lemos). O autor, Pierre Bayard (psicanalista e professor de Literatura Francesa) sugere algumas estratégias de como ludibriar as pessoas falando de livros dos quais você não passou da vigésima página ou sequer leu.

O que não é exatamente algo inovador. A pirralhada da internet hoje em dia está ganhando o “Green Card” para a vida adulta fazendo exatamente isso: falando de livros (e filmes, e bandas, e situações) que mal conhecem. Para qualquer aperto em uma conversa na qual você queira parecer mais maduro do que realmente é, Google é logo ali.

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(What’s So Funny ‘Bout) Peace, Love, and Understanding?

Então que o rapaz vai lá e mata 32 pessoas. Como se não bastasse o fato para atestar a falta de parafusos do jovem Cho Seung, ainda descobrem que ele fora internado, que fora acusado de assédio, de atear fogo em um quarto, que escrevera uma peça muitcho loca e blablablabla. Enfim, pinel. Agora, fico cá pensando: que mundo louco é esse que permite que um maluco desses tenha acesso à armas?

E o pior é não deixar de fazer essa pergunta após ler a matéria do G1 na qual especialistas fazem lista dos cinco fatores que levam ao assassinato em massa. Diz lá na lista, elaborada por James Alan Fox (professor de Direito Criminal na Universidade Northeastern) e Jack Levin (diretor do Centro Brudnick para Conflito e Violência, da Northeastern):

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