127 Horas

Ok, vou virar groupie do James Franco. Depois que a atuação dele fez valer a pena um filme com um enredo bocó desses (sujeito sai para escalar, fica com o braço preso em um buraco por… ahn… 127 horas?) não tenho mais nada a dizer, entregue os prêmios para o rapaz, sim? Ok, os méritos não são só dele, é uma combinação de elementos. Mas que ele está muito bem  e dá conta de levar o filme praticamente sozinho, dá. É, apesar de que de forma mais leve, parecido com o caso da Natalie Portman em Cisne Negro: exigia muito do ator não só na questão da interpretação em si, mas fisicamente também.

Mas, como eu disse, 127 Horas é um bom filme não só por causa dele. Um dos fatores é a edição, que consegue fazer com que passemos da sensação de multidão para a solidão em um segundo, por exemplo. Isso para não falar do modo como os flashbacks são colocados (quase como alucinações de Aron), e o modo que cenas mais complicadas foram muito bem executadas (como quando Aron precisa beber a própria urina, ou bem, a famosa cena em que ele corta o braço).

A trilha sonora é ótima também, mas isso já vem sendo algo comum em filmes do Danny Boyle, não? De qualquer forma, trabalha muito bem no desenvolvimento do clima da história e também da personagem – aqueles crédito iniciais contaram tanto de Aron sem ele sequer abrir a boca, que chega mesmo a surpreender.

Quanto ao enredo, eu confesso que achei bobo mesmo. Só queria ver o filme porque o Franco tem feito boas escolhas, mas fora isso eu pensei “Ok, láááá vamos nós para mais uma história de superação”. Mas o legal é que Boyle consegue deixar a questão da superação em segundo plano. 127 Horas não é SÓ sobre o carinha que conseguiu se salvar da fria em que se meteu, mas mais sobre COMO ele foi parar ali.

E aí a situação de Aron, embora extrema, acaba funcionando muito bem como uma metáfora de um problema moderno bastante comum: estar só na multidão. Uma solidão que nós mesmos buscamos, aceitando como normal o que nos é oferecido a cada dia como parte de uma sociedade extremamente individualista. Ele sai para escalar e não fala para ninguém onde está, o que dificulta a possibilidade de ele ser salvo. Ampliando a questão: quantas pessoas estão aparentemente próximas de você, mas não sabem nada do que você faz?

Eu acho que é nessa questão que 127 Horas agrada. Não que toda a agonia para ver Aron se safar daquilo tudo também não chame a atenção. O truque de Boyle inclusive é uma repetição do sucesso do Quem quer ser um milionário?: desde o início estamos torcendo. Não é só o ato de ver o filme, é realmente torcer, como torcemos quando assistimos a um jogo na tv, queremos que aquela pessoa vença, se supere. Enfim, é entretenimento. Mas dos bons.

PS. Já vi os resultados do Globo de Ouro e discordo totalmente de A Rede Social levando tanto prêmio, mas ei, qual a graça desses eventos senão discordar de tudo, não é mesmo?

2 comentários em “127 Horas”

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