Oscar 2015: O dia seguinte

E aqui estou eu com minha canequinha de café para comentar o que aconteceu ontem na cerimônia de entrega do Oscar. Foi dormir cedo? É, tem momentos que eu também acho que deveria ter ido, mas já são o quê? 20 anos acordando zureta na segunda-feira seguinte, eu acho que é o tipo de coisa que vou fazer mesmo depois de velha (e aí meus netinhos vão dizer “Vó, você tá vendo o Troféu Imprensa, vai dormir, vó“).

Enfim. Nenhuma graaaaande surpresa, se você pegar os vencedores dos prêmios dos sindicatos já tinha lá uma tendência a dar isso mesmo. Eu só acho que não tinha feito as contas direito, porque achava que Boyhood iria um pouco melhor (foi o tchibum da noite: o mais indicado, voltando só com o Oscar de atriz coadjuvante da Patricia Arquette).

Mas isso de ser previsível já tem sido assim tem algum tempo,  aí como sempre o que chama a atenção, o que realmente surpreende são os discursos. A cerimônia estava super sem graça, mesmo o red carpet esse ano foi insosso e teria passado sem grandes acontecimentos não fosse a Lady Gaga:

Mas Lady Gaga é Lady Gaga, né? Fica só um comentário: caraca, a apresentação dela cantando as músicas de A Noviça Rebelde foi muito boa. E olha que eu detesto a hora das cantorias no Oscar. Ainda sobre red carpet, twitter desse ano começou uma mania bem chata: pegar foto de artistas em outros red carpets e compartilhar dizendo que fulano chegou, etc. Pessoal começa a compartilhar loucamente, aí de repente aparece o artista e ué. Eu caí em um tweet do Ben Aflleck (porque né, Ben Affleck), e o twitter quase quebrou com fotos da Scarlett Johansson de uma outra premiação (embora ela estivesse linda ontem também).

John Travolta obviamente nunca ouviu falar em espaço pessoal.

 

Aí começa a cerimônia e aquela primeira música que o Neil Patrick Harris canta e você pensa, uou, ele vai mandar muito bem, será um dos melhores apresentadores!!! Mas… fueeem. Foi um anfitrião bem fraco. O número de abertura e a hora que ele anda pelo teatro de cuecas foi o melhor dele. Fora isso, a maior parte das piadas tinham um péssimo timing, para não dizer que no fim das contas ele estava simplesmente apagado. Ainda da abertura, um comentário certeiro: “Tonight, we honor Hollywood’s best and whitest — sorry, brightest.

Dos prêmios o primeiro relevante foi para o J.K. Simmons por Whiplash -dentro do previsto. Gostei como Grande Hotel Budapeste foi acumulando prêmios, mesmo que não fossem nas categorias principais. Como comentei no twitter, lavei a alma por aquele ano que só tinha a categoria melhor roteiro para torcer por Moonrise Kingdom e mesmo assim o filme não ganhou.

E aí tudo meio sem sal, tudo meio morno até que Patricia Arquette ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante. De novo, Oscar mais do que certo, e o discurso todo na mesma linha, obrigada fulano, obrigada ciclano, até que… “To every woman who gave birth, to every taxpayer and citizen of this nation, we have fought for everybody else’s equal rights. It’s time to have wage equality once and for all. And equal rights for women in the United States of America.” (e aí foi aplaudida por todo mundo, incluindo aquela imagem da Meryl Streep que abre o post). Foi lindo. Chorei meeeeermo.

Discurso dos vencedores de melhor canção (John Legend e Common por Selma), também fantástico. “Selma is now because the struggle for justice is right now. We live in the most incarcerated country in the world. There are more black men under correctional control today than there were in slavery in 1850.” Eu tenho até agora minhas ressalvas sobre O Jogo da Imitação, mas também dentro do esperado ganhou Graham Moore por roteiro adaptado, e então mais um discurso memorável: “Stay weird, stay different and when it’s your turn, and you are standing on this stage, please pass the message on to the next person who comes along.

Dos prêmios principais, eu ainda acho que garfaram o Linklater como diretor em Boyhood. Aliás, para melhor filme é engraçado que tenham premiado Birdman, um filme que critica a preguiça da indústria que investe mais e mais em filmes de heróis e pouco inova e aí vão lá e dão uma esnobada no cara que fez um projeto novo e diferente, inclusive saindo da mesmice das biopic que tomaram conta do Oscar desse ano. Vá entender. EDITADO: O Alex compartilhou um link de um artigo do Blog do IMS que é exatamente o que penso sobre Boyhood no Oscar, compartilho aqui com vocês.

Melhor ator e melhor atriz também dentro do esperado, assim como o estilo do discurso. Adoro Julianne Moore, mas ainda acho que ela merecia ganhar o Oscar por outros trabalhos. Still Alice desceu para mim como um filme ok, mas com a maior pinta de Made for TV. Aí ela já tem trabalhos maravilhosos em filmes maravilhosos e ganha por esse? Blé.

Gente, o sorriso da Moore

Só achei fora de tom a piada do Sean Penn num Oscar marcado por discurso das minorias. Piada entre amigos, pode ser, mas ficou estranho de qualquer forma. E meio que foi isso, né. Grande Hotel Budapeste e Birdman os que mais ganharam na noite (quatro Oscar cada), Whiplash logo a seguir com três. Listão feliz dos vencedores aqui (dica: no G1 tem videos com todos os discursos de agradecimento):

Melhor filme
“Sniper americano”
“Birdman”
“Boyhood: Da infância à juventude”
“O grande hotel Budapeste”
“O jogo da imitação”
“Selma”
“A teoria de tudo”
“Whiplash”

Melhor diretor
Alejandro Gonzáles Iñárritu (“Birdman”)
Richard Linklater (“Boyhood”)
Bennett Miller (“Foxcatcher: Uma história que chocou o mundo”)
Wes Anderson (“O grande hotel Budapeste”)
Morten Tyldum (“O jogo da imitação”)

Melhor ator
Steve Carell (“Foxcatcher”)
Bradley Cooper (“Sniper americano”)
Benedict Cumberbatch (“O jogo da imitação”)
Michael Keaton (“Birdman”)
Eddie Redmayne (“A teoria de tudo”)

Melhor atriz
Marion Cotillard (“Dois dias, uma noite”)
Felicity Jones (“A teoria de tudo”)
Julianne Moore (“Para sempre Alice”)
Rosamund Pike (“Garota exemplar”)
Reese Witherspoon (“Livre”)

Melhor ator coadjuvante
Robert Duvall (“O juiz”)
Ethan Hawke (“Boyhood”)
Edward Norton (“Birdman”)
Mark Ruffalo (“Foxcatcher”)
J.K. Simmons (“Whiplash”)

Melhor atriz coadjuvante
Patricia Arquette (“Boyhood”)
Laura Dern (“Livre”)
Keira Knightley (“O jogo da imitação”)
Emma Stone (“Birdman”)
Meryl Streep (“Caminhos da floresta”)

Melhor roteiro original
Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris Jr. e Armando Bo (“Birdman”)
Richard Linklater (“Boyhood”)
E. Max Frye e Dan Futterman (“Foxcatcher”)
Wes Anderson e Hugo Guinness (“O grande hotel Budapeste”)
Dan Gilroy (“O abutre”)

Melhor roteiro adaptado
Jason Hall (“Sniper americano”)
Graham Moore (“O jogo da imitação”)
Paul Thomas Anderson (“Vício inerente”)
Anthony McCarten (“A teoria de tudo”)
Damien Chazelle (“Whiplash”)

Melhor filme em língua estrangeira
“Ida” (Polônia)
“Leviatã” (Rússia)
“Tangerines” (Estônia)
“Timbuktu” (Mauritânia)
“Relatos selvagens” (Argentina)

Melhor documentário
“O Sal da Terra”
“CitizenFour”
“Finding Vivian Maier”
“Last days”
“Virunga

Melhor animação
“Operação Big Hero”
“Como treinar o seu dragão 2”
“Os Boxtrolls”
“Song of the sea”
“O conto da princesa Kaguya”

Melhor fotografia
Emmanuel Lubezki (“Birdman”)
Robert Yeoman (“O grande hotel Budapeste”)
Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski (“Ida”)
Dick Pope (“Sr. Turner”)
Roger Deakins (“Invencível”)

Melhor montagem
Joel Cox e Gary D. Roach (“Sniper americano”)
Sandra Adair (“Boyhood”)
Barney Pilling (“O grande hotel Budapeste”)
William Goldenberg (“O jogo da imitação”)
Tom Cross (“Whiplash”)

Melhor figurino
Milena Canonero (“O grande hotel Budapeste”)
Mark Bridges (“Vício inerente”)
Colleen Atwood (“Caminhos da floresta”)
Anna B. Sheppard e Jane Clive (“Malévola”)
Jacqueline Durran (“Sr. Turner”)

Melhor maquiagem e cabelo
Bill Corso e Dennis Liddiard (“Foxcatcher”)
Frances Hannon e Mark Coulier (“O grande hotel Budapeste”)
Elizabeth Yianni-Georgiou e David White (“Guardiões da Galáxia”)

Melhor design de produção
“O grande hotel Budapeste”
“O jogo da imitação”
“Interestelar”
“Caminhos da floresta”
“Sr. Turner”

Melhores efeitos visuais
Dan DeLeeuw, Russell Earl, Bryan Grill e Dan Sudick (“Capitão América 2: O soldado invernal”)
Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist (“Planeta dos macacos: O confronto”)
Stephane Ceretti, Nicolas Aithadi, Jonathan Fawkner e Paul Corbould (“Guardiões da Galáxia”)
Paul Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter e Scott Fisher (“Interestelar”)
Richard Stammers, Lou Pecora, Tim Crosbie e Cameron Waldbauer (“X-Men: Dias de um futuro esquecido”)

Melhor canção
“Everything is awesome”, de Shawn Patterson (“Uma aventura Lego”)
“Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (“Selma”)
“Grateful”, de Diane Warren (“Além das luzes”)
“I’m not gonna miss you”, de Glen Campbell e Julian Raymond (“Glen Campbell…I’ll be me”)
“Lost Stars”, de Gregg Alexander e Danielle Brisebois (“Mesmo se nada der certo”)

Melhor trilha sonora
Alexandre Desplat (“O grande hotel Budapeste”)
Alexandre Desplat (“O jogo da imitação”)
Hans Zimmer (“Interestelar”)
Gary Yershon (“Sr. Turner”)
Jóhann Jóhannsson (“A teoria de tudo”)

Melhor mixagem de som
John Reitz, Gregg Rudloff e Walt Martin (“Sniper americano”)
Jon Taylor, Frank A. Montaño e Thomas Varga (“Birdman”)
Gary A. Rizzo, Gregg Landaker e Mark Weingarten (“Interestelar”)
Jon Taylor, Frank A. Montaño e David Lee (“Invencível”)
Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (“Whiplash”)

Melhor edição de som
Alan Robert Murray e Bub Asman (“Sniper americano”)
Martín Hernández e Aaron Glascock (“Birdman”)
Brent Burge e Jason Canovas (“O hobbit: A batalha dos cinco exércitos”)
Richard King (“Interestelar”)
Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (“Invencível”)

Melhor edição de som
Alan Robert Murray e Bub Asman (“Sniper americano”)
Martín Hernández e Aaron Glascock (“Birdman”)
Brent Burge e Jason Canovas (“O hobbit: A batalha dos cinco exércitos”)
Richard King (“Interestelar”)
Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro (“Invencível”)

Melhor animação em curta-metragem
“The bigger picture”
“The dam keeper”
“Feast”
“Me and my moulton”
“A single life”

Melhor documentário em curta-metragem
“Crisis Hotline: Veterans Press 1”
“Joanna”
“Our curse”
“The reaper (La Parka)”
“White earth”

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