Shock Treatment

shocktreatment-overture-frontcovers.jpgUma das teorias do Fábio sobre Sandman é que é bom porque teve um fim. Ele argumenta que histórias que se estendem demais costumam “se perder” ou simplesmente ficarem sem graça (citando aí o caso dos X-Men e aquele morre-não-morre já bem tradicional). E sabe, de certa forma eu até concordo com ele, mas por outro lado fico cá pensando que, como fã, eu quero mais é material novo todo dia (não que reler Sandman não seja um prazer, mas confesso que fiquei toda serelepe quando chegou Noites Sem Fim no mercado).

Acho que de certa forma isso pode ser estendido para qualquer história (se não planejada, é óbvio), independente de em qual mídia ela seja contada. Ontem à noite tive um bom exemplo de histórias que não deveriam ser prolongadas: Shock Treatment, um suposto “Rock Horror Picture Show II”, ambos roteiros de Richard O’Brien.

A idéia é de várias pessoas de uma cidadezinha americana (Denton) vivendo dentro de um estúdio de TV, ora participando dos programas, ora como audiência. Eis que surgem Brad e Janet, os heróis do filme anterior, agora já casados. Em uma trama para lá de confusa, acaba que Brad é enviado para um tratamento psiquiátrico e Janet vira uma espécie de popstar – lembrando, isso tudo dentro do tal do estúdio.

O que se salva do filme são algumas (poucas) músicas. O resto, é uma droga recheada de momentos nos quais você fica pensando que poderia estar fazendo outra coisa que não ficar ali assistindo ao filme. Vale destacar que os atores que interpretam Brad e Janet não são os mesmos, e a Janet escolhida (por acaso, Jessica Harper, que atuou no excelente Suspiria) está terrível – especialmente porque parece uma outra personagem, nada tem a ver com a do primeiro filme.

Além disso, se comparar com o Rocky, a idéia de bizarro e sensual que funcionava no primeiro filme porque era colocado com senso de humor nonsense, fica simplesmente vazio no segundo porque: a) é nonsense, mas não tem graça, b) se leva à sério ao partir para crítica-à-sociedade-de-consumo e c) exagera nos recortes e no final das contas você não faz idéia do que está acontecendo.

É, é. Eu poderia ter ido dormir sem esse. No final das contas, acho que não é nem que “tudo que é bom um dia tem que acabar”. É só que algumas coisas simplesmente não precisam (e no caso de Shock Treatment, não deveriam….) ser prolongadas.

3 comentários em “Shock Treatment”

  1. Sandman acabou só a série oficial, não é? Porque volta e meia tem “algo” relacionado aportando na Itiban&livrarias assim. Se bem que, agora que traduziram até Neverwhere e o Neil Gaiman está passando a ser conhecido como mais que “O autor de Sandman”, talvez a série seja deixada intocada e quietinha de uma vez em seu classicismo nerdico.
    Mas eu acho que não. 😛

  2. Blé, as coisas que não são escritas pelo Gaiman eu desconsidero – quer dizer, tem uma ou duas que não foram escritas por ele e que valem a pena ler, mas que fogem completamente do universo cheio de referências do Gaiman, eu diria que é quase o inverso do que o Gaiman fez com o Sandman da DC, hehe.

    (O problema do sucesso do Gaiman por aqui é que é diretamente proporcional ao preço dos livros dele. Anansi Boys eu tive que importar, achei um absurdo pagar 55 royals, mesmo que em um livro dele ¬¬’)

  3. Tem um sebo, na rua que está entre o Estação e Cefet, umas duas ou três quadras pra frente em direção á XV que sempre tem os livros do Gaiman pouco tempo depois de sairem.
    (Provavelmente por ser perto da Itiban e de outros pontos de encontro de gente estranha, presumo eu)
    Não é muito barato, seguindo o padrão dos sebos do centro, mas eu comprei o Nevewhere e o Stardust por R$30 e um gibi velho do Lúcifer.
    Nada que dê pra perdoar ver as versões em inglês dos livros de bolso por sete dólares, mas…

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