Adaptações: é possível separar livro do filme?

untitled-5-1Então que essa semana chegou aos cinemas brasileiros a primeira adaptação internacional para o cinema de uma obra de Paulo Coelho, Veronika Decide Morrer. A protagonista que dá nome ao filme é interpretada por Sarah Michelle “Buffy” Gellar, mostrando a história de uma garota que tem tudo na vida mas que decide morrer (entendeu a razão do título? hehe). Aparentemente a película não está sendo muito bem recebida pela crítica tupiniquim, já que em seu blog (uia!) um Paulo Coelho bastante chateado apareceu para defender a adaptação da seguinte maneira:

Tudo isso porque não sou o autor do roteiro, não dirigi, não conheço Sarah Michelle Gellar, e não acompanhei nada de perto. E qual minha surpresa hoje, ao ler as críticas? Em 80% dos casos, esqueceram o filme e preferiram partir para o ataque pessoal contra o autor do texto no qual “Veronika decide morrer”é baseado (neste caso, aquele que vos escreve). É a primeira vez que vejo o livro sendo mais importante que a película. Quais são os autores dos filmes baseados em livros que estão atualmente em cartaz? Eu sei alguns. Mas em nenhuma das resenhas o crítico os menciona. Mencionam diretor, ator etc. – mas é absolutamente irrelevante o livro que deu origem, porque a linguagem do cinema nada tem a ver com o autor do texto.

Já começa com a arrogância em frases como “É a primeira vez que vejo o livro sendo mais importante que a película” – Paulo Coelho aparentemente desconhece fenômenos da cultura pop como O Senhor dos Anéis, Harry Potter e mais recentemente Crepúsculo, suponho. Ou deve achar que filme baseado em seus livros é “cinema de arte”, então não se pode comparar com esses títulos.

De qualquer forma, eu sempre fui da opinião que uma vez que um filme se vende como adaptação de uma obra, dissociá-las é simplesmente impossível. Por exemplo, ontem à noite assisti ao Amor nos tempos do Cólera, com Javier Bardem e Fernanda Montenegro no elenco e baseado em uma obra de Gabriel García Márquez.  Ainda não li o livro (estou esperando o Clube de Leitura lá do Meia Palavra que começa semana que vem), mas como faz pouco tempo que tive oportunidade de conferir Memória de Minhas Putas Tristes, acabei estabelecendo comparações, notando que alguns temas se repetem nas duas obras: a velhice, a solidão, o amor.

E isso é natural. Para o bem ou para o mal, o crítico sempre vai retomar a obra na qual o filme foi baseado. Seja para falar que a versão cinematográfica foi superior ao livro, seja para falar que o diretor não conseguiu o milagre de melhorar algo que já era ruim (que acredito ser o caso de Veronika). Isso para não falar dos fãs xiitas que adoram comentar o que foi deixado de lado ou o que foi alterado nas adaptações. Às vezes o resultado é melhor do que o esperado, e acaba beneficiando a obra em questão, levantando o número de vendas de livros que já até tinham sido deixados de lado (vide o caso de O Curioso Caso de Benjamin Button, que ganhou edição nova na época do Oscar), ou de Watchmen aparecendo em listas de mais vendidos após o lançamento da película.

Anyway, não, não assistirei ao filme e portanto não vou criticá-lo. O livro para mim já bastou.

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