A Rede Social

Acho tão triste quando vejo um filme que é todo redondinho, perfeito mas que simplesmente não me agrada da forma que deveria. Lembro de A Rainha, por exemplo, e Frost/Nixon. E agora coloco na galeria A Rede Social, de David Fincher. Talvez o maior problema nesse caso seja a personagem principal (Mark Zuckerberg) que não tem carisma algum. Aquela coisa, eu adoro personagem escroto, mas gente que, como a mocinha comenta mais para o fim “se esforça para ser escrota”, ahhh… não é tão legal assim.

Ele é desde o início retratado como um egoísta obcecado com uma ideia, ao ponto de não enxergar nada ao redor. E como é desde o começo, você meio que desde o começo quer mais é que ele se ferre. Mas as personagens que vão cruzando seu caminho também têm lá seu defeito: são fracas. Tão fracas ao ponto de você também não se importar (código de honra de Harvard? WTF?!).

Eu gostei do modo como a história foi montada, cruzando os depoimentos relacionados a dois processos movidos contra Zuckerberg. Funcionou muito bem, criando ótimos efeitos como quando o sujeito pergunta para Zuckerberg se ele tem noção que o amigo dele o está processando, ou mesmo quando corta para uma frase que é dita no flashback e volta então para o depoimento. Ficou legal mesmo, e deu agilidade, um ritmo bem rápido para a história.

A trilha sonora é assinada pelo Trent Reznor (nine inch nails), e talvez por isso mesmo nem seja surpresa que bem, está impecável. Tem um momento na disputa da regata (gente, acabou de dar branco e esqueci o nome certo do esporte >< ) com uma versão de Peer Gynt tocando, ficou excelente. Mas aquele momento pareceu tão fora do contexto, sem sentido ali na narrativa. Sim, foi o momento que os ricões decidem processar Zuckerberg, mas francamente, dava para ter dado a eles ou um espaço maior ou menor: do jeito que ficou, parece que foi só para ocupar tempo na película.

Os diálogos em sua maioria são interessantes, e nisso que insisto: é, apesar de tudo, um filme muito bem feito. O problema é que pelo menos para mim a história não poderia ser mais desinteressante. Sei que tem muito de uma questão pessoal aqui, então não levem a mal quem se apaixonou pelo filme. Eu é que sou meio chata sobre meus protagonistas.

8 comentários em “A Rede Social”

    1. o problema do saverin é que ele foi muito burro. aí eu pensei “tem mais é q se ferrar mesmo” =F mas sim, o garfield mandou bem no papel, especialmente nos momentos dos depoimentos.

  1. Eu gostei do filme, mas muito foi pq o protagonista tem a cara e o jeito do meu irmão (que é uma cópia em 78 rotações do ator), gosto do personagem do Andrew Garfield, e acho que o Zuckerberg do filme só entrou nas duas frias por ser ao mesmo tempo antipático e indiferente a coisas que não se tratavam diretamente da programação e novidades do processo. É o tipo da história que os defeitos das pessoas são determinantes do mal que acontece com elas. Acho ainda que as coisas aconteceram rápido demais para pessoas que não necessariamente tinham maturidade suficiente para lidar com a proporção dos problemas que criaram. (Lembrem-se que o Zuckerberg completou 26 anos em 2010).

    mas me alonguei demais. Acho que o filme poderia ser melhor, acho sim. Mas ele me pos a cabeça pra pensar nesses montes de coisas, e (efeito clássico da propaganda contrária), me estimulou a conhecer o bendito do Facebook (que ainda não faz meu estilo.)

    1. eu acho que o maior problema com o Zuckerberg como personagem (e talvez nisso tenha um tico de culpa da atuação do ator) é que vc nunca consegue entender o que ele está pensando – ir além das palavras. você sabe que ele vai sacanear os irmãos gêmeos, mas o que ele pensa disso? vê como sacanagem mesmo? enfim, falta um pouco disso. =/

      e o facebook é legal, lá eu posso jogar farmville hahahaha

      (brinx)

  2. E comprar um gato preto né?

    Então…por isso que disse do meu irmão…como eles são muito parecidos, eu achei que entendi as motivações por trás das palavras. Mas eu acho que o fato da gente não saber o que ele pensa se deve muito mais à estrutura do filme do que por culpa do ator. Acho que o foco narrativo são as duas ações, e quem realmente conta a história do filme são os que se sentiram lesados. Acho que o ator pode ter escolhido (ou o diretor tê-lo guiado para) essa via. De deixar propositadamente de lado o que ele está pensando e focar no que os outros pensam dele.

  3. Pelo que a Izze falou, o livro é meio maniqueísta…. afinal só leva em conta o que o Saverin contou da história…Mas entendo a perturbação

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