Vozes de Tchernóbil (Svetlana Aleksiévitch)

vozesNesse momento já deve ser meio difícil você não ter cruzado com o nome Svetlana Aleksiévitch, mesmo que não tenha dado muita atenção: ano passado ela ganhou o Nobel de Literatura, este ano foi um dos destaques da FLIP.  É o lado bom do Nobel (tem lado ruim?), isso de acabar atraindo a atenção do mercado editorial para nomes que poderiam nem ser publicados aqui. No caso da Aleksiévitch, por exemplo, não deu nem um mês do anúncio do Nobel e a Companhia das Letras já estava anunciando a publicação de quatro livros da autora. Bom para nós, né.

Enfim, o primeiro título publicado aqui no Brasil foi Vozes de Tchernóbil, lançado em abril (quando o desastre na usina nuclear completava 30 anos). O livro foi originalmente publicado em 1997, mais de dez anos após o acidente e é uma reunião de relatos de pessoas que viveram nas regiões afetadas pela radiação. Abre com o depoimento de Liudmila Ignátienko, esposa de um bombeiro que estava no grupo dos primeiros a chegarem ao local no dia da explosão.

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Cidade em Chamas (Garth Risk Hallberg)

Não, a capa do livro não é em gif. A imagem é da divulgação da Companhia das Letras. Mas gente, vão numa livraria ver essa capa, linda. Dá vontade de comprar o livro de papel *_*

É meio dizer o óbvio ao notar suas mil e tantas páginas que Cidade em Chamas de Garth Risk Hallberg é um baita romance. Mas a definição não cabe só por ser longo, ele é ambicioso, sabe. Se concentra em eventos de um determinado período da história de Nova York, mas outros anos vão se esparramando ao longo da narrativa, vemos o antes e o depois de uma forma não-linear. A melhor forma de descrever é citando um trecho onde uma personagem refletindo sobre o espetáculo de fogos de artifício:

(…) cada espetáculo de fogos é totalmente preso ao tempo. Uma singularidade. Sem passado e sem futuro. Fora o próprio fogueteiro, ninguém jamais vem a saber que o grand finale é o grand finale até tudo estar acabado.

E aí, por mais que aqui e acolá você tropece em uma descrição do livro falando qualquer coisa sobre o ser sobre os irmãos Hamilton-Sweeney e as pessoas com quem eles convivem, eu acho que vai um tanto além. Aliás, a cola que parece prender todas as personagens (bem como a narrativa em si) é Sam, a menina apaixonada por música e fotografia contra quem alguém atirou no Central Park na noite da virada de 76 para 77.

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