Test-drive: Kindle 3

O pessoal que me conhece sabe da minha paixão por livros. Não, não estou falando da paixão por leitura, embora eu também a tenha. Mas é aquela coisa quase de fetiche, de colecionar edições bacanas de títulos que gosto (Bartleby, oi?), ter o maior orgulho de possuir daquelas tiragens especiais (tipo a de O Senhor dos Anéis, que temos três aqui em casa) ou ainda o velho e ótimo prazer de sentir o cheiro de livro novo, especialmente quando esse era desejado há muito tempo (naquele esquema Felicidade Clandestina, saca?).

Considerando tudo isso, como acham que recebi o conceito de e-readers? Não só total descrença que a coisa “pegaria” mas também certa de que eu jamais gastaria dinheiro em algo assim. Eis que o Fábio estava há tempos namorando a oportunidade de comprar um Kindle (e-reader da Amazon), e quando chegou a terceira geração, ele nem esperou o lançamento: já em pré-venda tratou de garantir o dele. A engenhoca chegou tem uns dias aqui em casa, e durante o feriado eu resolvi fazer um test-drive, até porque né, triste não é mudar de opinião (e não ter opinião para mudar, há!).

Deixando bem claro que estou opinando sobre o Kindle 3. Não estou falando de qualquer outro tipo de e-reader, até porque não tive acesso a eles. Sei que alguns devem ser bem ruins, e outros podem até ser superiores, mas lembrem disso: Kindle 3. O livro que usei para testar foi o Dead in the Family, da Charlaine Harris (do qual eu possivelmente falarei mais para frente), até porque é daqueles só para se divertir e aí eu não correria o risco de embarcar em alguma roubada literária e culpar o coitado do Kindle pela má experiência. Vamos então às opiniões:

Para quem é o Kindle?

Eu acho que é um pouco a união de três fatores: ler muito, comprar muito livro e ler em inglês. Não acho o último tão essencial, já que você pode ler pdf no Kindle, mas é bem mais fácil encontrar títulos em inglês (convenhamos, pdfs em português costumam ser aquelas traduções piratas ruinzonas que nem vale a pena ler). Mas se você lê muito e compra muito livro, invariavelmente chegará em um momento em que vai entrar na sua casa e pensar que uou, é tudo muito cool, chique e O Lobo da Estepe essa coisa de livros espalhados pelo chão, mas chega uma hora que você não tem mais nem chão para isso. Em compensação, um arquivo para e-reader é pequetito, e você pode ter centenas de livros ali no seu Kindle, centenas essas que ocupariam toda a sua estante da sala, por exemplo.

Mas hum, e se eu pego livro de biblioteca, Anica?

É, nem todo mundo é compulsivo quando se trata de livros. Algumas pessoas lembram da maravilha que é ir até uma biblioteca, escolher um título e ser feliz. Mas o Kindle tem uma coisinha que nem a biblioteca pode oferecer: conforto a qualquer hora. Isso é sério, e foi o que me conquistou, um Kindle torna a leitura algo muito confortável, seja lá onde você estiver. Eu digo isso porque recentemente estou com bastante dificuldade para terminar o 2666, e não porque o livro é chato ou difícil. Mas porque tem 856 fucking pages! É um baita de um catatau, que impossibilita a leitura no ônibus (tenta ler esse em pé, vai), e você sempre pensa duas vezes se vai mesmo carregá-lo por aí para ler enquanto espera o seu médico te atender, ou se está no intervalo no trampo. Enfim, é pesado pra caralho.

Já um Kindle é levinho, levinho. A tela lembra muito o tamanho de um livro de bolso, então basta ajustar a fonte para o que você considera ser o tamanho ideal e pronto, dá para levar para qualquer lugar e ler em qualquer lugar. Inclusive no sol, já que a tela não tem luz própria – buscando imitar o máximo possível o papel, para justamente não causar aquele incômodo que uma tela de computador costuma causar. Então se a parte prática da coisa (de deixar mais espaço para sua casa e te livrar da preocupação com mofo, traça e afins) não te convencer, pense nessa palavra: conforto.

E a questão do custo, heim heim?

O Kindle com frete e pagando imposto chegou aqui em casa por menos de 500 reais. Sim, reais, e não dólares. Eu perguntei umas duas vezes para o Fábio so para confirmar, porque eu podia jurar que era doletas. O aparelho em si é absurdamente barato, se for pensar bem. O único porém do negócio é que os preços dos livros não são tão bacaninhas assim (e pelo que vi a coisa é assim de uma forma meio geral, mesmo os livros eletrônicos da Saraiva estão com preço ruim).

Um exemplo é o próprio livro da Sookie que eu li para testar. Arredondando os valores, o paperback sai por 8 dólares. O livro para o Kindle sai 12 dólares. Agora, considerando que grande parte do valor de um livro está justamente na impressão (papel, tinta, etc.), como assim um paperback sai mais barato do que um livro que não precisou ser impresso? Eu já vi esse filme antes, e o final não foi legal para quem estava muitcho loco atrás de lucro, devo dizer.

Veredito final, por favor?

A verdade é que eu adorei e vou querer um para mim. Assim, é lóóógico que eu adoraria que o custo dos e-books não fosse esse absurdo, e que assim fosse mais fácil inclusive comprar títulos em português, mas dá para ir se virando enquanto esse negócio não muda. O conforto que um Kindle oferece para a leitura é realmente algo que faz valer a pena – a tal da tecnologia e-Ink é impressionante no sentido de ser bem próxima do que temos no papel, e ainda por cima é leve, e a bateria dura MUITO tempo. Eu sei que tem aqueles outros coloridos e serelepes, mas eu acho que eles não me ofereceriam exatamente o que mais gostei no Kindle, a oportunidade de levá-lo para qualquer lugar.

E isso que eu não usei todas as funções disponíveis no aparelho, como a consulta ao dicionário ou ainda a possibilidade de fazer anotações em trechos de livro (lembra daquele peso na consciência ao escrever nas margens? É, com o Kindle não tem problema). Acho que em janeiro já devo ter dado conta dos últimos livros de papel que comprei e aí já posso entrar nessa de Kindle sem medo =]

13 comentários em “Test-drive: Kindle 3”

  1. Pois é, eu e a Dani temos conversado bastante sobre o kindle, tablets, etc. e estamos bem a fim de comprar um bichinho desses.

    Não sabia desse lance da tela não ser iluminada para poder ler no sol e não agredir os olhos como uma tela de computador. Isso pode ser determinante, mesmo considerando a tela monocromática dele (considerava usar pra ler comics também).

    1. O negócio da luz é o charme do kindle, eu acho. pq aí realmente parece que vc está lendo papel, e não da tela do computador (algo que eu considero cansativo de qualquer jeito, seja em poucas ou muitas polegadas).

      não dá para ler comics mas para os livros vale muito a pena. e vc e a dani costumam ler um monte, então acho que estão bem dentro do que eu considero o tipo perfeito de usuário para o kindle ^^

  2. Fico muito feliz de você ter feito esse post, pq há tempos penso em ter um e-reader. No momento, ainda acho os preços um pouco proibitivos.

    Logo que surgiu, eu quis um ipad; era lindo, divertido, e servia perfeitamente como e-reader, com a frescurinha adicional da animação da página virando quando você tá lendo o livro. No entanto, o ipad é pesado, não absurdamente, mas mais pesado que um Kindle, por exemplo.

    O Kindle é simpático por ser mais leve, portátil, e nào tira a sua atenção pra qualquer outra coisa. Por exemplo, o ipad pode puxar um jogo, um email, qualquer coisa da internet que tire sua atençao da leitura. O Kindle não, é feito apenas para a leitura; vejo isso como vantagem.

    Ainda tem o Kindle com 3G internacional gratuita, isso é um big fucking deal pra mim, vc conecta de qq lugar, quando quiser, e compra livros.

    Agora, concordo, o preços dos ebooks sao salgados, e é inadimissível que um paperback custe menos que um ebook. Nao tem logica nenhuma e é pura safadeza.

    Mas enfim, para alguém, como eu, que compra muitos livros, e em 90% dos casos prefere ler em inglês, o Kindle é um sonho. Não tenho os 500 reais pra pagar por ele, mas definitivamente considero seriamente comprar um.

    Agora, li em algum lugar que o Kindle não pagaria mais imposto, por ser considerado objeto de uso pessoal (como celular), mas não sei se isso é considerado apenas quando você vai lá e traz um, ou se pedir pelo correio tambem vale. Vou aguardar Outubro pra descobrir. Sem imposto, fica impossível resistir 😀

    1. o lance do imposto é assim, pablo: se vc estiver viajando e comprar um aparelho lá fora, não terá que pagar imposto ao chegar aqui no brasil. mas por enquanto comprando da amazon.com além do frete ainda tem o valor do imposto do produto.

      um sujeito já conseguiu se livrar desse imposto entrando na justiça (e yadda yadda yadda) mas convenhamos, pagar o dito do imposto sai mais barato que pagar um advogado, hehehe

  3. Ando considerando seriamente um Kindle. Não sei se espero o enrosco da questão da tributação sobre o aparelho ser resolvida (e com isso pagar ainda menos por ele) ou se compro antes.

    Mas a praticidade do aparelho tá pesando na decisão. No meu caso, num primeiro momento, meu interesse nem é na compra de ebooks: primeiro que ainda tão muito caros e, segundo, porque meu interesse maior no Kindle é poder colocar nele os pdfs que eu JÁ tenho aqui no notebook, entre eles muita coisa em domínio público ou simplesmente esgotada. Além de facilitar a consulta, me pouparia um dinheiro considerável, já que eu não precisaria mais imprimir livros inteiros como tenho feito até então (ler umas 600 páginas na tela do note? Nem se eu quisesse.)

    Fora isso, a questão do espaço também me preocupa. Já não tenho onde colocar livros por aqui e estou empilhando (os impressos de pdf também, que já somam umas três pilhas consideráveis). Claro que gosto de ter o livro físico, mas vai chegar uma hora em que será muito mais fácil (e barato) comprar/baixar um arquivo pra um e-reader do que me preocupar com novas estantes.

    1. é como eu falei para o sky, acho que vc tb se enquadra certinho no perfil. a questão do conforto para ler (porque eu até tentei pegar umas obras obscuras para ler no computador, mas não dá. cansa a vista, vc se distrai se tem inet no computador e por aí vai). isso para não falar de quem compra muito livro tb. aqui em casa a estante que acabamos de fazer para nossos livros já lotou, estamos fazendo uma segunda fileira de livros na frente da outra (o que não ajuda muito na hora q vc precisa pegar um livro). chega uma hora que tem que pensar de forma prática: é uma delícia ter livro de papel em casa? é. mas oi, tem que ter espaço para isso. até pq infelizmente eu não tenho grana para fazer como um professor da ufpr fez uma vez: comprar um apê para guardar os livros O_o

      1. Realmente espaço para livros está se tornando um problema. Nesse ano eu e a Dani começamos a morar juntos. Ela levou todos os livros dela (uns 300, give or take) e lotou as prateleiras. Dos meus livros (devo ter uns 600, considerando livros de RPG e de direito), só levei uns 30, por falta de lugar.

        Ano que vem a gente vai pra um ap maior, mas mesmo assim, quase 1000 livros ocupa um espaço do cagalho. Cogito até me desfazer de alguns livros meio tranqueira que eu tenho.

        Pra isso o kindle vai ser ótimo, pois teremos o melhor dos dois mundos: livros infinitos + espaço finito com biblioteca estilosa 😛

  4. Sobre a tributação, atualmente tu só não paga imposto se trouxer o Kindle do exterior na bagagem, não se comprar pela internet aqui do Brasil – nesse caso, tem imposto, sim (60% do valor final da compra, no mínimo).

    Sobre o preço dos e-books, andei pensando e acho que deve ter um pouco a ver com a questão da demanda. Claro que andam vendendo bastante, mas como a coisa é relativamente nova, não é tanto quanto o livro físico e não tem (ainda) tanta penetração como os vendedores gostariam. Imagino que seja por isso que coloquem o preço mais pra cima do que seria aceitável num livro que não precisa ser impresso. Talvez isso mude com o tempo e a popularização do formato (assim espero).

    1. mas se eles continuarem cobrando esse absurdo ninguém vai se animar a comprar e entraremos no mesmo ciclo vicioso de pq os livros (físicos) no brasil são caros =((( espero que em algum momento eles simplesmente percebam que pelo menos mais barato que o livro físico eles têm que vender.

  5. Acho que antes do preço dos e-books baixar, o que tem que baixar é o do e-reader. É isso que afasta a maioria das pessoas, acredito. É meio como quando surgiu o aparelho de dvd, celular, etc.: começa custando uma fortuna e sendo coisa para poucos, depois o preço vai caindo vertiginosamente e todo mundo passa a ter um. O que leva a essa queda de preço é o que eu não sei ao certo, mas imagino que a concorrência influencie. Logo, se tiver mais gente fabricando e-readers, a coisa deve melhorar mais cedo.

  6. Pelo que entendi a tela ainda é a parte mais cara de todas, e fiquei impressionado que tenha baixado dos U$150 tão cedo.

    E, de qualquer forma, não existe justificativa pra um ebook custar mais ou o mesmo que um livro em papel

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