Vinicius de Moraes

O que eu mais gosto sobre conhecer pessoas é que elas sempre nos ensinam alguma coisa. Qualquer coisa. Seja simples experiência de vida, seja um novo poeta, ninguém passa sem ensinar algo. E tem uma pessoa de quem vou lembrar para sempre por ter me apresentado um dos maiores poetas brasileiros: Vinícius de Moraes.

A obra de Vinícius tem cheiro de boemia. Vai ver é por isso que eu gosto tanto, não sei. Ouvir as músicas dele (especialmente as que ele faz parceria com o Toquinho) são simplesmente uma delícia, não há uma palavra que defina melhor a sensação. É aquela coisa de se estirar na cama e sentir o ventinho entrando pela janela, curtindo o som como quem está ouvindo uma cantiga de ninar.

Embora eu dê preferência para a música, não dá para deixar de citar uns trechinhos de alguns poemas lindos e muito conhecidos (principalmente pelos apaixonados), como o “Soneto do Amor Total”:

“…E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia, no teu corpo, de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.”

Ou ainda o famoso “Soneto da Fidelidade”:

“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento…”

Tem ainda o “Soneto da Separação”:

“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto…

Ou o “Para Viver um Grande Amor”:

“…Para viver um grande amor
Primeiro é preciso sagrar-se um cavalheiro
Ser de sua dama por inteiro
Seja lá como for…”

Entre outros tantos. Até hoje quando escuto Vinícius lembro com um carinho enorme dessa pessoa que me apresentou o trabalho do poeta. Como disse, é a melhor parte de se conhecer pessoas: saber que vamos sempre aprender. Vou deixar aqui a letra de uma das minhas músicas preferidas (e olha que é bem difícil achar uma favorita absoluta, hoje vai essa):

São demais os perigos dessa vida

São demais os perigos dessa vida
pra quem tem paixão, principalmente
quando uma lua chega de repente
e se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
vem se unir uma música qualquer
aí então é preciso tomar cuidado
porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
de música, luar e sentimento
uma mulher que é como a própria lua:
tão linda que só espalha sofrimento
tão cheia de pudor que vive nua.

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