Escolhas, escolhas…

canecaSe me perguntarem do que sinto falta sobre ter parceria com uma editora, eu diria: de não precisar ter critérios para escolher o que leria. Os livros já chegavam até mim com uma pré-filtragem (normalmente os lançamentos ou livros que as editoras queriam divulgar) e, como eu tinha o compromisso de resenhá-los, tinha que ler todos até o fim – mesmo achando o começo sem graça. Eu sei que muita gente pode ver isso como algo negativo (já li muita reclamação de pessoas sobre “todo mundo sempre falar dos mesmos livros”, por exemplo), mas para mim, como leitora, era uma benção. Porque eu tenho um sério problema na hora de escolher o que ler.

Fico tão ansiosa com essa ideia de que não poderei ler tudo o que foi publicado que acabo encontrando dificuldades na hora da escolha. Quem vem primeiro na fila dos ‘n’ livros para ler? Aquele livro recomendadíssimo por um amigo com gosto similar ao seu? O outro que tem sido elogiadíssimo em várias resenhas? O novo do seu autor favorito? Qual o critério para quem não tem qualquer obrigação com a leitura? Pois é. Eu não tenho. Ou às vezes até tenho, mas são bizarríssimos ou completamente contraditórios, do tipo “Leia antes que chegue o filme” (como fiz com O lado bom da vida) e “Leia porque você gostou do filme” (como fiz com As aventuras de Pi). No final é tão aleatório que não dá para dizer que há um critério (ou um método nessa loucura, como dizia o tio Will).

O problema disso tudo é que na ansiedade, você acaba largando livros mais rápido do que normalmente abandonaria. Ou ainda, quando você não tem critério fica muito fácil começar a tender para um só tipo de leitura. Porque a gente se acomoda. Gosta de um autor em específico e aí quer ler tudo dele (oi, Gillian Flynn!), fica confortável com um determinado tipo de livro e aí basicamente só troca de autor (ou título), mas o enredo continua sempre o mesmo. E mesmo assim, a tal da ansiedade de não poder ler tudo continua, dando espaço para um sentimento que faz com que eu lembre muito de uma cena em especial do filme Quase Famosos:

Hahaha, não, brincadeira, não é essa cena. Eu procurei o video e não achei, mas lembro dela basicamente assim: o sujeito mostra as duas mãos fechadas para o pessoal da banda e pede para que eles escolham uma. Em deles escolhe e ele diz “Não importa o que tenha aqui…” e aí ele abre a mão escolhida e mostra um objeto qualquer, então segue dizendo “… você sempre vai querer o que tem aqui” e então ele abre a outra mão, e ela está vazia. E por que estou falando tudo isso? Porque decidi que uma vez que não adianta o critério, eu sempre vou ficar com a sensação de que deveria estar lendo outro livro, o negócio é dar uma chance para a aleatoriedade mesmo. Como?

Coincidência ou não, no meio das minhas piras sobre o que devo ler a seguir acabei tropeçando neste post aqui. É uma “TBR mug” (estou velha e chata ou acrônimos assim são realmente desnecessários?), ou seja, a caneca de livros a serem lidos (é a imagem ali do começo do post). Você anota nos papéis os títulos do que quer ler (ou mesmo o que acha que deveria ler) e então de quando em quando vai lá, faz um sorteio e pronto, está escolhida a próxima leitura. Neste blog aqui a menina trabalha com a ideia de jarra, e não caneca, e há inclusive uma sugestão de como melhorar a ideia, colocando cores nos papéis para separar período em que o livro foi escrito, obras em outras línguas e, o que eu achei mais legal de colocar em uma jarra autores que ela tentou ler mas acabou empacando na leitura, gêneros que ela normalmente não lê e títulos que a intimidam.

Eu ainda não fiz a minha, mas provavelmente não vou seguir o esquema de cores porque sou um pouco cheater e sei que sempre tiraria os papéis das cores que representassem o século XIX (não, eu não me orgulho desse tipo de coisa, só estou sendo honesta enquanto escrevo). Mas certamente vou colocar as autores que acabei empacando (oi, Hilary Mantel!), gênero que normalmente não leio (mais uma chance para as biografias?) e títulos que me intimidam (vem cá, House of Leaves!), todos misturados com aqueles trocentos títulos que estão na lista de espera há tempos. Se der certo, mais para frente eu volto a comentar sobre como foi. De qualquer modo, fica aí como sugestão para quem também anda meio sem critério na hora de escolher algo para ler.

10 comentários em “Escolhas, escolhas…”

  1. Identificação total com a ansiedade de escolher o que ler em seguida. Mas eu tenho toda uma teoria sobre a época correta para ler determinado livro (e a certeza absoluta de que ele não será devidamente aproveitado se não for assim). São critérios que envolvem desde o tamanho do livro e onde eu vou estar, até o clima e o quanto vou estar trabalhando. Super complexo.
    Então, certeza que eu odiaria o livro se usasse o método da caneca…

    1. Eu tenho abandonado muitos livros pensando nisso também. “Ah, to achando ruim pq to meio ranzinza, vou ler depois”. Problema é que aí vem outra agonia: vou ler mesmo? Porque normalmente quando deixo para depois eu nunca retorno >

  2. Mesmo ainda tendo parcerias, sou totalmente aleatória nas escolhas da leitura. Vai aquele que parece mais interessante pro momento, sem ligar para prazos ou coisas assim. Esse sentimento que tu falou de estar com um livro na mão e pensar em outro é muito recorrente em mim. Até quando o livro que to lendo é um desses em que pensava enquanto lia outro! A ansiedade de começar a leitura é muito maior, parece, do que apreciar a leitura do momento. Acho que isso me atrapalha demais, tem que ter um policiamento maior de “te aquieta, guria, não pensa nos outros livros”.

    Achei fofo essa ideia da caneca, quem sabe um dia tente hehehe

    1. “A ansiedade de começar a leitura é muito maior, parece, do que apreciar a leitura do momento.”, nossa, perfeito! Exatamente isso! Eu estou com uma lista de uns cinco ou seis livros que estou morrendo de vontade de ler, e minha ansiedade é justamente por começá-los logo, aí mal aproveito o que tenho em mãos na hora (tipo o coitado do Life After Life, que nem é ruim, hahaha)

  3. Oi!
    Eu também senti identificação com a postagem, acho difícil escolher e não tenho critério (claro que tento colocar os de parceria na frente), fiquei muito inclinada em tentar essa aleatoriedade, eu até tenho a lista de livros para ler no computador. O problema é que também talvez fosse querer trocar o papel dependendo do resultado, Tentarei.

    1. sabe que na hora que escrevi nem pensei nessa possibilidade, mas assim que comecei a pensar nos títulos para colocar na jarra pensei “e se eu trocar o papel sorteado?” hahahah vou ter que deixar pra outra pessoa tirar o papel pra mim >

    1. eu já pensei em escrever, até comecei. mas eu não vi muito onde aquele post queria chegar e aí joguei na lixeira, hehe. vc tem alguma ideia do que gostaria de saber sobre isso? de repente sabendo da curiosidade de quem lê o blog eu veja um foco pro post ^^

  4. Nossa, parecia que eu lia você me descrevendo…tenho problemas seríssimos para escolher o que ler (ou o que continuar lendo). Sem falar que por conta disso eu começo a ler vários ao mesmo tempo e a pilha ao lado da cama fica gigantesca e eu começo a me sentir culpada, porque não acabo nenhum e então pego outro que vá ler mais rápido e…o ciclo continua.
    Gostei muito da ideia da caneca, mas acho que além de escolher o livro, eu tenho que me disciplinar para realmente ler o bendito e não deixar para manhã porque hoje estou com muita vontade de ler aquele outro lá.
    E ainda tem aqueles que são em séries (e tem muitos, mas muitos mesmo para ler) e eu quero logo ler todos, mas ao mesmo tempo não quero ficar lendo apenas um tipo de livro e então leio outro mas com o coração ansiando por aqueles lá.
    Eita vidinha miserável de leitora indecisa.

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