Dylan Dog e as criaturas da noite

Verdade seja dita, já tem um bom tempo que não leio quadrinhos. Mas posso falar com toda certeza que uma das últimas vezes que me empolguei com um título foi quando descobri Dylan Dog, os primeiros que li saíram pela Conrad, e depois acompanhei a série pela Mythos. Tinha algo nas histórias do “detetive do pesadelo” que realmente me agradavam, aquela boa e velha mistura de horror com humor, não tinha como eu não gostar. Mas aí pararam de publicar e eu larguei mão, acho que meu último contato foi com o filme Dellamorte Dellamore, que é “baseado” no Dylan Dog mas não exatamente uma adaptação.

E aí chegou a notícia de Dylan Dog: Dead of Night, adaptação meeeeesmo do meu personagem do coração. Eu desde o começo estava um pouco cética, até porque nas primeiras informações já se sabia que personagens como o Groucho não estariam no filme (e desculpem, eu adoro o Groucho e acho que faz falta sim). Mas tudo bem, de qualquer forma eu tinha que conferir, até porque ao ver o trailer eu tinha ficado bem curiosa e até com alguma esperança de que não fosse de todo ruim.

Primeiro o mimimi de fã:  não tem Groucho, ok, já disse isso. Mas repito: não tem Groucho. Marcus é engraçadinho e tudo o mais, mas não é o Groucho. Aí tem o fato do Dylan Dog ser americano, e desculpe, a dor no coração é a mesma de ver o Constantine americano. Poderiam mudar a história para New Orleans, sem problema. Mas DAVA PRA MANTER O DYLAN COMO UM INGLÊS, CÁTSO. Se o Hugh Laurie consegue se passar por americano em House, por que o Brandon Routh não consegueria se passar por britânico?

Ok, agora sem mimimi de fã, vamos falar do filme em si. Primeiro é a própria escolha do Brandon Routh. Ok, o Rupert Everett está velho, não daria certo como Dylan Dog e fisicamente a escolha do Routh está ótima, quando ele coloca a camisa vermelha, pans, parece que saltou dos quadrinhos. Mas gente, que ator mais canastra, pelo amor de deus. Até em voice-over ele soa canastrão, sério. Umas expressões meio forçadas, um jeitão nítido de quem acha que caiu em uma roubada ao aceitar interpretar a tal da personagem. Não, não colou.

E não colou também o roteiro. Tem lá seus bons momentos, como eu disse, o Marcus é engraçado, e toda aquela parte dele começando a viver como zumbi rende umas risadas, mas o filme não é comédia, certo? E aí como história de suspense deixa muito a desejar, com uma trama meio sem pé nem cabeça que resolve apelar para todos os tipos de monstros na moda atualmente talvez até para chamar mais público, não só os fãs de Dylan Dog. Acho que não dará muito certo, até por causa de cenas como a em que o mocinho finalmente se rende e pans, pega a mocinha. Foi muito nada a ver, eles estavam no meio de uma conversa e aí do nada começaram a se beijar.

Maquiagem também, péssima. Os lobisomens são de dar vergonha se for pensar que Lobisomem Americano em Londres é de 30 fucking anos atrás e é trocentos milhões de vezes melhor do que os do filme. O zumbi fortão é ridículo, os vampiros idem e talvez a única coisa que se salva sobre maquiagem são os zumbis normais e o Belial, que ficou bacanudo mas como o Fábio acabou de me lembrar aqui, era meio fraco para o “chefão” do filme, digamos assim.

Dia desses eu tinha lido uma crítica do filme falando que ele tentava agradar um público que não conhece Dylan Dog e com isso acabava não agradando nem um, nem outro – e acho que tenho que concordar. Não é uma perda total de tempo, você não fica se torturando para chegar até o fim. Mas a verdade é que considerando as ótimas histórias já publicadas, dava para ter feito algo muito, muito melhor. Do jeito que fizeram, ficou apenas medíocre.

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