True Blood: Sexta temporada

Hmkay. Será um post estranho, porque até o ano passado eu ainda costumava comentar os episódios de dois em dois, e este ano acabei preferindo deixar um comentário para o começo e outro para o fim da série e bom, deu no que deu. Vamos ver o que dá para fazer com isso. Considerando que este post comentará todos os episódios da temporada, acho que não preciso dizer que isso aqui está cheio de spoilers, certo? Ok, brulululur viagem no tempo, aqui temos as impressões sobre o primeiro episódio da temporada:

Mas divago. Importante é que eu estava com medo do que representaria a saída do Alan Ball para a série, mas aparentemente foi bom. Mas ok, meio cedo para comemorar. Mas relendo aqui o que escrevi sobre os primeiros episódios das temporadas anteriores, esse é by far o melhor de toda a série. Aliás, entrou na seleção de um dos melhores episódios da série como um todo, não só como inicial. Negócio é torcer para que o ritmo continue bom e que por favorzinho com queijo, sejam infundados esses boatos que andam se espalhando por aí de que essa temporada seria a última. Muita sacanagem acabar logo quando fica bom.

Negócio é: considerando todas as temporadas de True Blood, todas MEEEEESMO, esta tinha sido a melhor. Acho que foi um episódio mais ou menos para todos os outros bem legais, cheios de momentos marcantes, wtfs, e tudo o mais. De fazer você se empolgar mesmo com a história, e cada episódio ter um cliffhanger digno de season finale. Único ponto negativo era o drama Alcide/Sam, mas convenhamos, foi tão rápido que nem deu tempo de pensar “Ei, peraí, o Sam acabou de perder o amor da vida dele e já tá apaixonado de novo? O que colocam na água de Bon Temps?!”. Ok, deu tempo, mas eu sou chata com o plot dos lobisomens e shifters, então deixa pra lá. No final das contas, não cheirou e nem fedeu e, o mais importante, o tempo de tela foi beeeeeeeem mais breve do que costumava ser.

E aí tem a parte dos vampiros, que esteve ótima (mesmo que com algumas escorregadas). Acho que o que mais gostei em toda essa situação do governador declarar guerra aos vampiros é que True Blood voltou às origens, traçando um paralelo entre vampiros e minorias, acho que aqui principalmente os gays, sobretudo quando religião entra no caldo. Isso para não esquecermos da Hep V (vale lembrar que nos anos 80 a AIDS era considerada por muita gente “doença de homossexual”). Acho que foi aí que True Blood me ganhou. Porque episódio após episódio eles davam um novo tapa de luva de pelica em homofóbicos, especialmente aqueles que usam Deus como desculpa para destilar o ódio. Nesse sentido, Sarah Newlin foi a principal antagonista da temporada (“Thank you, Jesus” depois de enfiar um salto na cabeça de uma mulher?), e aquele diálogo dela com Jason em que ele diz que está conversando com “o big J” foi um dos bons momentos desse ano.

E estava tudo bem, o Eric chutou bundas a temporada toda, a história parecia estar seguindo bem, mesmo que a cada episódio chegasse uma nova surpresa – tomo aqui como exemplo o Warlow, que no primeiro episódio achei que era o Niall, depois comecei a desconfiar que o tal do Ben era ele, aí descobrimos que era, a personagem passa de vampiro do mal que queria matar Sookie para vampiro do bem que salvou Sookie e por aí vai. Capítulo após capítulo, não tinha como imaginar qual seria a conclusão da sexta temporada.

E nem que ela seria tão cretina como o episódio que foi ao ar ontem à noite.

Pior season finale de qualquer série que eu já acompanhei. Pior até que House jogando o carro na casa da Cuddy. Vamos por partes:

Final de Warlow: o vampiro mais velho vivo, que por acaso também tinha sangue de fada, morre daquele jeito? Aliás, ele passou muitrocentos anos preso num plano aleatório qualquer, e Niall leva duas semanas para sair dali, e uou, bem na hora que mais precisava? Aquilo chegou até a ser anti-climático. E tem outra coisa sobre ele…

Profecia de Lilith: ahnn… eu realmente esperava que pelo menos no último episódio existisse uma revelação qualquer sobre isso. Pergunta: precisava ter relacionado Warlow à Lilith se no final das contas a conclusão não precisou disso? Não dava para simplesmente atribuir a importância que ele realmente teve, de ter o sangue de fada que permitiria que os vampiros andassem sob a luz do sol? Sensação que dá é que eles não sabiam o que fazer com o Bilith, na boa. Ah, é! Bem lembrado.

Bilith: De babaca mor da temporada ele passa para grande salvador, é isso? “Voltei a ser Bill”. E aquela conversa estilo dramalhão mexicano com a Jessica, vergonha alheia! Nesse sentido, por incrível que pareça, eu prefiro o Bill dos livros.

Sookie e Alcide: Eu ficaria de boa com os dois, mas aí a Sookie já é salva pelo Niall e o Jason (que m* de protagonista que sempre depende de macho para salvá-la, né) e aí começa a namorar um cara que a trata como se ela fosse propriedade dele? Argh. Não precisa ser badass como a Buffy, mas vamos arrumar um meio termo para a dona Stackhouse, sim?

Solução de Sam e Bill: Além de ser completamente sem noção (proteção em troca de sangue, como se em seis meses fosse impossível voltar a produzir True Blood sem Hep V), esculhamba toda a metáfora das minorias que antes eu estava comentando. Porque não é sobre viver em harmonia, ou a vitória da tolerância. É só sobre usar o que a outra pessoa pode te oferecer.

Vampiros contaminados: Nora morreu em dois dias, e sofreu horrores (aliás, vale dizer que bem no momento que comecei a simpatizar com a personagem, pans). Aí chega no fim e você vê só uns vampiros com cara de mal e umas marcas na pele. Eu sei que falaram em mutação em determinado momento, mas não faz sentido. Menos sentido ainda faz você reunir quase toda a população da sua cidade em um lugar sendo que há risco de existir um ataque de vampiros.

Eric: Deixei o pior para o fim.

Não é por shippar Sookie e Eric. Não mesmo. Mas não consigo entender como é que passam tantos episódios lamentando a morte de Terry, uma personagem secundária, e aí fazem isso justamente com uma das melhores personagens da série. Uma morte estúpida dessas? Quando começaram a sair as primeiras notícias sobre essa cena (alguém postou uma imagem no IMDb e o fandom ficou bem louco), minha teoria é que ele ia seguir o Godric e tentar se matar. Aquele “Don’t you dare leave me” da Pam no episódio anterior já tinha partido meu coração, então parecia que seria esse o caminho. Mas aí começa a cena, tá o cara pelado e lendo numa montanha e upz, acabou o efeito o sangue do Warlow então ele queima e grita NOOOOOOOOO, claramente indicando que ele não estava esperando aquilo, portanto, não queria morrer.

SÉRIO? Sério meeeeeesmo?

“Ai, Anica, pelo menos deu para ver o pinto do Alexander Skarsgård!”. É, e junto com um pinto um efeito de fogo ridículo, mais ridículo que a situação toda. Porque vale lembrar aqui, Eric já tinha bebido sangue de fada antes e sabia que o efeito acabava (quarta temporada), então não dá para acreditar que ele do nada ficou burro e esqueceu desse “detalhe”. Enfim, completamente sem noção. Ele realmente merecia uma despedida, pelo menos no mesmo nível que o Godric.

Tem uma conversa de que essa cena só existe porque estavam em fase de renegociação de contrato, com chances do Skarsgård não assinar para a sétima. Assim se ele assinasse, alguém apareceria para salvá-lo, caso ele não assinasse, o fim dele já estava explicado. Se for pensar bem, ele já queimou bastante (naquela vez que armaram uma armadilha para o Russell), e não mostraram o corpo dele virando uma poça de sangue como o Steve, então ainda há chances WTF, a Tara tomou um tiro na cabeça e voltou. Blé. Fica de curiosidade aí, o título do livro que ele está lendo é Den allvarsamma leken, de  Hjalmar Söderberg. Em inglês, “The Serious Game“. Conta a história de um casal que se apaixona quando são jovens, mas acabam casando com outras pessoas. Dicona de que a Anica está shippando o casal errado, só para variar.

Se eu vou continuar vendo True Blood? Eu tenho TOC, não consigo largar série até acabar. O mais provável é que sim, eu vá até o final, especialmente se a temporada que vem for a última. Mas não dá para deixar de achar irônico: seis anos de temporadas ruins cheias de deslizes*, e você continua até porque já se acostumou com a tosqueira da série. E aí logo quando vem uma temporada boa, chega um desfecho como esse e desanima totalmente de continuar assistindo.

________

* Deslizes tipo: na quarta temporada Eric fica bêbado com sangue de fada, nesta temporada ele suga o Warlow e necas, fica de boas e salva geral. Ou ainda, Warlow fica preso num outro plano por muitrocentos anos, mas sabe o que é um cinema drive-in e boliche. Detalhezinhos que você acaba relevando, afinal, é True Blood. Mas pombas, não mata o Eric assim.

8 comentários em “True Blood: Sexta temporada”

  1. True Blood é aquela coisa: bastante potencial que nunca é aproveitado como a gente imagina e sempre superando os limites do WTF!? a cada episódio.
    Não curti tanto assim essa temporada, sempre achei o Terry e a Arlene um pé no saco e não aguentava mais o xororô com a morte do Terry. Além disso, o maldito ainda acabou com o penúltimo episódio, porque alternava entre Eric e Bill lá no “campo de concentração para vampiros” e aquele enterro pra uma personagem secundária.
    Eu achava o Eric a personagem mais interessante da série, dar uma morte idiota dessas pra ele é pra f**** com tudo mesmo. Fora que acabou com a esperança de metade da galera que fazia ship em True Blood. Hahahah.
    Enfim, acho que até eu teria capacidade pra escrever um season finale mais decente que esse último. Supera até mesmo aquele season finale chato pra caramba com a Menade e o Sam virando touro.

    1. Eu ainda não me conformo com o tempo que deram para o Terry e o fim que deram para o Eric. Eu acho que inclusive é o que mais pesa negativamente sobre o final do Eric: se fosse em outra temporada, provavelmente já teríamos esquecido. Mas logo nesta em que o Eric foi tão importante, vem uma personagem ~~secundária~~ e ganha todo um funeral e yadda yadda yadda e o Eric não tem nem uma despedida Godric style? Difícil. E ainda mais com aquele efeito especial horrível.

      E você tem razão, superou até o final da Menade. Até porque aquele final dos vampiros infectados e bem blé, não parece algo que deixe a audiência curiosa como o Bill tomando o sangue da Lilith na temporada passada.

  2. Fábio Kabral – Fábio Kabral é escritor, autor dos romances “Ritos de Passagem” e “O Caçador Cibernético da Rua 13“. Escreve também em seus blogs e redes sociais. Ator formado pela Casa das Artes de Laranjeiras, estudou Letras na UFRJ e na USP. Um dos fundadores do site “O Lado Negro da Força“. Já trabalhou como ator, dublador, livreiro e analista de mídias sociais. Palestrante de temas relacionados a afrofuturismo, afrocentricidade, candomblé, literatura fantástica, cultura pop e criação literária. Iniciado no candomblé e filho de santo do terreiro “Ilê Oba Às̩e̩ Ogodo“.
    fabiokabral disse:

    Pior. Final. De temporada. EVAH.

    Só isso que tenho pra dizer.

    Mentira, até tenho mais, mas que preguiça…

    Por que continuo acompanhando essa coisa? Porque sofro do mesmo TOC que você – afinal, eu acompanhei HEROES até seu desastroso cancelamento! Por que não True Blood, não é mesmo…

    É impressionante como tiram vampiros antigos do cu e os matam com a mesma facilidade; desta vez, uma criatura imensamente poderosa, com mais de 5.000 anos de idade, e ainda híbrido de fada, com poderes verdadeiramente espetaculares, morrer daquela forma imbecil nas mãos do Jason. Parabéns a todos os envolvidos!

    E o Bililith? Pessimamente aproveitado! E péssima forma de reverter o status quo do personagem! Nossa…

    Sookie, indefesa novamente! Sookie, sempre salva por machos! Sookie, agora com o pior macho possível! Quem faz esse roteiro? Que lixo!

    Acho que assisto True Blood também por ser um excelente celeiro de boas ideias mal aproveitadas – adoro!

    Enfim… até ano que vem!

    1. É uma das coisas que me incomodam em True Blood: não há a menor diferença o cara ser um vampiro mais velho, aparentemente. O Russell foi pego duas vezes com bastante facilidade, agora o Warlow, todos os da autoridade na temporada passada e assim vai.

      E aí você vê vampiro jovem como a Tara chutando bundas de vampiros mais velhos, ou aquele oba-oba de vários vampiros voarem (nos livros é uma característica só do Eric ¬¬). Argh, tenso.

  3. Ainda não vi os 2 últimos episódios, exatamente por MEDO! Muito medo de me decepcionar…
    Fuçando na internet, achei esta entrevista, com a data de ontem (20/08/2013), com o atual direitor da série, Brian Buckner, aparentemente afirmando que sim, Eric Northman estará presente na 7ª temporada. Porém, não confio muito no meu inglês, menos ainda no tradutor do google.

    Espero sinceramente que seja verdade!

    Aí vai:
    Alexander Skarsgard Returning To ‘True Blood’ For Season 7
    Posted: 08/20/2013 3:01 pm EDT

    “True Blood” boss Brian Buckner confirmed Skarsgard’s involvement in an interview with TVLine. “I can tell you that Alexander Skarsgard is going to be a part of the next season of ‘True Blood,'” Buckner said. “He will be a series regular.”

    The fate of Skarsgard’s character, vampire Eric Northman, was left up in the air after the “True Blood” Season 6 finale. Skarsgard’s last scene featured his character naked, reading atop a mountain and then suddenly burning up in the sunlight after Warlow’s blood left him.

    But don’t expect Eric to be up and well, walking around Bon Temps when Season 7 kicks off on HBO next summer. Buckner said that would be a “cheat.”

    Season 7 of “True Blood” will attempt to get back to the basics. “[We hope] you’re gonna feel that the show is going to return back to its roots and it’s going to be about this group of people living in Bon Temps,” Buckner said at Comic-Con. “We’re going to condense the number of stories we’re telling and make it feel like we’re coming home.”

    “True Blood” will return summer of 2014.

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