Ways to Disappear (Idra Novey)

waystodisappear“A escritora brasileira Beatriz Yagoda é vista com uma mala e um charuto, subindo uma amendoeira e então desaparece”. Foi por causa dessa breve descrição do ponto de partida de Ways to Disappear (primeiro romance de Idra Novey) que fiquei morrendo de curiosidade de ler o livro. Não por Beatriz ser brasileira ou pela história se passar no Brasil – não sou lá muito ufanista e, convenhamos, via de regra os gringos erram a mão na hora de descrever as coisas daqui. Foi mais pelo absurdo da situação, a imagem de uma senhora subindo em uma árvore e desaparecendo.

E então eu mal começo a ler o livro e percebo com espanto que mais do que uma história sobre o sumiço de Beatriz, é uma verdadeira declaração de amor ao trabalho do tradutor. É através da figura de Emma (a tradutora norte-americana que vem correndo para o Brasil tentar descobrir o paradeiro de sua autora) que aos poucos questões sobre tradução vão sendo levantadas – e não, não é de forma sutil. O paralelo entre a vida da personagem e seu ofício é escancarado, como quando fotos dela com o filho de Beatriz aparecem na mídia, e o narrador comenta:

Neither of them had mentioned Emma’s appearance in the photos as well, which was a relief, though also insulting and dismissive – a conflict of emotions that was standard fare for a translator.

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Perdido em Marte (Andy Weir)

O plano era ter lido o livro antes de chegar ao cinema, mas acabei me enrolando. Por causa da temporada de premiação, acabei assistindo Perdido em Marte antes de ler o livro de Andy Weir, que saiu em outubro de 2014 aqui no Brasil pela Arqueiro com o subtítulo: Uma Missão a Marte. Um Terrível Acidente. A Luta de Um Homem Pela Sobrevivência. Não, sério. Vai ver ali na Amazon. Só faltava a conclusão do livro no subtítulo hehe. Mas ok, pelo que eu entendi parece que depois na edição capa de filme virou só Perdido em Marte de novo. Tá, foco, vamos voltar ao ponto inicial: eu vi o filme antes de ler o livro.

E eu adorei a adaptação, demais mesmo. Matt Damon está ótimo como Mark Watney e vá lá, eu tenho um fraco por filmes que tenham cenas com David Bowie tocando no fundo. Só que por mais que a curiosidade pelo livro tivesse aumentado, ficou maior também aquele receio de que não valeria a pena ler, já que eu tinha lá a impressão inicial de que muito do charme da história se sustentava na resposta para a pergunta “Ele volta ou não para a Terra?” (e se você viu o filme, você sabe a resposta, eu é que não vou contar aqui).

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Top5 Livros Escritos Por Brasileiras

Eeeeeeeeeeeeeeeeee hoje é dia da mulher, viva!! Para comemorar (?!!) decidi depois de muito tempo voltar ao Top5, fazendo uma lista com cinco livros escritos por brasileiras. Eu quase caí em tentação e elaborei uma lista de personagens femininas marcantes, mas aí pensei que isso seria perder o ponto: valorizar o trabalho das minas. Desculpa, homens, adoro muita coisa que vocês escrevem, mas vocês aparecerão em um outro top5 por motivos óbvios, ok?

Porque é isso, né. Igualdade. E eu não digo só em termos de validação de uma crítica que parece ver em nomes femininos estampados na capa um sinônimo de chick-lit 1. Por exemplo: dia desses li um cara argumentando que não há sexismo no mercado editorial porque olha lá a J K Rowling que ganhou milhões com o Harry Potter. Será que a gente conta para ele a razão do “J K” e não um Joanne Rowling estampado na capa? Podemos também mostrar o artigo da guria que depois de adotar um pseudônimo masculino passou a receber mais respostas das editoras. Enfim, não dá para botar a cara num buraco na terra e ficar repetindo que tá tudo bem, tá tudo certo, porque não está.

Então, justamente por isso, a ideia do top5 é lembrá-los do que acontece quando a irmã do Shakespeare ganha oportunidades. Vamos lá, fora de ordem: TOP5 LIVROS ESCRITOS POR BRASILEIRAS.

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  1. eu vou me dar ao trabalho de fazer uma nota de rodapé lembrando que eu adoro chick lit, mas que não nego que o termo tenha lá uma conotação negativa, como literatura mais rasa que se concentra unicamente na busca da mulher pelo príncipe encantado e blablabla