(What’s So Funny ‘Bout) Peace, Love, and Understanding?

killingjoke.jpgEntão que o rapaz vai lá e mata 32 pessoas. Como se não bastasse o fato para atestar a falta de parafusos do jovem Cho Seung, ainda descobrem que ele fora internado, que fora acusado de assédio, de atear fogo em um quarto, que escrevera uma peça muitcho loca e blablablabla. Enfim, pinel. Agora, fico cá pensando: que mundo louco é esse que permite que um maluco desses tenha acesso à armas?

E o pior é não deixar de fazer essa pergunta após ler a matéria do G1 na qual especialistas fazem lista dos cinco fatores que levam ao assassinato em massa. Diz lá na lista, elaborada por James Alan Fox (professor de Direito Criminal na Universidade Northeastern) e Jack Levin (diretor do Centro Brudnick para Conflito e Violência, da Northeastern):

1) Um longo histórico de frustração e fracasso;

2) Tendência a culpar os outros e nunca aceitar a culpa por seus próprios erros;

3) Tendência a ser socialmente isolado e solitário;

4) Passar por algum tipo de “gota d’água,” como ser abandonado pela namorada ou demitido de um emprego;

5) Acesso a armas de fogo, preferivelmente de alta potência.

Sabe, até o item 4, ninguém está livre de não passar por isso, pelo menos não nós, seres humanos (porque existe o caso dos santos que só o são por acreditarem nas próprias mentiras). Especialmente o quarto item, é aquilo que o Coringa dizia em A Piada Mortal sobre ter um dia ruim (caso você não tenha sido devidamente apresentado para essa obra prima chamada A Piada Mortal, se clicar aqui, você verá a página da HQ com a citação da qual estou falando).

Então, todos nós podemos ter um dia ruim (especialmente se estudamos no mesmo lugar de pessoas que têm dias MUITO ruins). O que seria o real impeditivo, acredito eu, é justamente o acesso às armas.

Entendo o argumento daqueles que de fato acham que estão só se protegendo, mas vejo casos como esse, o de Colombine (e outros tantos) e não consigo deixar de achar que têm algo de (muito) errado por aí. Talvez não errado, mas irônico: essas armas que são compradas sob o rótulo de ‘protetoras’, não só não nos protegem de sujeitos vassourinhas como esse rapaz, como na realidade são o meio através do qual eles nos ferem. Uou.

Antes que o pessoal das armas atire (há, há que engraçadona que estou hoje): não, eu não sou boba de acreditar que é só a venda de armas que gera esse tipo de situação. A questão é que são jovens, que em um cenário ideal não poderiam (ou deveriam) tê-las em mão. O fato de papai, uma identidade falsa ou um pouco de dinheiro no banco facilitar esse acesso, não dá para não questionar a forma como elas são vendidas.

Aí, no final das contas, já que anda tudo tão desequilibrado, só nos resta mesmo é colocar Elvis Costello para cantar (What’s So Funny ‘Bout) Peace, Love, and Understanding

6 comentários em “(What’s So Funny ‘Bout) Peace, Love, and Understanding?”

  1. Ana, o acesso às armas existe em qualquer lugar. Veja, no Brasil existem leis restritivas, no entanto você consegue uma arma em qualquer esquina (literalmente). É quase como o lance da maconha. Lá, o trafico de armas (que fortalece o criminoso e o trafico) não é fomentado. O estado pelo menos tem Algum controle sobre elas.

    Sim, nesse caso em especifico houve falhas das lei, na minha opinião. O problema é que cada estado nos EUA tem suas próprias leis sobre o porte e comercio de armas. O coreano já havia sido atestado como tendo problemas mentais, internado num hospital psiquiátrico, perseguido garotas desconhecidas pelo campus, apavorado garotas em sala de aula tirando fotos por baixo das saias delas a ponto de fazer com que largassem as aulas, desafiado os professores que tentavam impedir, incendiado dormitórios, etc etc, no entanto, quando o dono da loja de armas checou o perfil do garoto no computador, nada apareceu. Não é caso de proibir as armas a todos, mas sim descobrir até onde vai a privacidade de cada um nesse sentido. Se alguém é considerado suicida em potencial, com problemas psiquiátricos, só isso não basta para impedir a compra. Mas junte isso com todo o resto, as queixas na policia, ficha etc, e a situação muda.

    Apesar de tudo isso, os EUA, com o dobro da nossa população, tem menos da metade do numero de mortos por armas de fogo do que nós. Os caras malvados, dizem, tendem a preferir alvos que não revidam.

  2. A facilidade do acesso em si já é algo errado (em qualquer lugar). A necessidade do acesso (sob desculpa de ‘defesa’) igualmente o é. De mais a mais, como definir exatamente quem é um “suicida em potencial” ou alguém com “problemas psiquiátricos”? É como disse: um dia ruim pode fazer mal suficiente para o mais são dos homens virar um doido.

    Esse menino tinha histórico, ok. Mas já vi casos absurdos de “pais de família” que atiraram em gente porque bateram no carro dele, ou porque estavam zoando com o time dele. Enfim, eu acho que a idéia que ter uma arma embaixo do colchão te protege do bandido é uma ilusão, e eu não daria a mínima para quem está ‘se iludindo’, se essa pessoa em algum momento não pudesse colocar em risco a minha vida.

    Mudando de assunto, tava demorando -> “Atirador da Virgínia fez suposta referência a filme sul-coreano – Cena de “Oldboy” traz imagem semelhante à vista em vídeo enviado a emissora de TV. Cho Seung-hui segura um martelo e fecha expressão para a câmera.”

    http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL24211-5602,00.html

    É tipo naquele caso do doido no cinema em são paulo, que falaram que foi inspirado por Clube da Luta. E os de Columbine, inspirados por Matrix. Aiaiai…

  3. Não se consegue armas em qualquer esquina no Brasil não. Você não pode ir a uma loja simplesmente munido de dinheiro e identidade e sair com uma arma. Você tem que negociar com bandidos, coisa que já desanima boa parte dos que querem ter uma arma.

    Esse negócio de que arma se acha em qq esquina é balela.

  4. Fabio, não sei como as coisas funcionam onde você mora, mas aqui em SP (e pra cima) você consegue uma arma com bastante facilidade, não é preciso conhecer bandidos, sempre tem alguém que conhece alguém que conhece…. O “em qualquer esquina” pode ter sido exagero, mas é fácil. Quanto a desanimar por negociar com bandidos, o coreano matou 32 pessoas, não acho que alguém assim se importaria com isso. Meu ponto é, se estamos discutindo esses massacres nas escolas dos EUA, proibindo ou não o comercio, esse tipo de pessoa com problemas mentais não dará a mínima em quebrar a lei, alias, o campus era uma “free zone”, ninguém podia entrar armado. Quem sabe se houvesse um professor armado a luta teria sido mais justa.

    Ana, boa pergunta. Mas meu ponto era: antes de se ter acesso a uma arma, cada um deveria, no mínimo, fazer exames psicológicos, ter o histórico checado. A ficha que o coreano tinha na policia também deveria ter contado, se não me engano foi uma decisão judicial que mandou ele fazer tratamento. Quanto a se iludir, isso é meio relativo. Eu defenderia o direito de alguém ter uma arma mesmo que fosse pra se iludir, porem esse não é bem o caso, do contrário os números de mortos por armas de fogo nos EUA seria bem maior do que, por exemplo, aqui. Quem mata são os criminosos, não aqueles que tem armas pra se defender, caçar ou o que seja. Também tem o exemplo da Suíça, outro país pacifico onde praticamente cada cidadão tem um fuzil.

    Tomara que não comparem o cara do Oldboy com o coreano da escola. O da escola não respondia nem quando o cumprimentavam, já o Oldboy ficou isolado por força maior. Se bem que isso vai acabar promovendo o filme. Lembro que aconteceu o mesmo na época do Clube da Luta.

  5. Dificultar o acesso já é salvar vidas. Os loucos vão até mesmo construir algo em casa, mas se você tirar facilidade de acesso já é um passo adiante para evitar esse tipo de massacre.

    Vender armas em lojas onde qq um pode entrar e comprar é mais simples do que se envolver com o “conhecido do conhecido que não é bandido”. Pode ser simplista? Até pode, mas já é alguma coisa.

    Logicamente que o acesso a armas facilita muito pra quem quer causar problemas. Citar Suiças e Canadás não leva a lugar nenhum e mascara muitos problemas mesmo poirque cita-se UK e Japão em troca e noves fora tem-se nada.

    Quando você quer que uma criança não se fira com uma tesoura pontuda, você tira a tesoura de perto dela. Ela até pode se ferir, mas será mais difícil. O mesmo vale pra remédios e… armas.

  6. Exatamente. Pode-se citar Canadá e Suíça, como se pode citar o Japão, o que mostra que o problema não está na proibição ou descriminalização das armas. Não se pode esquecer que os EUA são um país continental, ao contrário de pequenas ilhas (Japão e UK), com fronteiras praticamente abertas para o México. Se hoje o trafico e a criminalidade nos EUA estão relativamente baixos, é fácil imaginar o que aconteceria caso fosse aberto um novo mercado para o crime organizado Mexicano, pra não dizer latino-americano.

    De resto, não sei se estamos discordando. Eu estava defendendo que fosse dificultado o acesso a armas de fogo por partes desses loucos que representam ameaça em potencial (definição que o psicólogo designado para o Cho, deu pra ele, se não me engano), porem existe grande diferença entre dificultar e proibir. O exame psicológico obrigatório, para todos que querem possuir uma arma, é uma opção. As leis do estado de Virginia são ruins nesse sentido, deveriam ter o período de espera de um mês como outros estados dos EUA, mas não tem. Em todo caso, o crime do Cho foi premeditado. Novamente, existe diferença entre proibir e dificultar. Pode-se dificultar para a eventualidade de “um dia ruim”, como disse a Anica.

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