Tesis (1996)

A primeira vez que ouvi falar de Alejandro Amenábar foi ali para o final de 2001, com a chegada de Os Outros no cinema. Lembro que nas ‘n’ reportagens que li elogiando o trabalho dele como diretor e roteirista, mencionavam também o Abre Los Ojos, que depois de um acordo com Tom Cruise ganhou a versão hollywoodiana Vanilla Sky. Mas aquela coisa, salvo raríssimos casos (como o Tarantino), não sou exatamente macaca de auditório de diretor e não costumo sair correndo atrás de qualquer coisa que tenha seu nome, por isso foi uma baita surpresa quando após terminar o thriller Tesis (1996), descobri que era um filme de com roteiro e direção de Amenábar.

Suspense bem bacana, o que aliás me levou a pensar o que aconteceu com filmes como esse. Lembro que na década de 90 pipocaram vários filmes do gênero, e alguns acima da média como Cova Rasa e Seven. E agora você consegue contar nos dedos os suspenses que não tenham necessariamente qualquer relação com o sobrenatural ou que bom, que sejam realmente aqueles que valem a pena assistir, como foi o caso de Tesis.

A cena inicial já situa bem para o que será debatido a seguir. O metrô onde está a protagonista para e um guarda avisa que é para todos descerem e seguirem caminhando, sem olhar para o lado porque o que fez o metrô parar foi um homem que se jogou nos trilhos. Entre pedidos insistentes que as pessoas não olhassem para o lado, ele diz que o homem está partido em dois. E aí a câmera segue o ponto de vista da protagonista, que fica curiosa para ver o morto. E então você pensa quantas vezes já não deu uma espichada no pescoço para ver um acidente ou coisa que o valha.

Na história, Ángela é uma aluna de Cinema que está fazendo uma pesquisa justamente sobre isso, filmes violentos e o que nos leva a querer assisti-los. Por acaso seu orientador encontra um filme na videoteca da faculdade, que mostra uma jovem sendo brutalmente assassinada. Sim, é um snuff movie, mas antes que você torça o nariz e diga “Isso já apareceu no 8mm!”, vale lembrar que Tesis saiu três anos antes do filme com Nicolas Cage.

A garota descobre que a pessoa assassinada no filme era estudou na mesma faculdade que ela, e que estava supostamente desaparecida há dois anos. Com a ajuda de um colega que tem um gosto meio bizonho por filmes pornô e violentos (eles se conhecem quando ela pede que ele apresente algo forte, e ele passa algo parecido com aquela série de filmes que fez sucesso nos anos 90, o Faces da Morte, lembram?) começam a investigar quem estaria por trás daquela gravação.

Assim, como mistério ele tem poucas personagens, então não espere grandes viradas surpreendentes no roteiro (até porque ainda não estava na moda esse negócio de viradas-supreendentes-no-roteiro, hehe). É relativamente simples, deixando o espectador mais naquela dúvida de quem entre aqueles poucos são os culpados – e aí para conseguir despistar acaba brincando mais com pistas falsas do que com a inclusão de novos elementos. Mas prende a atenção e deixa uma boa crítica na conclusão do filme. Vale realmente a pena. Mais um filme do Amenábar que eu diga isso, começo a acompanhar tudo o que ele fez, prometo.

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