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Nós sempre culpamos nossos pais pelo que somos, a dita “educação”. Eu não vou entrar aqui na discussão de quanto hoje em dia os pais legam à tv e à escola a tarefa de criar os filhos, porque não é disso que quero falar. Eu quero falar do momento em que você se dá conta de quanto é igual aos seus pais.

Meu pai morreu quando eu tinha 10 anos de idade. Não foi tempo suficiente para me ensinar tudo o que eu queria saber, eu tenho certeza disso. Mas dele eu herdei o gosto por todos os tipos de arte (ele acreditava piamente que minha paixão pelos caran d’ache dele era artístico, e não gastronômico). Herdei também o amor por Beatles e a irritação ao ouvir barulho de dente batendo em colher quando uma pessoa está tomando sopa.

E eu não sei se por ela ter 14 anos de “vantagem” com relação ao meu pai, mas sinto que é quando olho para minha mãe que me vejo. Ontem, enquanto ela fazia o jantar, conversávamos tomando um vinho, coisa que há muito não fazíamos. Foi impressionante perceber que todas as nossas idéias sobre as coisas ao redor são idênticas, nós só mudamos as palavras ao nos expressar.

Mais do que isso: que tudo o que vemos de errado em nossas vidas nesse momento são mais ou menos a mesma coisa. É um não encontrar o caminho e um desiludir-se com as pessoas que muda de nome de acordo com a situação, mas ainda assim é igual.

Difícil concluir esse tipo de texto. Não vou citar Legião, btw.