Dá uma preguiça…

baby bookNa Valinor tem um tópico de 22 páginas no qual as pessoas falam dos piores livros que já leram. E claro, algumas respostas tem mais a ver com a pessoa não gostar de determinado estilo, ou simplesmente achar a história pavorosa mesmo (isso para não falar das citações óbvias aos livros de auto ajuda que, como todos sabem, são patéticos).O problema é que não consigo entender gente colocando um “Dom Casmurro” (Machado) ou um “A Hora da Estrela” (Lispector) em uma lista assim. Não dá, sério. Principalmente porque junto com o nome do livro vem o fatídico… “tive que ler para a escola“.

Cá entre nós, que diabos passa na cabeça dos professoras de Língua Portuguesa e Literatura? Porque se você for perguntar para essa molecada, uma boa parte vai dizer que foi isso: professor mandou ler porque faria prova de interpretação de texto ou o escambau sobre o livro.

E não é assim que funciona. Não que seja necessário um grande ritual de inciação só para gostar de Machadão, mas vamos lá: ninguém calcula logarítimo sem saber calcular exponencial. Clarice Lispector pode parecer “uma merda” se o professor não soube explicar por qual motivo a obra “é boa” (ou porque, afinal de contas, eles estão lá estudando a dita cuja).

Mas o pior, o pior mesmo é a tal da preguiça. Preguiça de pensar, preguiça de ir mais além. Uma grande parte das pessoas que reclamam de Machado, por exemplo, falam que não gostam da linguagem dele. E caraca, eu leio e releio e não vejo nada de rebuscado ou difícil de entender ali. Em muitos momentos, principalmente quando contamos com um narrador em primeira pessoa, o livro tem um tom bastante coloquial até.

Eu diria que com a preguiça de ler vem o preconceito. Aí a figura sequer termina o livro e diz que é uma droga. O grande problema nisso tudo é que para ler uma obra na fase errada, ou sem um contexto devidamente apresentado, ainda há solução. Mas para preguiça…

4 comentários em “Dá uma preguiça…”

  1. No mundo de hoje, só pode ter preguiça mesmo. Nessa porra de planeta as pessoas não cutucam um tolete de bosta se o tolete não for deliveri. Não movem uma palha sem um controle remoto. E não param um minuto pra pensar em nada.
    A vida está muito mais para um frenético filme do van Damme (?) daqueles de cenas de ação initerruptas. Num mundo desses a leitura, nem que seja uma placa, não tem espaço.

  2. É bem por aí. O pior é que livros com esse ritmo ainda são lidos às pampas, é quando o livro faz com que o leitor tenha que parar um pouco e pensar que a coisa pega. ¬¬’

  3. Cara… Post perfeito. Descreve exatamente o que rola. As pessoas têm preguiça, e como são forçadas a lerem… Pegam trauma! Machado de Assis usa linguagem difícil, Lispector não tem nexo, Zé de Alencar é chato… Nada podia estar mais longe da verdade, e, ao mesmo tempo, nada podia ser uma justificativa mais comum pras pessoas não gostarem de determinado autor. O que é deveras triste.
    E claro, entra um pouco dos professres aí. Eles querem cobrar Machado, Zé, Clarisse? Maravilhoso, é ótimo isso! Mas que tal se eles ensinassem os seus a alunos a ler? Não fazer com que eles leiam por obrigação, mas por verem que o quem na mão é uma obra de arte, que existe para ser apreciada.
    smack

  4. Literatura deveria se rum disciplina presente desde a 3ª ou 4ª série. Assim a mulecada pegaria gosto por ler antes de ter escolha. Quando chegasse no Ensino Superior, todo mundo já teria noção do que é bom e ruim e ninguém ia precisar ser obrigado a ler (ou se fosse, isso não seria tão doloroso).

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