The Vacationers (Emma Straub)

22394275Então. Chega o verão e as editoras aqui parecem seguir um movimento contrário ao das editoras gringas: ao invés de lançarem suas apostas (pelo menos no sentido de livros mais populares), parecem dar uma segurada nos lançamentos. Acredito que tenha a ver com o fato de nosso verão coincidir com o fim do ano, de qualquer forma acabamos ficando sem essa experiência interessante que é a leitura de verão para eles. Promoções mil nas livrarias, títulos novinhos chegando nas prateleiras e aquela curiosidade sobre qual, quaaaaaal será o livro do verão.

Bom, esse ano lá fora aqui e acolá pipocou o nome The Vacationers, de Emma Straub. Até faz sentido, já que a história gira em torno da viagem de uma família disfuncional para Maiorca, na Espanha. Piscina, praia, sol, areia… meio que parece perfeito para a estação. Detalhe é que o livro simplesmente não é lá essas coisas. Sabe aquele carinha esforçado que estuda pacas mas só consegue tirar nota cinco? Algo assim.

Porque a Emma Straub realmente se esforça. A começar pelo controle do foco narrativo, algo a se notar: ele vai mudando até com certa fluidez, e vamos vendo os eventos daquelas duas semanas na ilha espanhola através dos olhos das sete pessoas que foram para lá. E sete é coisa, minha gente. Tem quem não dê conta de um, né.

Enfim, sobre os sete, temos Franny, a matriarca, que é meio que a cola que une todos os elementos: Jim (marido), Bobby (filho), Sylvia (filha), Carmen (nora), Charlie (melhor amigo) e Lawrence (marido do melhor amigo). Todos deixando algo pendente para trás, buscando nas férias uma forma de esquecer os problemas, ou até tentar resolvê-los, em alguns casos.

Além disso, ela segue lá a receita de bolo para prender a atenção do leitor, revelando aos poucos o que aconteceu com Jim para que ele deixasse o emprego, e o que aconteceu com Sylvia para que ela estivesse tão ansiosa para começar logo a vida na faculdade, longe de seus colegas do colégio. O “revelar aos poucos” não é no estilo surpresa, é mais de entender por que agiram como agiram. Por exemplo, sabemos desde o começo que Jim traiu a esposa com a secretária, mas só mais para frente entendemos como aquilo aconteceu.

Mas não adianta muito, porque o romance é sempre superficial, para não falar nos clichês. Franny, a personagem mais importante, tem lá um bom momento só quando descobre que o filho está traindo a namorada – e explode, com raiva por acreditar nunca ter ensinado para Bobby o valor do relacionamento com outra pessoa. Mas mesmo as ideias sobre casamento que o livro tenta passar são tratadas no melhor estilo “comédia romântica que será esquecida em um ano”. Sabe, frases que parecem inspiradoras mas não passam de lugar comum? “Sometimes love was one-sided. Sometimes love wasn’t love at all, but a momento shared on a beach“. E vai por aí.

E nos momentos em que a autora tenta o cômico fica ainda pior. Férias de família disfuncional… ok, poderia dar certo, mas não há nada de novo ali. Não sei se você assistiu Sessão da Tarde mais ou menos na mesma época que eu, com filmes como Aluga-se para o Verão e Férias Frustradas. Bom, prefiro esses filmes. Quando chegou um momento em que o pai teve que fazer xixi na perna do filho atacado por uma água-viva, na hora ouvi Mônica gritando:

Como disse, nada de novo. E mesmo quando o humor era construído a partir da reunião de sete pessoas completamente diferentes, não dava para deixar de pensar na Maria Semple com Bernadette e o aniversário de Bee no restaurante – ou, trocando em miúdos, que em outras mãos talvez a história ficasse realmente engraçada.

As personagens também, não são lá muito interessantes. O problema talvez seja a já mencionada superficialidade. Jim, por exemplo, fica entre repetir para si mesmo que ama Franny e as memórias do sexo com a estagiária. Sylvia é só o esteriótipo da adolescente. Bobby do filho mimado, etc. Talvez a pessoa mais interessante ali seja a Carmen, porque apesar de ser também marcada pelo esteriótipo (rata de academia), mesmo assim vai mostrando outras nuances. Curiosamente, é a personagem que todos na casa parecem gostar menos.

E aí embrulha tudo isso num pacotinho só e digo que foi ok – não odiei, não amei, não senti que perdi meu tempo. Mas também não é o tipo de livro que vou sair por aí recomendando. Só deixo a dica de que está 2,99 dólares na versão para kindle lá na Amazon, caso você queira conferir. No mais, se é para eleger uma leitura de verão meramente pela presença de praia e outros elementos típicos da estação, acho que dessa safra de 2014 We Were Liars foi um tico melhor.

2 comentários em “The Vacationers (Emma Straub)”

  1. Hmmm, eu tô lendo um fininho aqui que, ó, parece ter a mesma vibe, só que bom (ao menos tô gostando bastante, tô quase na metade): Nadando de volta pra casa. Gostei da capa, a Rocco mandou pro Lucas que não ia ler, ele me mandou. Só não é pro lado da comédia. Mas tá BEM interessante.

    1. Parece bacana, vou jogar no kindle =D

      (edit: falo assim e parece que achei o livro bacana pq vc gostou da capa hahahah just in case, melhor explicar: fui pesquisar sobre ele e gostei do que li heheh)

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