Soylent Green

Conhecido aqui no Brasil como “No Mundo de 2020“, esta produção de 1973 é uma das distopias mais assustadoras que já tive a oportunidade de assistir (levando em consideração filmes como 1984 e Laranja Mecânica, diga-se de passagem). Com Charlton Heston no papel principal, ele conta a história de um policial tentando desvendar um crime envolvendo um figurão de uma companhia de alimentos no ano de 2022. Poderia até nem ser grandes coisas, caso não levássemos em consideração alguns pontos da ambientação além do fato de ser o futuro.

Primeiro: calor insuportável causado pelo efeito estufa. O modo como passam a aridez de Nova York é impressionante, e valorizam muito cenas importantes que passariam batidas, como quando o policial tem contato com uma torneira com água corrente. Porque sim, o segundo ponto é que não bastasse o calor, ainda há escassez de água, e qualquer um que não fosse rico o suficiente para pagar (o que significa quase todos), teria que consumir apenas um galão que é fornecido de quando em quando – para beber, para higiene e afins.

Além disso, há uma superpopulação absurda, todo lugar parece lotado de gente. É o fim da privacidade, no final das contas. Porque para sair de seu apartamento (cubículo, no final das contas), você tem que ir desviando de gente que está “mora” na escadaria, por exemplo. Casas grandes e espaçosas novamente são só para os ricos (que compram o imóvel com mulheres fazendo parte da “mobília” e sendo tratadas dessa forma).

Por fim, o pior: falta de comida. Tão alarmante que em dado momento uma personagem mais velha, que viveu em tempos anteriores a esse, começa a chorar ao ver um pedaço de aipo e algumas maçãs. As pessoas só tem como opção alimentar-se do tal “soylent”, que seria o equivalente a uma bolachinha, variando entre as cores yellow, red e green (ahá, sacou o nome do filme?).

É realmente um futuro apavorante. E é nesse ambiente que o policial investigará o assassinato de um dos “chefes” da empresa que fabrica o soylent green para a população. O desfecho é ainda mais assustador, porque passa longe de um final feliz e esperançoso. E não, não falarei sobre isso, embora a maioria de vocês já deva saber do que se trata. Porque sim, estraga o “efeito final” que a história deve causar em quem está assistindo.

E sabe o que é mais irônico? A primeira vez que ouvi falar desse filme foi há 14 anos, em uma aula de Português. Minha professora batuta fez do desfecho a sinopse, há, há. Enfim, mesmo sabendo do final valeu a experiência. Para falar bem a verdade, agora fiquei curiosa para ler o livro de Harry Harrison no qual o roteiro foi baseado. Se for seguir a linha das outras distopias literárias que passaram para a telona, tem tudo para ser ainda melhor do que o filme.

8 comentários em “Soylent Green”

  1. Leia o livro sim, o filme é apenas vagamente baseado no livro, apenas utiliza a mesma ambientação e (em parte) os personagens principais…

    no livro não temos muitos dos aspectos do filme, como clínicas de eutanásia, corporações malignas e soylent freen é feito de soja mesmo.

    Mas, em muias formas é uma distopia assustadora sobre quão ruins as coisas ficarão se o problema da superpopulação não for resolvido…boa leitura

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