Top5: Novelas

Não, eu não vou falar de novelas da tv, até porque eu acho que a última que assisti do começo ao fim foi A Usurpadora.  Negócio é que notei que volta e meia falo sobre novela (em literatura) e aí fico sentindo falta de um linkezinho que traga uma (tentativa de) explicação sobre o que é novela e alguns exemplos disso. Então veio uma ideia de voltar para o bom e velho top5 do Hellfire, trazendo uma seleção com minhas novelas favoritas, ieiii! Ok, primeiro as (tentativas de) explicações. Normalmente as pessoas resumem toda a lenga lenga em “Novela é um texto mais longo que um conto, porém mais curto do que um romance”. Você já deve ter lido isso por aí, inclusive no Hellfire mesmo. O negócio é que é um tanto chato fazer uma definição que vá além disso, porque na realidade: 1) ninguém liga para esses detalhes, e aí todo mundo prefere dividir entre curto (conto) e longo (romance); 2) editoras e autores também não facilitam o trabalho, já que às vezes chamam de conto o que é novela, e de romance o que é novela e 3) a definição curtinha até que é boa, no final das contas.

Traçando um paralelo, romances seriam 11.

Mas tudo bem, vamos aos detalhes. Há quem diga que novela seja um texto que tenha algo entre 20 ou 40 mil palavras, o que é só uma versão com números da definição curta, se você for pensar bem. Negócio é que há concursos literários que premiam contos e novelas, e aí a diferenciação entre categorias fica justamente por conta do número de palavras, caso do Prêmio Nebula, que premia além de  roteiros, também contos, novelas, noveletas (sim, a coisa complica) e romances, levando em consideração o número de palavras. O conto, por exemplo, tem menos de 7.500 palavras, se tiver pouco mais do que isso já é noveleta.

Mas para quem desconfia dessa exatidão toda, há outras dicas para conseguir diferenciar uma novela de um conto, todas consequências óbvias do tamanho ligeiramente maior. Personagens e enredos são mais desenvolvidos do que nos contos (pense em uma maior ênfase aos sentimentos, motivações e conflitos), porém ainda não há a presença de várias subtramas como acontece com o romance: você tem em mãos uma história, com um narrador se concentrando unicamente naquela história do começo ao fim. Ficou vago? Pois eu não disse que a definição curtinha até que é boa? Se você parar para pensar que o Mario de Andrade um dia disse que “um conto é o que um autor chama de conto“, já dá para entender porque o assunto é um pepino (e também porque mais e mais as pessoas resolvem ignorar a existência da novela e definir tudo como conto ou romance). De qualquer forma, vai aí meu top5 novelas para você ter alguns exemplos que talvez possam ajudar a entender qual é a da novela (e para entender também o tamanho do abacaxi: algumas das novelas listadas são consideradas contos ou romances por algumas pessoas. Eta!).

Ok, deixa para lá. Vamos mariodeandradezar e dizer que uma novela é o que eu chamo de novela.

TOP 5 NOVELAS!

5. Bonequinha de Luxo (Truman Capote)

Quando falei sobre essa novela comentei que era certo que Holly Golightly entrou no imaginário popular por conta da maravilhosa atuação de Audrey Hepburn, mas que após ler o livro me dei conta que a atriz recebera a personagem pronta. Holly é apaixonante, a personagem feminina mais encantadora que já li, seja por suas incongruências ou suas manias, Bonequinha de Luxo é isso: Holly, Holly, Holly! Mas de um jeito gostoso, fluido, impossível de largar até chegar ao fim (e aí se arrepender por ter acabado tão rápido).

4. Eu sou a Lenda (Richard Matheson)

Eu nunca vou esquecer de como Matheson foi capaz de desenvolver um clima completamente claustrofóbico do início ao fim. E não só isso, mas também o fim. AQUELE FIM. Só tenho a lamentar sobre a adaptação com Will Smith, porque ela estraga justamente o que a novela tinha de melhor. E ainda fez com que algumas pessoas pensassem que é uma história de zumbis, quando é de vampiros, blé!

3. Cândido, ou O Otimismo (Voltaire)

Eu era uma guria de 13 anos quando li este livro pela primeira vez. Gostei tanto, mas tanto, que juro que desenvolvi uma crush meio bizarra pelo Voltaire. É divertido, é inteligente. E, assim como muitas obras do filósofo, bastante atual em algumas críticas ainda nos dias de hoje. Ah, e para quem gosta de história, é um prato cheio: A guerra dos sete anos, o terremoto de Lisboa…  não há evento infeliz daquele período que o pobre Cândido não tenha presenciado.

Só para compensar o fato de eu nunca ter escrito sobre Cândido nesses quase 10 anos de Hellfire.

2. Bartleby, o Escrivão (Herman Melville)

Se você pensa que o fato de uma novela ser mais curta do que um romance tem alguma coisa a ver com a profundidade de uma obra, dá uma conferida nesse aqui. Na segunda vez que li Bartleby fiquei com tantas questões na cabeça que na realidade achei que precisava de mais algumas outras para encontrar as respostas. Há toda uma melancolia na apatia da personagem, contrastando um tanto com algumas ações do patrão, que chegam a ser cômicas. É uma história belíssima e bastante marcante.

1. A outra volta do parafuso (Henry James)

Eterna querida não só entre novelas, essa história é simplesmente excepcional. Se você for pensar em como a narrativa é breve, e em como mesmo com poucas palavras James consegue criar uma atmosfera apavorante e, mais do que isso, um texto que oferece tantas possibilidades de leituras, não tem como não admirar.

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