Edgar Allan Poe

poePara celebrar o que seriam os 200 anos do meu escritor favorito de todos os tempos (hehe), fiz aqui um copy paste frankenstein da minha monografia. Espero que tenha algumas informações novas para vocês, fãs do autor. Eu ainda acho que como contista ele pode ser colocado facilmente no pedestal dos melhores de todos os tempos. A forma como ele desenvolve as narrativas é fenomenal, e muito embora a preguiça tenha falado mais alto e eu tenha deixado essa pesquisa de lado, ainda acredito que Machadão contista aprendeu muito com Poe. E eu duvido que tenha alguém que tenha o mínimo de leitura e não conheça o poema O Corvo. É como dizia Leminski:

afinal
somos todos
frutos
da
mesma
POE TREE

Edgar Allan Poe

O mistério é o tom predominante não apenas na obra do escritor norteamericano Edgar Allan Poe (19/01/1809 – 7/10/1849) mas também em sua vida. Biógrafos debatem a respeito de datas e eventos que podem ou não ter acontecido, uma vez que os registros do período são poucos e, por muito tempo, a única biografia conhecida de Poe era a escrita por Rufus Wilmot Griswold em The Works of the Late Edgar Allan Poe, obra publicada logo após o falecimento do escritor, em 1850.

Essa publicação é extremamente importante no que se refere aos estudos sobre Poe, primeiro por ser a primeira a unir a prosa, a poesia e a crítica do autor em um mesmo volume, tornando-se a base de muitas das compilações que surgiriam no futuro. Além disso, essa primeira biografia presente em The Works of the Late Edgar Allan Poe  – na realidade um prolongamento do obituário (publicado em 9 de outubro de 1849 no Tribune de Nova York é conhecido como “Ludwig”, uma vez que Griswold adotou esse pseudônimo para assinar o texto) escrito por Griswold, tem uma evidente relação não só com a imagem de um Poe cheio de vícios e insano, que foi criada e perpetuada a partir deste texto, mas também com uma faceta importante do escritor: a de crítico literário.

Através de ensaios como “The Philosophy of Composition” ou resenhas comentando obras da época como “Review of Hawthorne’s Twice-Told Tales”, fica evidente o enorme interesse de Poe sobre a estética dos textos, seja através da busca pela Beleza, ou ainda, da Unidade de Efeito. Apesar disso, na opinião de Joseph KRUTCH presente no livro Poe: A Collection of Critical Essays, a crítica que Poe fazia era “as intensily personal as his poetry or his fiction. Beauty as he defines it includes nothing except beauty of the sort which he himself produced.”  (KRUTCH, 1967, p.28).

Essa observação severa de Krutch espelha o tom predominante da crítica norte-americana no que diz respeito à produção literária de Poe por um longo período4, como comentado por Allen Tate: “For Americans, perhaps for most modern men, he is with us like a dejected cousin: we may “place” him but we may not exclude him from our board.” (TATE, 1967, p.49).

Temos como marco inicial da produção literária de Poe a coletânea de poemas Tamerlane and other Poems, publicada em 1827 e que o poeta assinou sob o pseudônimo de “A Bostonian”. Entre 1828 e 1829 Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems é publicado já com o nome de Edgar Allan Poe. Entretanto, é após a publicação de Poems: Second Edition, entre 1830 e 1831, que o cenário ideal para a criação dos contos começa a ser desenvolvido. Nesse período, o escritor envia cinco trabalhos para um concurso do Saturday Courier e, embora nenhum ganhe, no ano seguinte seriam todos publicados no periódico.

Esses cinco textos fazem parte de um projeto de Poe: a publicação do que chamaria de Tales of the Folio Club. No verão de 1833, o autor manda os contos, além de outros seis, para um concurso do jornal Saturday Visiter, de Baltimore e “MS. Found in a Bottle” ganha o primeiro lugar. A boa colocação garante um espaço para a publicação do conto em 1834 “The Visionary” no Godey’s Lady’s Book, primeiro jornal de grande circulação no qual algum trabalho dele aparece.

É importante ressaltar que é essa cultura de publicação e concurso de contos e poemas que oferece uma oportunidade não só para o Poe “contador de histórias”, como para o resenhista. Tanto é que, em 1835, um dos juízes do concurso que Poe ganhara, recomenda o escritor para o dono do Southern Literary Messenger e o jornal tem suas vendas alavancadas com a publicação de vários textos de Poe entre contos, ensaios e também com “Hans Phaall”, a primeira narrativa longa do autor. Com esse sucesso, Poe ganha o cargo de editor assistente e de principal resenhista de livros neste
jornal.

Apesar da boa fase, Poe não consegue publicar o já mencionado projeto Tales of the Folio Club. Além disso, em 1837 ele é demitido do Southern Literary Messenger e passa a trabalhar como free-lancer, publicando contos como “Ligeia”- que o autor considerava seu melhor trabalho – escrevendo criptogramas para a Alexander’s Weekly Magazine e editoriais para a Gentleman’s Magazine.

Em 1839 o livro Tales of the Grotesque and Arabesque é publicado pela Lea and Blanchard. Um ano depois, na fusão da Burton’s Gentleman’s Magazine com The Casket (que formaria o Graham’s Magazine), que Poe tem maior sucesso. Recebendo um salário de 800 dólares, com pagamento extra para textos literários, Poe consegue entrar em um período de calmaria na vida pessoal, o que colabora para um impulso na vida profissional: não apenas aumenta a sua produção de textos, mas aumenta as
vendas do Graham’s.

É nesse momento, mais precisamente em maio de 1842, que temos a publicação do conto “A Máscara da Morte Rubra”, que estudei em minha monografia. Na minha opinião, um dos melhores trabalhos de Poe, que já ganhou releituras em várias mídias, do cinema até os quadrinhos. O original desse conto vocês podem conferir no site da Edgar Allan Poe Society of Baltimore (que tem TODO tipo de texto sobre Poe, então a leitura é mais do que recomendada).

No mais, tenho mais é que celebrar que há 200 anos um escritor como Poe nasceu. Um sujeito que agitou as águas da literatura de tal forma que a crítica literária acaba o encaixando “à força” em escolas literárias, mas ele mesmo pode ser considerado o “vô” de uma que viria depois, lá na França: o Simbolismo. Não é qualquer um que tem esse tipo de “honra” no currículo, ahn?

Referências:

KRUTCH, J. Wood “The Philosophy of Composition”. Poe: A Collection of Critical Essays. Ed. Robert Regan. Englewood Cliffs, NJ: Prentice, 1967.

POE, Edgar A. Poetry and Tales. Nova York: The Library of America, 2005.

TATE, Allen “Our Cousin, Mr. Poe”. Poe: A Collection of Critical Essays. Ed. Robert Regan. Englewood Cliffs, NJ: Prentice, 1967.

Outras leituras recomendadas:

Além Poe, de Paulo Leminski (presente na coletânea de contos O Gozo Fabuloso)

Poe, de James Hutchisson (importado, mas acho que dá para conferir uma coisa ou outra no Google books)

Mais Poe no Hellfire Club:

And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door

Já dizia Mark Twain…

A vida imita a arte

3 comentários em “Edgar Allan Poe”

  1. Hmmm…..
    preciso ler com mais atenção esse post, qdo tiver tempo.

    Do Poe só conheço Assassinatos na Rua Morgue, fui atrás do conto incitado por uma música do iron maiden, com esse mesmo nome. É algo muito bom, pioneiro em termos de investigação policial.

    Mas obviamente preciso ir atrás de mais coisas. Li em algum lugar que ele influenciou até Dostoievski… será possível?

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