O Lobisomem

Baseado no clássico de 1941 que contava com Lon Chaney no papel principal, esse novo O Lobisomem com Benicio Del Toro não teve exatamente a recepção que eu esperava. Por causa disso, acabei adiando o dia em que finalmente iria conferir o que para mim seria um daqueles raros casos de filme de terror com boa qualidade (que não se sustenta só no humor ou na tosqueira, digamos assim). E sabe como é, quando você tem baixas expectativas, as chances de se decepcionar também são baixas.

E para falar bem a verdade, passei boa parte do filme pensando no que é que as pessoas viram de errado nessa adaptação. Lembro que em uma das resenhas que li, diziam que o diretor não teve coragem de fazer horror de fato e a história ficou sem sal (digamos assim). Se for essa a razão mesmo, talvez a explicação seja o fato de que a versão que chegou nos cinemas tem lá 16 minutos a menos do que a versão do diretor (que foi a que eu assisti). E provavelmente boa parte das cenas gore do filme tenham ficado de fora para se ajustar a alguma classificação que atingisse um público maior, não sei.

Mas é aquilo, só palpite meu. Não assisti a versão do cinema então não posso dizer o que foi que ficou de fora e o que não ficou. Mas a versão do diretor me pareceu bem redondinha, acima da média se considerar que trata-se de um filme de horror. Acho que algo que realmente não me agradou foi o próprio Benicio Del Toro. Sei do que ele é capaz como ator, e talvez por isso tenha ficado um pouco decepcionada com parte da atuação dele, na primeira parte do filme.

Quando finalmente aceita que foi “amaldiçoado” pela mordida do lobisomen, e especialmente quando está internado no hospício, ele rende ótimos momentos, o que deixa a questão da atuação no razoável, pelo menos. Quem está muito bem no filme é Hugo Weaving, como o inspetor da Scotland Yard Abberline.1

Há ainda todo o cuidado com figurino e ambientação, coisa que não se vê tipicamente em filmes do gênero. Os vestidos utilizados pela personagem interpretada por Emily Blunt, por exemplo, são simplesmente lindos. E toda aquela atmosfera da Inglaterra vitoriana foi muito bem resgatada, tanto quanto no interior (em Blackmoor) quanto em Londres.

Enfim, não vou dizer que é um filme estupendo e imperdível, porque não é. Só não é também o fracasso que alguns críticos apontaram logo que o filme chegou nos cinemas aqui do Brasil. Para quem gosta de horror, como comentei antes, é uma das raras oportunidades de conferir uma história com um elenco bom e com cuidado que só um orçamento mais avantajado costuma permitir. Mas fica a dica: procure a versão do diretor. Na dúvida entre o que ficou ou não de fora, é melhor garantir.


  1. se sentiu que o nome é familiar, sim, é a mesma personagem constante em histórias que envolvem Jack o Estripador 

4 comentários em “O Lobisomem”

  1. Fábio Kabral – Fábio Kabral é escritor, autor dos romances “Ritos de Passagem” e “O Caçador Cibernético da Rua 13“. Escreve também em seus blogs e redes sociais. Ator formado pela Casa das Artes de Laranjeiras, estudou Letras na UFRJ e na USP. Um dos fundadores do site “O Lado Negro da Força“. Já trabalhou como ator, dublador, livreiro e analista de mídias sociais. Palestrante de temas relacionados a afrofuturismo, afrocentricidade, candomblé, literatura fantástica, cultura pop e criação literária. Iniciado no candomblé e filho de santo do terreiro “Ilê Oba Às̩e̩ Ogodo“.
    kabral disse:

    Agora que você recomendou irei buscar o filme sem tanto receio – mas também sem muitas expectativas, para não e decepcionar também.

  2. Vi a versão do cinema e, de fato, achei simplesmente horrenda (e não no bom sentido). Achei as atuações ruins (com a exceção do Agente Smith, já citado) e o CGI meio tosco tambem. E de uma forma geral, não achei a estória cativante, tendo o seu desfecho bem previsível e risível. Já não tinha dado certo no Hulk do Ang Lee, insistir nisso me confunde!

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