O Discurso do Rei

É, eu bem que tive a intenção mas não vai dar para ver o que foi indicado para melhor filme no Oscar. Pensa só, Toy Story 3. Eu não vi nem o primeiro e o segundo, já seriam aí três filmes para assistir. Então resolvi tornar a meta mais realista e ver pelo menos os que tem mais indicações, o que faz de O Discurso do Rei uma escolha óbvia (foram 12 no total, não é?). Aquela coisa, nesse Oscar eu estava notando que minha torcida seria mais contra A Rede Social (superestimado, cof cof) do que a favor de qualquer um, mas acabou que Colin Firth e Cia. ganharam minha simpatia.

Para começar, as atuações. Acho que foi uma das poucas vezes que bati os olhos no Firth e não pensei “Há, Mr. Darcy!”. O trabalho dele como o Rei George VI está impecável, e não apenas pela gagueira – que sim, requer muito do ator para não fazer de forma exagerada ou artificial – mas também pelo modo como ele consegue transformar alguém com um temperamento difícil em uma pessoa admirável, carismática. Não é tarefa fácil, e se o público não estabelecesse essa relação com George VI logo que ele aparece, o filme estaria perdido. Afinal, quem quer ver a história de superação de um chato filho da mãe?

Outra pessoa que está muito bem é a Helena Bonham Carter. Eu já estava tão acostumada com aqueles papéis amalucados dela em filmes do Tim Burton que foi com surpresa que vi que ela consegue fazer uma pessoa comum (até o ponto em que uma rainha possa ser considerada comum) muito bem. Está simplesmente encantadora, tem horas que dá vontade de apertar as bochechas dela, sério. São expressões, pequenas interjeições, olhares. Enfim, está ótima.

A história em si tem suas bases em dois temas bastante recorrentes no cinema, primeiro a já mencionada superação (sujeito tem um obstáculo a vencer). Segundo, a amizade entre pessoas de mundo diferentes, aqui no caso o terapeuta Lionel e George VI. É daqueles enredos sem grandes dramas ou dificuldades, e as duas horas do filme se sustentam principalmente nos diálogos que vão mostrando como pouco a pouco Lionel conquista a confiança do rei.

O clímax ficou muito bonito especialmente por causa da música ao fundo (que já foi usada em ‘n’ outros filmes mas eu não lembro o nome agora, há!), que combinada com o discurso e a imagem do povo inglês reunido para ouvir seu monarca criam um efeito que consegue passar bem para quem não faz parte de uma monarquia o poder da voz do rei.

Como ponto fraco eu colocaria Guy Pearce, que não conseguiu segurar as pontas como o rei Eduardo (a cena em que ele busca consolo abraçando a mãe chega a dar vergonha alheia), somando a isso um pequeno relaxo por parte dos roteiristas com a personagem. Aquele discurso em que ele anuncia que está renunciando ao trono também é historicamente importantíssimo, e poderia ter sido utilizado de forma melhor inclusive como contraponto das dificuldades de “Bertie”, mas ficou apenas “largado” no meio da história como se não fosse relevante.

Mas no geral é um ótimo filme. Não o vejo como um grande ganhador do Oscar, mas o que me parece é que esse ano teremos um punhado de bons filmes, bem executados mas que no final das contas não tem nada de muito extraordinário que faça com que seja lembrado nos próximos anos. Se bem que se você bater os olhos na lista dos que ganharam nos últimos anos, vamos concordar que ganhar Oscar não significa ser lembrado para sempre né? Shakespeare Apaixonado? WTF?

3 comentários em “O Discurso do Rei”

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