Rodada de YA

Explicando pela enésima vez porque sempre tem o perdido que chega aqui por causa de um único post e aí acha que eu tenho preconceito sobre YA e blablabla. Não, eu não tenho. Eu curto, me divirto e alguns eu considero acima da média, vide o caso de Eleanor & Park e A culpa é das estrelas, por exemplo. Mas a verdade é que os YA que andei lendo recentemente não são exatamente aqueles sobre os quais eu tenho muito a comentar, então resolvi agrupá-los em um post só (sim, esse que você está lendo agora), para não ficar sem o registro (porque eu já estou naquela fase em que vejo post antigo meu aqui e penso “Caramba, eu li esse livro??? Sério???”). Bom, aos comentários.

Anna e o Beijo Francês (Stephanie Perkins): Anna é uma garota americana que vai passar o último ano antes da faculdade em uma escola em Paris. Pode ser o seu sonho, mas o fato é que ela não queria nada disso, especialmente porque não queria viver longe da melhor amiga e do rolinho que poderia virar algo mais sério. Aos poucos ela vai conhecendo pessoas novas e vai se deixando encantar pela cidade.

Então. Apesar de o enredo tomar um caminho bem previsível, o livro me conquistou principalmente porque as descrições que Perkins faz de Paris são ótimas, você quase viaja junto com a protagonista. a escola de Anna fica no Quartier Latin, mesma região em que fiquei quando fui para lá, então acabei morrendo saudades (e de vontade de viajar). Além disso, o interesse romântico da menina é um fofo, então o lado noveleira meio que pega o balde de pipoca e acompanha animada o will they won’t they por mais que já tenha ideia que yes, they wil.

Mas… mas… que diabos de tradução é essa? CA-RAM-BA. Eu não sou chata com isso, não mesmo. Tanto que não sirvo como revisora, porque deixo muita coisa passar sem nem perceber (quem lê meus posts aqui deve ter notado isso, haha). Só que ali não dava para não perceber. Sabe quando você lê a frase traduzida e já até sabe como era no original, só pelo erro? O exemplo mais marcante aparece já ali no começo com Anna dizendo que “não pode perder isso” enquanto está surtando com determinada situação. Fui checar e bingo, “I can’t lose it”.

Não vou dizer que “ah, é o tipo de coisa que não compromete a leitura”, porque comprometeu, principalmente na tentativa de passar as falas que no original estão entre aspas para o nosso modelo com travessão. Eu tinha que reler parágrafos para entender quem disse x, quem disse y e isso meio que estragou alguns momentos da leitura. E olha, na época que terminei de ler, procurei resenhas por aí e várias outras pessoas comentaram sobre isso.

Então fica assim: a história é fofa, doce e cuti-cuti e você fica morrendo de vontade de viajar para Paris, mas os erros de tradução (e acho que revisão também) dão uma sensação de… estrada esburacada? É, acho que isso. Você está de boa vendo a paisagem e tum! bate a cabeça no teto e tum! bate a cabeça no vidro, etc.

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No one else can have you (Kathleen Hale): A melhor amiga de Kippy é brutalmente assassinada, mas como na pequena cidadezinha de Friendship ninguém quer acreditar que o caso poderia ficar sem solução, logo a polícia prende o garoto-problema da cidade. Só que Kippy resolve investigar a história por conta própria, apesar de todos os riscos.

Hmkay. Verdade é que o mais legal sobre o livro é que Kippy é uma adolescente típica, mas não é uma heroína de YA típica. Assim: ela não é a menina gata, inteligente, sedutora que tem algum defeitinho aleatório só para não parecer perfeita. Ela é toda esquisita, não tem muitos amigos, não é exatamente o que se pode chamar de “brilhante” e até por isso há algumas passagens bem engraçadas na história.

A parte do crime (ou, mais precisamente, da investigação) é até interessante, mas chega lá na metade e você meio que já tem ideia de quem cometeu o assassinato. Porém, mesmo que o enredo seja um tico previsível, o final é bem tenso, mais pelos desdobramentos das descobertas de Kippy do que pelas descobertas em si.

Única coisa que achei completamente desnecessária foi colocar um interesse romântico para a Kippy. O livro se sustentaria muito bem só com a investigação. Mas fica parecendo que tem em algum canto um livro com regras para YA onde a protagonista tem que estar a fim de um carinha, né.  Pelo menos o carinha em questão é todo esquisito como a Kippy, o que dá uma certa graça para a coisa toda.

Em tempo: adorei a capa. Se chegar aqui no Brasil, espero que seja igual.

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Roomies (Sara Zarr, Tara Alterbrando): Vez ou outra quando estou sem nenhuma ideia do que ler, eu vou lá na Amazon e vejo o que aparece na lista de livros semelhantes de algum título que eu tenha gostado. Nesse caso eu sabia que queria um YA ou um mais levinho (tinha me acabado de chorar com O escolhido foi você) e resolvi ver algo parecido com Attachments, da Rainbow Rowell. Apareceu esse Roomies, a ideia principal era bacana e eu resolvi ler.

O livro se concentra na vida de duas meninas, Elizabeth e Lauren, que moram em cidades diferentes e que provavelmente nunca se conheceriam se não fossem selecionadas para dividir quarto no dormitório da faculdade. Elizabeth tenta um primeiro contato através de e-mail e aos poucos as duas vão criando um vínculo que inicialmente poderia ser até bem improvável, dada as diferenças entre as personagens, mas que vai ficando cada vez mais forte. Aposto que você já esteve nesse barco, de começar a conversar com alguém na internet e de repente essa pessoa ser sua confidente mesmo que você nunca a tenha visto pessoalmente. Acho que até por isso acaba acontecendo uma identificação bem rápida com uma situação que em outra época poderia ser até meio absurda.

De qualquer forma, a semelhança com Attachments está na mistura de e-mails com a linha narrativa em si, mas fica só nisso. Em Roomies o tema principal é o período de transição entre a escola e a faculdade, as pessoas que serão deixadas para trás e as novas pessoas que chegarão. Uma espécie de “modo de espera” que as pessoas entram até a mudança estar concluída.

Pelo que eu entendi, Roomies foi escrito em dupla, sendo que uma das autoras ficou com a parte de Elizabeth e outra com a de Lauren, mas não sei se foi exatamente isso, até porque não senti muita diferença no estilo. Enfim, interessante porque pela estrutura foge um pouco do convencional.

2 comentários em “Rodada de YA”

    1. eu não conheço muito do catálogo deles então não posso dizer nada. lembro que zodíaco eu achei ok, pelo menos não lembro de ter enfrentado problemas como nesse anna e o beijo francês. ô.O

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