Na floresta do bicho-preguiça (Anouck Boisrobert, Louis Rigaud e Sophie Strady)

Há pouco através de Para ler o livro ilustrado (de Sophie Van der Linden) reparei em duas constantes sobre os livros infantis: a primeira é o preconceito de que é bobagem, puro entretenimento e que nada tem a ver com arte. A outra é como faltam traduções de (bons) livros ilustrados aqui no Brasil, que venham justamente contrariar a primeira ideia que se faz desses. Especialmente os franceses, que parecem estar sabendo explorar muito bem a perfeita combinação entre texto e ilustração que essas obras pedem.

E agora a Cosac Naify lança Na floresta do bicho-preguiça, primeiro livro pop-up da editora. Obra dos franceses Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, com texto de Sophie Strady, esse livro ilustrado chega justamente para mostrar ao público como é possível mesclar linguagem e imagem de forma rica, encantadora e – ok, o mais importante para as crianças – divertida.

Aproveitando-se ao máximo dos recursos que o livro pop-up oferece, Na floresta do bicho-preguiça é uma espécie de livro-jogo, convidando o jovem leitor a explorar a floresta em busca do bicho-preguiça. Além disso, narra uma história que alerta para os problemas da devastação, mas ainda assim tem um desfecho cheio de esperança, e muito bonito: a página do homem replantando a floresta tem um recurso de “puxe-aqui”, e as sementes vão germinando num processo que lembra muito aqueles vídeos acelerados de nascimento de plantas, é realmente um efeito belíssimo.

Além disso, a própria floresta, que ainda conta com o barulho que o livro faz ao abrir a página – é quase como o de estar entrando em uma floresta e pisando nos pequenos gravetos que ficam no solo. E o processo que vai da apresentação da floresta até sua devastação também é muito bem retratado, indo de uma lindíssima combinação de verde e marrom e chegando ao domínio do branco (o nada).

Para manter a coerência com o tema abordado pelo livro, a editora também teve o cuidado de usar tinta de soja ecológica, além de possuir o selo FSC, que comprova que o papel utilizado veio de floresta gerenciada de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Resumindo, é um livro verde em todos os sentidos da palavra.

Até por suas cores bem vivas chama a atenção de crianças de mais de 6 meses, embora essas ainda não possam compreender o sentido da história, há uma tentativa de tocar nas ilustrações que saltam da página. Para as mais velhas vale a pena chamar a atenção para a brincadeira de procurar a preguiça, e junto com isso buscar chamar a atenção da criança para assuntos de natureza ecológica.

Além de belo, é um ótimo exemplo de como tem coisa boa lá fora para ser traduzida para as crianças daqui. O contato com livros como esse, com recursos diferentes tal como o pop-up, acabam despertando o amor pelo livro, fazendo com que a criança veja no objeto uma fonte de prazer e diversão, não só de obrigação como acontecerá ao chegar na escola. Recomendadíssimo para pais que estejam montando pequenas bibliotecas em casa para seus filhos.

Para quem ficou curioso, no site da Cosac Naify há um video mostrando o livro, com os recursos pop-up e o puxe-aqui comentando acima.

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