Janeiro é o mais cruel dos meses (Ou Filmes que vi em janeiro)

Quicksilver também aprovou.

Mentira, nem é não. Melhor época para quem gosta de cinema. Por causa da temporada de premiação, o pequeno pirata mirim pode fazer a festa sem ter que ficar frustrado porque os multiplexes da sua cidade quase que só passam filme para a gurizada de férias (e dublados ¬¬). E tem o Netflix também, que está sendo bem esperto e investindo um bocado em filmes que por aqui quase que foram lançados direto em (dvd? blu-ray? a locadora aqui de perto de casa fechou, nem sei mais o que as locadoras alugam).

Enfim, foi um ótimo mês. E tanta coisa boa, que aí você até entra naquelas de sempre COOOOOMO NÃO FOI INDICAAAAADO PARA O OOOOOOSCAAAAR? e tudo o mais. E sim, você já deve ter adivinhado: post com comentários rápidos sobre o que assisti agora em janeiro.

Locke (idem, 2013): Sabe aqueles filmes em que a personagem vai se revelando aos poucos? Locke é assim. Quando Ivan Locke entra no carro e começa sua jornada, você tem uma imagem dele. No fim, quando ele para o carro em um acostamento, você tem outra completamente diferente. E então você pensa que o filme todo é isso, Tom Hardy dentro do carro falando com pessoas ao telefone e imagina que será chato mas não, é (pelo menos o que vive aparecendo em pôsteres de cinema, hahaha) eletrizante. Tem no Netflix Brasil, coloca lá na sua listinha porque ó, esse é muito bom.

Se eu ficar (If I Stay, 2014): O livro não foi assim uma experiência marcante para mim, mas como eu também não detestei rolou a curiosidade e acabei assistindo. O filme acaba sendo exatamente a mesma coisa: não é imperdível, não é detestável, tem lá seus bons momentos e outros que te fazem erguer a sobrancelha. E chorar, porque né, A culpa é das estrelas fez escola. Nota mental: Hollywood está precisando desesperadamente de uma nova safra de atores jovens. Parece que quase tudo que eu vejo tem a cara da Chloë Grace Moretz ou da Shailene Woodley

O Renascimento do Parto (idem, 2013): Já tinha algum tempo que eu queria assistir, acabei vendo com as crianças no colo quando passou no Canal Brasil. Estava um tanto preocupada que seria daqueles documentários meio tendenciosos, mas não foi: é construído de tal forma que o que você vê através das entrevistas é um panorama geral do parto no Brasil. Gostei de algumas visões passadas ali, alguns trechos bem emocionantes. Recomendo especialmente para quem está planejando ter filho e não está muito por dentro da situação atualmente, até para não cair em migué de médico que prefere agendar cesária quando queria muito um parto normal.

Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again, 2013): Nhaaaaa, que filme fofo. Tem uma estrutura parecida com a de Once (do mesmo diretor) a ideia de uma dupla de amigos improváveis que se une para gravar uma fita demo, mas agora a história acontece em Nova York e surge um pouco mais atualizada, agora já incluindo o fator “internet” na história de busca pelo reconhecimento através da música. Elenco mais pop também, saem as caras quase desconhecidas e entra gente como Keira KnightleyMark Ruffalo e Adam Levine (até fui consultar o imdb na hora que estava assistindo para confirmar se era ele mesmo haha). Enfim, bem bacaninha. E fofo, muito fofo.

Complicações do Amor (The One I Love, 2014): Eu odeio fazer isso, mas sim, é daqueles casos de filme “quanto menos você souber sobre ele, melhor”. Um casal fazendo terapia tenta um retiro em uma casa como última chance para continuarem vivendo juntos, mas ao chegar na casa algo estranho acontece (heheheheh). Adorei como trata tão bem da diferença entre o que as pessoas que amamos realmente são, e o que esperamos que elas sejam. E o desfecho é muito bem sacado, até por causa disso. Para quem ficou curioso, esse tem no Netflix USA (aproveitando para dizer que Frank já chegou lá também, assistam Frank, assistam!!). Ah, sim. O título no Brasil é o que consta no IMDb, tenho nada a ver com essa tradução horrorosa.

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, 2014):  Que filme! Dos indicados para Melhor Filme do Oscar desse ano, é um dos meus favoritos (ok, vocês sabem, nada tirará Grande Hotel Budapeste e Boyhood do meu coraçãozinho, mas vamos dizer que Whiplash entraria em um top5 dos 8 hahaha). A história é até simples, se for pensar bem. Relação mestre e aluno, já tão explorada no cinema. Mas há algo nas duas personagens, nos extremos dos dois que faz com que você mal consiga piscar enquanto assiste ao filme. Extremos, sim. Tanto Andrew quanto o Fletcher são personagens obsessivos. Aquela cena final é brilhante, a troca de olhares entre eles – não é preciso dizer nada. E o filme acaba e você ainda fica com um jazz tocando na cabeça…

O Jogo da Imitação (The Imitation Game, 2014): Que filme mais meh. Entra naquela cota de biopic sob medida para o Oscar, sabe como? Todo ano tem um filme assim, que tecnicamente é muito bom, tem ótimas atuações, mas que é tão formulaico que não te toca. A Rainha e Lincoln são dois que consigo lembrar no momento, por coincidência dois que levaram Oscar e categoria de atriz/ator principal. Infelizmente para o Cumberbatch esse ano a fornada de biopic está especialmente grande, não acho que ele vá levar, não, embora seja o que Imitation Game tem de melhor, a atuação dele é realmente marcante.

What We Do in the Shadows (idem, 2014): Bastou um gif set no Tumblr para na hora eu ir procurar esse filme. Adoro terror, mas vá lá, tenho uma queda ainda maior por terrir. E What We Do in The Shadows é uma das melhores comédias de terror que vi nos últimos tempos, extremamente divertida. É um mockumentary, mostrando o cotidiano de três vampiros que vivem no mesmo apartamento na Nova Zelândia. Acho que a única coisa que não gostei muito foi a parte dos lobisomens, mas vá lá no geral eu sempre não gosto dos lobisomens. Stu melhor personagem <3 Aqui tem um trailer para dar uma ideia de como é o filme.  E de bônus fica aqui também o link da playlist da trilha sonora para você que assistiu ao filme e também adorou as músicas.

Para Sempre Alice (Still Alice, 2014): Mulher descobre que tem um tipo raro de Alzheimer, que começa mais cedo do que o normal e avança bem rapidamente. É o papel que provavelmente renderá o Oscar para a Julianne Moore, o que é uma pena porque né, ela tem no currículo interpretações/personagens muito mais fodas que foram completamente ignoradas, e será premiada por uma que recorre ao dramalhão piegas que logo será esquecido (malz, não tive intenção alguma de trocadilho). Fora a sacada de tirar de foco o rosto das pessoas para dar uma noção da confusão vivida pela personagem, a verdade é que o filme todo é bem medíocre. Medíocre tipo: parece feito para a tv. 

A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, 2014): E maaaaais biopic para o Oscar. Gostei um pouco mais do que The Imitation Game, mas a verdade é que A Teoria de Tudo meio que segue a fórmula básica e fica ali no bonitinho mas ordinário, no final das contas. A atuação do Eddie Redmayne está realmente muito boa (não é só sobre imitar as dificuldades de movimentação do Hawkings), mas gostei especialmente do trabalho da Felicity Jones, sobretudo quando a história já está mais avançada e ela consegue passar tão bem um misto de admiração e o mais completo saco cheio do marido. Ainda estou curiosa sobre qualé da cor azul para o filme, alguém tem um palpite?

Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women and Children, 2014): ahhh, tá aí, fui injusta no meu comentário sobre adolescentes no cinema. Se bem que tem o Ansel Elgort que está aparecendo em um monte de coisa também mas… ok, irrelevante. Sobre o filme, segue aquela linha de histórias que se cruzam para tratar de um tema em comum, aqui a influência da internet nos nossos dias. Pontos fortes: a escolha de uma narradora que liga as personagens inicialmente, quando elas parecem ter pouco em comum; a representação das mensagens na tela, algo cada vez mais necessário na tv e cinema atuais. Talvez incomode um pouco por ser tão extremista em alguns casos (como a mãe superprotetora e a outra que expõe a filha), mas no geral consegue passar bem a mensagem e tem alguns bons diálogos.

Ida (idem, 2013): Eu e meus preconceitos, achava que seria um filme chaaaaato, daqueles que todo mundo diz que viu e adorou só para pagar de cult e blablabla. Mas caramba, que filme bom. E olha, pode parecer estranho dado o tema, mas com momentos divertidos – especialmente por causa da tia de Anna, interpretada por Agata Kulesza, tão diferente da noviça que tenta buscar o local onde seus pais foram enterrados. Sobre o visual (belíssimo), algumas cenas ficam na memória mesmo depois de o filme acabar (incluindo aí os olhos de Anna, tão negros que parecem quase saltar do rosto).Um belo retrato sobre a influência da guerra na vida das pessoas, e da importância de suas raízes. Delicado e tocante. Tem no Netflix USA, fica a dica.

Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman, 2014): Está pintando por aí como favoritíssimo do Oscar, todo mundo falando sobre o plano sequência e como o Michael Keaton está fantástico e olha, é realmente um filme muito bom. Eu acho que só pela cena com o diálogo entre o Riggan e a crítica do Times ele já teria me conquistado, mas vai além. Das infinitas cutucadas ao cinema atual (e a imensidão de filmes de heróis que está saindo, “People, they love blood. They love action. Not this talky, depressing, philosophical bullshit.“) e mesmo do nosso interesse por celebridades (aquela fala da Sam sobre ele não ter twitter ou facebook é fortíssima), passando ali por essa nossa necessidade de ser amado (ou confundir amor com admiração, como uma personagem diz que Riggan faz).

E falando no Birdman, eu fecho o post com um trecho da já mencionada conversa entre Riggan e a crítica do Times:

Let’s read your review! (He scans the notebook.) “Callow”. A label. “Lackluster”. Label. “Marginalia”. Sounds like you need penicillin to clear that up. None the less… label. (Looks to Tabitha.) All labels. You’re a lazy fucker aren’t you? (Looks one last time at the notebook.) Epistemological vertigo? You know what this is? You don’t, do you? You can’t even see it if you don’t label it. You mistake those sounds in your head for true knowledge.

Vish, bateu uma culpa.

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