Trânsito e a prova de que somos burros

Tem mais de uma semana que todo dia aparece uma notícia falando de um novo recorde de congestionamento em São Paulo. E todo santo dia eu ouço alguém aqui de Curitiba reclamando que chegou atrasado em algum lugar por causa do trânsito, que está “insuportável” e eu fico aqui pensando: vocês são burros ou quê?

Não sério. Vamos parar e pensar: Qual é o problema? “Comprar carro ficou mais fácil e conseqüentemente temos mais carros nas ruas“. Como resolver? “Construindo novos viadutos“. Não, sua mula! É oferecendo carona e usando o transporte coletivo!

Quando você estiver preso em um congestionamento, pare para calcular quantas pessoas (além de você) estão sozinhas no carro. Quando estiver em um engarrafamento e por causa disso chegar em casa horas mais tarde do que deveria, pense se realmente vale a pena o que você gasta em gasolina, estacionamento, manutenção e impostos para ficar ali.

A grande verdade é que ninguém quer abrir mão desse suposto conforto para que outros “aproveitem” uma rua livre, sem congestionamento. Mas ninguém também pensou que não é preciso abrir mão desse conforto, basta ser um pouco mais esperto e solidário e oferecer carona.

Não estou falando sobre oferecer carona para qualquer um que passe na rua, mas algo como seu vizinho que trabalha perto, seu colega de trabalho que mora perto. Não deve ser tão difícil assim, e em um esquema organizado dá até diminuir custos e tudo o mais.

Na outra possibilidade, tem o que eu faço: transporte coletivo. É um saco? É. Mas também é mais barato e mais rápido. Aliás, aqui entramos em outra parte do problema: o carro como sinal de status. Em qualquer grande metrópole que você visite, verá sujeitos de terno e gravata seguindo para o trabalho de metrô, sem qualquer “vergonha” por usar o transporte coletivo.

Mas aqui no Brasil isso é quase inimaginável. Se você não tem carro, é zé mané. Se usa o transporte coletivo, é loser. E a coisa não é bem por aí. Por isso precisamos mudar nossa mentalidade sobre o transporte em geral, senão os recordes serão batidos dia após dia.

8 comentários em “Trânsito e a prova de que somos burros”

  1. Alexandre Esposito – Eu sou apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. Mas trago na cabeça uma canção do rádio em que um antigo compositor baiano me dizia "tudo é divino, tudo é maravilhoso".
    Alexandre Esposito disse:

    Eu acho que o lance não é uma solução, e sim várias. Aqui no Rio o trânsito nas últimas semanas também piorou subitamente.

    Pra começar, o lance da carona ia ajudar. Transporte coletivo também. Aqui já tem bastante ônibus e é a cidade dos táxis, mas no metrô ainda deixa a desejar. Não digo apenas de aumentar a extensão das linhas, mas também o número de composições.

    Outra boa saída é bicicletas. Pra distâncias menores, é o ideal. Não polui e ainda é bom pra saúde. O único complicador é que são poucas as empresas que possuem um vestiário, etc. Trabalhar suado e fedendo ao exercício não rola.

    E um problema DAQUI, que nas outras cidades do Brasil que já visitei é bem menor, é a educação no trânsito. É um dos únicos pontos que me deixa envergonhado de ser carioca. Pqp, todo mundo quer levar vantagem, todo mundo quer ir na marra, ninguém parece dar a mínima pro pedestre ou pro maluco do carro do lado, etc. É cada um por si e foda-se o resto. Se não fossem os “espertos” querendo levar a melhor e cortando cruzamentos, o trânsito daqui já seria um bocado melhor.

    Mas graças a Deus ainda estamos longe de São Paulo no tamanho do trânsito.

  2. Nós somos caronistas de mais duas crianças da trilhas… o trecho é curto mas é válido vai?

    Olha, quando eu morava em sama (eu era criança tá!) dizia que nunca iria dirigir e só iria andar de bicicleta… po conta disso tudo que você falou.

    Mas Ana, com filhos pequenos, nêga, esqueça as boas intenções com o meio ambiente. Eu que tenho um grandinho e um pequeno não entendo essa mulherada que anda de busão com uma escadinha de 5 neguinho…

  3. Tem casos e casos, Anica. Eu recentemente conversei com uma amiga a respeito disso, principalmente no aspecto do transporte coletivo.

    Ok, esse exemplo que eu vou te dar só se aplica a Porto Alegre, ok?

    Aqui a gente vive um ano de extremos de temperatura. Imagina ir trabalhar no verão de 38 graus, pegando um ônibus lotado de gente e sem ar condicionado. Do outro lado da moeda, no inverno, esperar o ônibus na parada a 2 graus com o nordestão vindo com tudo, é terrível também.

    E já disseram mais de uma vez: metrô em Porto Alegre? Not gonna happen.

    Ok, o lance da carona, em uma sociedade ideal, até funcionaria. Mas, convenhamos: vizinho só existe pra reclamar do volume da TV e pra atrasar o condomínio.

    Pra mim o problema está exatamente na extrema facilidade que se tem hoje de se adquirir um automóvel.

  4. infelizmente eu moro meio escondido do mundo e ir de bicicleta é meio complicado, principalmente na volta, passando por lugares escuros e pela minha forma fisica =b
    Mas o que eu fico impressionado mesmo é entrar em um site e ver o boxinho do lado
    Transito em São Paulo: Bom, 20km de congestinamento.

    Agora ele está apenas médio: 61km de congestinamento.

  5. Por aqui esse ainda é um problema que não aparece. Só o centro da cidade tem um pouco de engarrafamento as vezes, mas é raro.

    Citaram ai o trânsito ruim, que ninguém respeita ninguém, etc. Eu já andei em muita cidade do país e vou te dizer uma coisa. Porto Alegre é o pior lugar para se dirigir. Campo Grande também é foda, mas por aqui as pessoas andam devagar.

  6. No final das contas é aquilo: todos temos nossas razões e é por isso que todos compramos carros. E é por isso que as ruas estão lotadas e mesmo quem pega busão está se f* com engarrafamentos. E como medir quem tem direito ou não de estar na rua? Não tem como. E como medir quem tem direito de comprar um carro? Não tem como. E o que a prefeitura poderá fazer quando não tiver mais como construir viaduto, aumentar linha de metrô, etc? Nada, né? É por isso que eu digo que a solução depende unicamente dos motoristas. Caso contrário, a tendência é piorar.

    (Desculpem qualquer coisa, mas hoje, depois de ficar 30 minutos presa em um congestionamento na hora do almoço, não estou exatamente tolerante sobre o assunto)

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