Afinal, qual o problema do Alencar?

Como já devo ter comentado por aqui, estava lendo Ao Vencedor As Batatas do Roberto Schwarz para minha monografia em Português e, embora não tenha conseguido achar muita coisa que possa utilizar dentro do que estou pesquisando, achei algo bem interessante sobre o José de Alencar.

Eu nunca escondi e conheço várias pessoas (inclusive alguns professores de Literatura) que classificam o senhor Alencar como “chato”. Para não usar outros adjetivos pouco lisonjeiros, claro. E eis que no livro do Schwarz me deparo com o óbvio sobre qual é o problema do Alencar.

Isso posto, é preciso reconhecer que a sua obra nunca é propriamente bem-sucedida, e que tem sempre um quê descalibrado e, bem pesada a palavra, de bobagem. É interessante notar contudo que esses pontos fracos são, justamente, fortes noutra perspectiva. Não são acidentais nem fruto da falta de talento, são pelo contrário prova da conseqüência. Assinalam os lugares em que o molde europeu, combinando-se à matéria local, de que Alencar foi simpatizante ardoroso, produzia contra-senso.

Ou seja: não funciona, porque é como recortar toscamente o seu rosto e colar sobre a foto da Elizabeth Hurley ou do Alan Rickman. O mais interessante é: se a coisa é tão óbvia, porque essa tradição de copiar modelos da Europa foi mantida por tanto tempo? E, principalmente, por que em alguns casos como o Machado, a coisa funciona?

Por falar em Machado, fofoca literária: reza a lenda que o filho do Alencar na verdade era filho do Machado, e que foi a esposa gringa do Alencar que ensinou o Machado a falar Inglês. Se for verdade, temos que agradecer à senhora Alencar, já que a tradução do Machado para “O Corvo” só perde para a do Pessoa, hehe (obs. vejam no fim dessa página as outras traduções da poesia do Poe. Tem até em russo!)

9 comentários em “Afinal, qual o problema do Alencar?”

  1. Nah, acho que o negócio de copiar escola literária que é o problema. No final das contas, o cara era todo bem intencionado, coitado. “Senhôra”, “Senhóra”, hehehehe…

  2. Eu gosto de Alencar, apesar de ele copiar as escolas literárias. Escolas, aliás, são algo que eu não curto. Afinal escola literária e academia de arte é coisa de francês, e a Fraça é ocidental demais pra ser boa em qualquer coisa, hahahaa Não, sério… Eu gosto do Alencar. Mas qualquer autor que tente se prender a essas drogas de escolas literárias (com raras excessões… o Zola, por exemplo) faz merda.
    smack

  3. Anica, deixa o Alencar pra lá. Você já leu MIA COUTO? É um escritor de Moçambique e os dois livros que eu li dele (Terra Sonâmbula e Uma casa chamada terra um rio chamado tempo) são, sem hipérbole nenhuma uma das coisas mais lindas que já li na vida. Minha mãe assina embaixo, ela que nos aplicou o MIA. Sério, é tudo.

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