Morte na Mesopotâmia seguido de O caso dos dez negrinhos

Quando se fala em histórias policiais, Agatha Christie é sempre citada. Seus livros estão entre os mais traduzidos no mundo (naquela lista seleta que entra a Bíblia e Shakespeare), o que lhe rendeu o apelido de a Rainha do Crime. Para quem já a conhece as histórias, a boa notícia é que estão chegando no Brasil através da L&PM adaptações feitas para os quadrinhos, das quais pude conferir Morte na Mesopotâmia seguido de O caso dos dez negrinhos.

Tanto Morte na Mesopotâmia quanto O caso dos dez negrinhos foram roteirizados por François Rivière. É óbvio que muito se perde na adaptação, mas Rivière consegue fazer um trabalho razoável na transposição do texto para a linguagem dos quadrinhos. Talvez apenas Morte na Mesopotâmia tenha sofrido alguns cortes que atrapalharam um pouco o ritmo, mas O caso dos dez negrinhos segue eletrizante do começo ao fim – tal como na obra escrita por Agatha Christie.Um ponto positivo, aliás, é que a editora tenha optado a não recorrer ao chatíssimo ato politicamente correto de traduzir o título conforme o americano, e não o original britânico. Ten little niggers nos Estados Unidos ficou conhecido como And Then There Were None e aqui no Brasil já estão saindo algumas edições como E não sobrou nenhum, ao invés de O caso dos dez negrinhos. Convenhamos, mudança completamente desnecessária já que ao longo de todo o texto a rima dos dez negrinhos é evocada o tempo todo, atribuindo sentido ao título.

Sobre a arte da HQ, Morte na Mesopotâmia ficou por conta do artista Chandre e O caso dos dez negrinhos é de Frank Leclercq. O primeiro parece mais moderno, até na questão das cores, e o segundo lembra muito o bom e velho traçado das histórias de Dylan Dog, inclusive talvez ficasse melhor se fosse preto e branco, e não colorido. Acredito que ambos os artistas deram conta de ilustrar o que não poderia aparecer no diálogo direto do texto nos quadrinhos, talvez com Chandre exagerando um pouco na expressão das personagens quando assustadas, mas acho que era necessário nessa história.

O que me intrigou é porque Leclercq desenhou Wargrave como o ator Vincent Price. Foi apenas uma homenagem ou o ator já havia encarnado a personagem em alguma adaptação cinematográfica? Não consegui achar informações sobre isso, mas não tem como negar, Wargrave é a cara de Price.

No final das contas foi divertido ler Agatha Christie em quadrinhos, algo que até então eu ainda não tinha feito. A leitura é rápida, um bom entretenimento e pode agradar várias idades. Inclusive pode funcionar como incentivo para os mais jovens que estão começando a desenvolver o hábito de leitura, já que com uma boa diversão podem ficar curiosos pelos livros de Agatha, que são ainda melhores.

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