A Estrada (filme)

Para quem viu o post que eu escrevi logo após ler A estrada de Cormac McCarthy, já tem uma vaga ideia de como estavam minhas expectativas para a adaptação cinematográfica desse livro. Altíssimas, acreditem. A estrada atualmente está no meu top10 de livros favoritos de todos os tempos, e saber que Viggo Mortensen estava no elenco como o Homem só aumentaram ainda mais minhas expectativas. E vocês sabem que o resultado final desse tipo de espera invariavelmente acaba sendo decepção, certo? Bom, com A estrada não é bem assim.

Para começar, Viggo continua fantástico como era de se esperar. Eu sinto de verdade a esnobada que esta atuação dele está levando (por enquanto só duas indicações, e poucas chances de estar entre os cinco do Oscar), porque para quem leu o livro, sabe que ele conseguiu dar conta muito bem da personagem. O momento em que desesperado por achar que não conseguiria fugir de uma casa cheia de canibais ele aponta a arma para a testa do filho exemplifica bem o que quero dizer.

É claro que alguns elementos se perdem na adaptação, esse tipo de coisa já se espera. Eu acho que faltou um pouco passar a opressão da atmosfera em que eles viviam (sobretudo à noite, quando a escuridão dominava). Em alguns momentos você quase pensa que eles estão só caminhando num lugar com o tempo ruim, mas pelas descrições do McCarthy sabemos que não é  só uma questão de ser um dia cinza. TUDO É cinza.

Os flashbacks com a esposa foram bem colocados, pelo menos não foi o que eu estava achando que seria. Pelos trailers, pensei que para aliviar um pouco os longos silêncios eles colocariam a esposa junto do Homem por um longo período, como parte de uma narrativa linear mesmo, o que não acontece. Ela aparece quando ele sonha, e mesmo assim em poucos momentos (e alguns muito bonitos, como quando ele está em uma ponte e decide se livrar de tudo que faz lembrar dela).

A conclusão também é de partir o coração, especialmente porque o menino também está bem no papel. É inocente e bom, e tem um contato tão estranho com a humanidade que em dado momento lida com um velho que encontra na estrada como quem fala de um animalzinho perdido (e o pai ainda diz “Sei o que você vai pedir e a resposta é não. Não podemos ficar com ele.”).

Filme muito bem feito, que merece atenção do público. O que me preocupa é que a previsão de estreia está para 12 de fevereiro, mas a falta de indicações e um período que as distribuidoras estão focando principalmente no Oscar podem acabar fazendo com que a estreia demore ainda mais, ou pior, que o filme chegue direto em DVD. O negócio é torcer para que não seja bem assim.

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