Balanço Literário do Mês: Janeiro

Já que é um ano novo que começa, resolvi fazer algo diferente sobre meus registros literários. Ok, não sou a primeira a fazer um esquema Nick Hornbyniano de registro mensal de leituras, mas a ideia nem é ser original, só de anotar minhas impressões das leituras de forma um pouco mais informal do que faço nas resenhas. Vou comentar sobre o que li, sobre o que estou lendo e sobre os livros que chegaram (nessa categoria encaixam-se os que ganhei, os que comprei e os que foram enviados pelas editoras para resenhar). Então para janeiro temos:

Livros lidos: A sombra da guilhotina (Hilary Mantel), A menina que não sabia ler (John Harding), Coisas Frágeis, vol.1 (Neil Gaiman), Memórias do Subsolo (Fiódor Dostoiévski), O Dom do Crime (Marco Lucchesi), Adoro Morrer (Tibor Fischer), A Casa do Canal (Georges Simenon), 125 contos de Guy de Maupassant (Guy de Maupassant), Sussurro (Becca Fitzpatrick).

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O Dom do Crime (Marco Lucchesi)

Poucas obras nacionais mexem tanto com o imaginário popular quanto Dom Casmurro, de Machado de Assis. Algumas vezes mesmo aqueles que terminaram o ensino médio com um certo trauma da obra, ainda assim embarcam em discussões sobre o romance, que invariavelmente acabam na velha pergunta “Capitu traiu ou não traiu?”. A crítica literária já se debruçou sobre essa questão, mas a verdade é que nunca há de se saber. E por não existir resposta que talvez tantos escritores busquem romancear sua visão do que aconteceu.

É o caso de Marco Lucchesi, com seu romance de estreia, O Dom do Crime. Tomando como ponto de partida um crime passional que ocorrera no Rio de Janeiro nos tempos de Machado de Assis (mais precisamente em 1866), Lucchesi acaba por nos mostrar através do romance que Capitu é apenas uma vítima em uma sociedade machista que ainda absolvia criminosos por crimes de “limpeza de honra”, tomando como referência a ideia de que Machado inspirou-se no crime para criar sua famosa personagem. Continue lendo “O Dom do Crime (Marco Lucchesi)”