Putas Assassinas (Roberto Bolaño)

Publicado no Brasil pela Companhia das Letras pela primeira vez em 2008, e agora em 2010 ganhando a primeira reimpressão, Putas Assassinas trata-se de uma coletânea de contos do escritor chileno Roberto Bolaño. Eu confesso que ainda estou começando a conhecer o autor (lendo 2666 aos poucos, lembram?) e fiquei bastante impressionada com o que vi, ainda mais quando os fãs de Bolaño dizem que esse é o livro mais fraco dele. Se realmente é, fico imaginando os demais deve ser excelente.

Não é que todos os contos sejam perfeitos. Mas todos chamam a atenção por algum aspecto, mesmo os que se revelam mais sem graça. Os temas são recorrentes (e inclusive ecoam no romance 2666): sexo, violência, exílio, pesadelo. A maioria das personagens mostram aquele deslocamento de quem vive em vários lugares mas não reconhece nenhum como seu. São de outros países, vão para outros países e se perdem, tentando se encontrar em resgates de memória.

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2666: A parte de Fate

Dando continuidade à leitura de 2666 de Roberto Bolaño, acabo de terminar A parte de Fate. Para quem chegou aqui agora, vale lembrar que estou escrevendo sobre a obra aos poucos, seguindo a ideia inicial de Bolaño de que cada parte seria um livro. Sobre A parte dos críticos você pode ler o artigo clicando aqui, e sobre A parte de Amalfitano você pode ler clicando aqui. Vamos seguir então aos comentários sobre a terceira parte de 2666.

Eu estava com algumas leituras acumuladas, e acabou que passou mais de um mês entre a conclusão da parte anterior e a dessa. O que no final das contas foi algo positivo, acabou possibilitando um envolvimento com a nova personagem (o jornalista norte-americano Fate) que provavelmente não seria possível se eu tivesse engatado a leitura buscando os críticos ou Amalfitano. Porque é assim que começamos, com uma personagem completamente nova, em um lugar completamente novo e só pensando o que é que isso tudo tem a ver com o que tinha sido lido até então.

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2666: A parte de Amalfitano

Continuando a leitura de 2666 de Roberto Bolaño, terminei ontem à noite a segunda parte (A parte de Amalfitano). Para situar quem acabou de chegar, estou seguindo na direção contrária do que foi adotado pela família do autor (publicação do que seriam cinco livros em um só) e fazendo os comentários aos poucos, sempre antes de iniciar a parte seguinte. Minhas opiniões sobre a primeira parte (A parte dos críticos) você pode encontrar aqui.

Eu sei que em teoria estou lendo o livro tal e qual a qualquer um – até porque mal estou interrompendo a leitura. Por causa disso acho que as sensações que tive sobre A parte de Amalfitano não serão tão diferentes, talvez só os achismos sobre o que as outras três partes podem trazer, o que será até divertido de confirmar depois. A verdade é que se não fosse a já familiar dificuldade para ler o catatau na cama, fiquei em alguns momentos com a impressão que tratava-se de um outro livro.

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2666: A parte dos críticos

A tradução de Eduardo Brandão para 2666 do escritor chileno Roberto Bolaño é, sem dúvida, um dos maiores lançamentos literários aqui no Brasil em 2010. E por maiores não falo apenas da importância do acesso ao texto em português, mas também ao tamanho do catatau publicado pela Companhia das Letras: 856 páginas, adotando a decisão da família de Bolaño em não dividir 2666 em cinco partes como sugerido pelo escritor para facilitar o sustento dos filhos quando morresse. A obra foi publicada mais de um ano após sua morte, mas, como garante Ignacio Echevarría em nota à primeira edição, “o romance se aproxima muito do objetivo que ele traçou”.

E eu sei que para muitos fãs de Bolaño (e de 2666) eu provavelmente estarei cometendo uma heresia, mas decidi seguir o caminho oposto da família, e comentar o livro por partes, publicando os comentários  sempre antes de iniciar a leitura da parte seguinte. E para começar, vamos de A parte dos críticos, primeira parte de 2666. Acredito ser importante destacar aqui que estou tentando ler o mínimo possível sobre o livro para não estragar a experiência, e que muito do que falar agora eu posso contrariar em textos futuros. Mas bem, qual é a graça de se ler uma obra sem participar da brincadeira da adivinhação do que está por vir?

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