Muito amor para dar

Acredito que quase todo mundo já teve aquele momento pé na bunda cuja melhor coisa a ser feita era trancar-se no quarto e ouvir músicas que cantassem a situação que você estava vivendo. Tem até aquela frase famosa do Nick Hornby sobre ser infeliz por ouvir música pop, ou ouvir música pop por ser infeliz. Enfim, a questão é que somos humanos e mesquinhos e nem só de Nothing Compares 2 U (haha, lembram?) se faz uma trilha sonora de deprê.

Algumas vezes você sente vontade de dizer algumas verdades, de machucar (mesquinhos, lembram?) e principalmente, de dar a palavra final. Acho que com músicos não deve ser muito diferente, é só dar uma olhada em algumas letras em que a voz não canta “tadinho de mim aqui sozinho e largado” mas um desdenhoso “antes só do que mal acompanhado”.

Um bom exemplo disso é True Romance, do She Wants Revenge. Música recheada de frases como “talvez mais uma dança, porque isso é o mais próximo que você chegará de um romance de verdade” ou ainda “não querida, não podemos ser amigos. Na verdade eu gostava mais quando você só fingia”. Amargura pouca é bobagem.

Na linha dos “tô saindo por cima” temos aqui no Brasil um ótimo exemplo com o Chico Buarque. Apesar da moiçola de Olhos nos Olhos dizer que até tá lá para ele se ele estiver afim, ela não diz sem antes mandar a punhalada: “Quantos homens me amaram bem mais e melhor do que você”. Uhhhhh, essa é para machucar o ego de qualquer canalha, heim.

E minha mais nova descoberta (seeeempre o random do last.fm do Fábio, hehe) foi a banda inglesa chamada Archive. É uma banda que já tem aí mais de dez anos de estrada e sete álbuns lançados que mistura trip hop com rock, o que dá um som bem bacana. Com uma das músicas eles mostram como têm amor para dar. O nome é Fuck U, então acho que disso eu não preciso dizer mais nada, certo?

Mas a música é muito boa, mesmo. Clica ali no link se ainda não fez isso. Mesmo que você não esteja de coraçãozinho partido querendo mandar um belo fuck you, é um som bem legal. Aliás, estou ouvindo a tal da banda aqui e uou, eu já deveria ter conhecido antes.

6 comentários em “Muito amor para dar”

  1. Ah! Por acaso do destino, hoje mesmo estava fuçando no tal Last.Fm. Criei uma conta a “mili duca” e nunca tinha acessado, hehe. Vou conferir… mas eles são trip hop pro lado do Portishead ou mais pro Mocheeba?

    Tempão sem vir aqui, né?

  2. Apenas um comentário com respeito à localização e a nomenclatura da cidade aonde você vive. Também vivo nela e às vezes tenho dificuldades para fazer estadounidenses entenderem nomes com acentos ou cedilha. Então, apenas para fins de escrita, seria mais interessante se ao invés de PINHÃO CITY, você usasse o nome BRAZILIAN PINEFRUIT CITY. Além de ficar muito mais com cara de Daslu – não que isso seja necessariamente uma vantagem -, ainda estabelece um contato direto e possibilidade de socialização com o povo acima dos trópicos (partindo do princípio que você realmente queira isso). Qualquer coisa apenas ignore. (A sugestão ou o povo – ou ambos).

  3. Na minha opinião a banda que tem as letras mais deprês e pra baixo é o Anathema, banda de doom/alternativo. São muito sofridas e duras, e não caem nos clichês do tipo “odeio o mundo e me odeio, quero morrer”. Se eu as ler enquanto ouço as músicas caio numa depressão violenta, é sério :surprised:
    Se quiser conferir recomendo os álbuns Judgement e Alternative 4, dois dos melhores.
    Até mais.

  4. Eu acho que ouvir “90 Mile Water Wall” (The National) deprimido é muito propício para suicídio: http://www.youtube.com/watch?v=mSlpbJKZGcE&feature=related (espera até o final)

    Eu não conheço Fuck U, mas ouvi falar deles numa história inusitada. Um jornal fez um reviw do show ou álbum da banda mas não podia dizer o nome dela, então o artigo inteiro era repleto de “**** *”. Os leitores terminavam o texto sem saber quem era o grupo. No fim, o repórter pedia pra entrar no site pra saber o nome – aparentemente, palavrões são mais “aceitáveis” na internet. Queria lembrar dessa história direitinho, mas não consegui ter sucesso nos primeiros 30 segundos no Google, tô com sono. :/

    Mas enfim, quando estou deprimido eu gosto de ouvir música clássica, principalmente Vivaldi. Na verdade, eu ouço Vivaldi deprimido, feliz, normal etc. Quatro Estações foi calculadamente composta para suscitar borbulhões de empolgação em você.

  5. O estilo de música que melhor fala de amor, amor perdido, traições e pés-na-bunda é a brega. Odair José na veia.

    (alerta: não estou falando do neo-brega ou do que algumas pessoas chamam de brega, mas é só música ruim. É o brega na acepção original da palavra)

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