O Segredo dos Seus Olhos

Oscar de melhor filme estrangeiro, 199ª posição no top 250 do IMDb, centenas de críticas mais do que positivas sobre o filme… e aí é óbvio que fiquei morrendo de vontade de conferir O Segredo dos Seus Olhos, produção argentina com Ricardo Darín que conta a história de um agente de justiça que depois de aposentado resolve escrever um romance baseado em um dos casos mais marcantes de sua carreira, um estupro seguido de assassinato.

A intenção de escrever o romance é óbvia desde o início: o escritor reconhece que aquele caso foi uma das encruzilhadas em sua vida, um daqueles momentos decisivos que fazem toda a diferença por causa de suas ações e das demais pessoas envolvidas. Escrever sobre o assassinato é de certa forma repensar o que foi que fez dele o que é hoje, um sujeito que apenas vive, mas cheio de vazio.

A narrativa mescla o passado e o presente de Esposíto (o agente)  investigando o caso Morales. No presente, vemos um homem que simplesmente não consegue aceitar a falta de um real desfecho para um evento tão importante para sua própria vida. No passado, Esposíto aparece completamente decidido a resolver o crime, movido principalmente pela paixão que ele viu no viúvo da vítima – algo que não conseguira encontrar novamente.

O interessante sobre O Segredo dos Seus Olhos nem é o crime em si, que é resolvido já na primeira parte do filme. Mas principalmente a ideia exposta pelo colega de Esposíto, de que um homem pode mudar tudo, rosto, família, garota, religião – mas que nunca escapará de sua paixão. São as paixões das personagens que as conectam na trama, e não necessariamente paixão no sentido romântico, mas naquela compulsão, aquela força que te empurra para ações que você sequer tem noção de porque está cometendo.

E é quando mostra essas paixões e como cada qual na história lida com isso que o filme encanta. Ao contrário de muitas críticas que li, não achei a conclusão “surpreendente” e nem foi ela que me levou a gostar do que assisti – embora os minutos finais tenham sido tensos o suficiente para eu quase querer tapar os olhos, por mais que eu soubesse o que estava por vir.

Não sei se chega a ser o melhor filme que assisti em toda a minha vida, mas está certamente acima da média. E é claro, sempre vale a pena fugir um pouco do que já estamos acostumados. Vale lembrar que foi adaptado de um livro de Eduardo Sacheri, La pregunta de sus ojos (pelo que vi, ainda sem tradução no Brasil).

2 comentários em “O Segredo dos Seus Olhos”

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