Celular, esta praga moderna

Coisa de 15 anos atrás este post nem existiria. Lembro que meu primeiro contato com celular “na vida real” (e não em filmes), foi ao ver o de uma amiga minha, que tinha um daqueles tijolões cinzas tão grandes que depois até ficou feliz quando comprou um Startac, que era menor e mais fininho. Eu só ganhei o meu primeiro ali no final de 99, era um Nokia 5110 (daqueles que dava para trocar a cor, e eu trocava, hehe). E desde então, sempre tive comigo um celularzinho, o que já dá aí mais de dez anos usando o aparelhinho.

Nesse tempo todo não aprendi a usar bluetooth direito, nem a mandar foto por sms, nem consegui fazer download de músicas que não fossem do meu computador para o celular. Em compensação, aprendi a desligar o telefone antes de começar uma aula, ao entrar em sala de cinema ou no teatro, antes de consulta no médico. Coisa básica, simples. Que parece que muita gente não aprendeu, se considerar os videos as seguir:

Repórter atende celular ao vivo

Loco Abreu pede atenção e dá bronca ao vivo em repórter do SporTV

Sério, o que leva um profissional a fazer esse tipo de coisa? Do mesmo jeito que meus alunos me olhariam de cara feia se eu parasse a aula para atender o celular, por que esses dois repórteres não tiveram o desconfiômetro de perceber que não era o momento? Aliás, por que as pessoas acham que tudo tem que ser tão urgente que não aguente uma chamada alguns minutos depois?

A coisa mais bacana do celular é justamente registrar ligação perdida. O repórter entrevistando o Loco Abreu, ou a moça na feira da praça poderiam simplesmente ter deixado tocar e menos de um minuto depois retornar a ligação. Mas não, lá foi o gesto automático de responder, porque se ligam no celular é urgente. Acreditem, nada é tão urgente assim.

O que mais assusta é essa dependência que se criou. E digo isso porque eu, que odeio telefones e uso meu celular só pra tocador de mp3, agenda e despertador (hehe) fico bastante nervosa se percebo que saí e esqueci o dito cujo em casa. E não é pela falta do mp3, agenda ou despertador: é aquela sensação de “mas e se alguém me ligar?”

Se alguém me ligar eu não vou atender, porque não estou com o celular oras bolas. Retorno a ligação depois, deixo recado, sei lá. Não é tão fim do mundo assim. Neura. Pior, neura moderna. E o chato disso é quem teve um pé naquela vida sem essa piração toda e sabe como é que era. A gurizada que tá crescendo agora e ganhando celular com 5, 6 anos de idade não faz ideia de como era bom estar livre, não ser localizado a não ser quando estivesse em casa. Ahh, a liberdade.

5 comentários em “Celular, esta praga moderna”

  1. Acho super jacus aqueles pais que dão celular para os filhos pequenos. Na boa, crianças nunca estão sozinhas: se não estão em casa, estão na escola ou em algum outro lugar na companhia de adultos, então não é como se os pais precisassem dar um celular para o filho para saber onde ele está, com quem e o que está fazendo. Se a criança não tem idade suficiente para pegar um ônibus sozinha, ela não precisa de um.

    1. O que me faz lembrar que de cada 10 vezes que tocava o celular em sala de aula, pelo menos 8 vezes era mãe do aluno (adolescente/criança) querendo falar sabe-se lá o que. Ela acabou de deixar a criança no inglês e não sabe que ele tá em aula? Que vai interromper a aula? (etc.)

      Na pior das hipóteses é só fazer como era antigamente: liga na secretaria, deixa recado. A criança ao sair da aula vai ficar sabendo e tá tudo bem.

  2. Também não concordo com essas crianças recebendo celulares muito cedo.
    Eu não atendo celular na aula de maneira nenhuma, e sempre instruo a minha família q ligar na hora da aula só se for mt importante e q mesmo assim posso não atender!
    Agora honestamente, meu cel é um monte de coisa “e” um celular. Pra mim a opção “ligar” não é nem nunca foi o objetivo dele! E as vezes eu até esqueço que ele liga…. rsrs

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