Pequeno Dicionário Histórico

old_man.jpg(e Elucidativo de Assuntos Pouco Vulgares)

Ontem no fim da noite o Fábio apresentou essa pérola do “desembargador Alfredo de Castro Silveira”, edição de 1966. A sensação que dá é que pertence a outro século, especialmente pelas “opiniões” largadas pelo autor nos verbetes. Além disso, é claro, a forma soberba como ele escreve o texto (e nem estou falando dos acentos onde já não utilizamos mais).
Selecionei alguns em especial para que vocês possam compreender porque esse livro é uma jóia da literatura nacional. Para que vocês tenham a mesma sensação que tive ao ler, deixei a formatação do texto exatamente como no livro. E não esqueçam: antes de ler, vale lembrar que esse livro não é cômico, ele é sério. Muito sério.
Tapir – Nome indígena da anta. A anta, segundo descrição pitoresca, mas não científica, é “um porco” que começou a desenvolver-se para elefante, mas mudou de idéia”.

Existencialismo – A mais nova filosofia materialista. Afirma que a existência precede a essência ou (ao espírito) como se tôda a criação humana não fôsse materializações de pensamentos que por sua vez são atributos do espírito. O pai do Existencialismo – Jean Paul Sartre – revelou com isso sua completa ignorância a respeito da fôrça que organiza, dirige e movimenta.

Café-Escolha – Chama-se café-escolha o café- ruim e que, infelizmente, só no Brasil se bebe, de vez que o bom, o pérola, o café de 1ª, vai todo para a Europa, e de maneira especial, para os Estados Unidos, pois dada a desvalorização do Cruzeiro, êles pagam o dôbro – mas querem, por isso mesmo, o melhor café. Mui raramente, nos bares do Rio e de São Paulo, se bebe um café que preste, e, no resto do Brasil, então, só se bebe o que há de pior! Tudo isso fruto da desvalorização atual do nosso cruzeiro – o que, certamente – terá fim breve.

Ecologia – Estudos sôbre tipos regionais misteriosamente assimilados – com suas características regionais – à terra, ao seu ambiente local, ao seu habitat. Exemplos: – No Brasil, o índio sem bigode, sem pêlos no rosto e no corpo, isto é o verdadeiro caboclo, o selvícola. No Espírito Santo, os capichabas, todos microcéfalos (“fuinhas”) em contraste com os do Pará, (cabeças macrocéfalas) e os do Ceará, de cabeças também macrocéfalas, mas enterradas no tórax todos sem pescoço! – E os rostos redondos! Em Portugal temos os pretos de Cabo Verde, verdadeira anomalia regional, pois tem tudo do branco, pele finíssima maçãs do rosto igual às do branco, modos clássicos, geitos e trejeitos dos arianos, mas… todos pretos côr de azeviche! E faladores quais matracas! Tudo isto é ECOLOGIA, peculiar às várias regiões.

11 comentários em “Pequeno Dicionário Histórico”

  1. Kado on 6 Fevereiro, 2006 at 9:48 am said:

    O.o

    Isso que vc não leu verbetes como “Moda” e “Duplo Pênis” :dente:

    newspaper editor on 6 Fevereiro, 2006 at 10:21 am said:

    Quanto ao café-escolha, além de extremamente atual, é completamente verídico. Ou não.

    Isso me fez lembrar do Manual do Inquisidor. Acho que sou a única pessoa no mundo que rio com o ele. E não foi pouco.

    O de bebermos o café ruim é verdade, sim. Vi dia desses no Globo Rural, se eu não me engano o nosso tem mais grãos verdes, o tipo exportação que é fodônico nós quase não temos acesso.

    E eu conheço uma pessoa que ri do Manual do Inquisidor, então vc não está só =]

  2. Hej Ana!
    Well, o livro é realmente genial. Mas faltou você colocar alguns verbetes aí. Mas tudo bem, considerando que você pos o “Ecologia” e o “Tapir”.
    Mas pra ficar melhor ainda de pegar o esírito da coisa, devia gravar Tiago lendo, e deixar o arquivo em mp3 pra ser baixado.
    smack
    te mais
    e manda um abraço pro Bettega

  3. HAHAHAAHAHHAHAAH, verdade!! A leitura do Tiago foi ótima, especialmente no “Moda” 😆 E olha só, com a leitura dele os cegos também teriam acesso a essa obra prima!

    Beijos procê =*

  4. Faço referências a essa jóia em um dos meus livros: LIS, TEU CORPO É MINHA PÁTRIA!
    Gostaria de tê-lo novamente em minhas mãos para elucidação de alguns assuntos pouco vulgares…

    Conheço bem esse dicionário… desde minha infância.
    Até faço referência a ele em um dos meus livros: LIS, TEU CORPO É MINHA PÁTRIA!
    E como eu gostaria de ter essa jóia novamente em minhas mãos!

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