Oscar 2013: O dia seguinte

Spoiler: Argo vence melhor filme. E também, eu queria começar o post com uma imagem do Ben Affleck.
Spoiler: Argo vence melhor filme. E também, eu queria começar o post com uma imagem do Ben Affleck.

Enquanto vou tomando minha segunda caneca de café para compensar a noite de pouco sono, vamos para alguns comentários sobre a cerimônia do Oscar ontem – que não, não teve nada de muuuito surpreendente. Foi uma noite morna, sem grandes surpresas e que em alguns momentos pareceu que iria se arrastar pela eternidade (quem mais aqui não pensou “Poutz, ainda nem apareceu o In Memorian?!!”).

Sobre o tapete vermelho, a real é que eu acompanho só para ver se acontecerá um grande desastre tipo a Bjork com aquele vestido de cisne, ou algo lindo demais, como aquele vestido da Halle Berry no ano em que ela ganhou o Oscar: não aconteceu. Tudo certinho e dentro da média, morninho como a cerimônia. Vi umas fotos da festa da Vanity Fair e pareceu que as moças guardaram o melhor para lá, saindo dos rosinhas sem graça para muito brilho, muito ouro, inshalá. Tentaram fazer uma piada com o farol aceso da Anne Hathaway, mas parece que era efeito do corte do vestido (mas convenhamos, escolher mal justo na noite em que você finalmente ganha? Aff). Enfim, melhor coisa desse tapete vermelho foi a barba do Ben Affleck.

Quando finalmente começou (agonia ver que faltavam 30 minutos para o início quando eu já estava com sono e sabia que teria que acordar cedo no outro dia, haha), Seth MacFarlane já chega com uma ótima piada sobre o fato de Ben Affleck ter sido ignorado pela Academia, mas a partir do momento que aparece o Capitão Kirk na tela, as chances de MacFarlane fazer uma noite inesquecível vão por água abaixo: a real é que parece que ele quase nem teve a oportunidade de falar, e quando falou, na maior parte das vezes errou o tiro. Talvez a impressão fique porque todo mundo estava naquela de o cara ser controverso e blablabla, achando que ele não chegaria ali com rédeas curtas, né? As if. Não odiei, mas certeza que ele não entrará no hall dos memoráveis.

Não a pior, mas faltou Toddynho para chegar no Billy Crystal.

Primeiro prêmio foi para Ator Coadjuvante. Aliás, eu sei que há toda aquela ideia de guardar o melhor para o fim, mas a cerimônia seria bem menos lenta se entre aquelas categorias que ninguém liga muito incluíssem uma das grandes, deixando só Melhor Filme para o último bloco. Eu posso estar enganada, mas tenho aqui na lembrança um bloco inteiro da apresentação com homenagens, músicas e afins mas nenhum prêmio entregue! WTF. Bom, pelo menos dá para usar esses momentos para ir ao banheiro ou pegar alguma coisa na cozinha, né.

Anyway, ator coadjuvante. No meu post anterior sobre o Oscar eu disse “Largo o béts se não derem para o Christoph Waltz, especialmente se ele perder para o Robert De Niro.”. Até a hora em que anunciaram o nome do Waltz eu ainda não estava tãããão segura assim de que ele seria o ganhador, então para mim foi a melhor surpresa da noite.

E aí começam as outras categorias, blablabla, yadda yadda yadda, tudo seguindo de um jeito bem previsível, tanto que até eu, que manjo lhufas de cinema, me dei razoavelmente bem nos meus palpites de bolão. As músicas foram legais (e eu sei que Chicago não mereceu o Oscar num ano que tinha As Horas como concorrente, mas foi muito legal rever/ouvir All That Jazz), mas como disse antes, tudo muito morno. Coisas que vale a pena comentar:

  • A ironia de que a empresa responsável pelos efeitos visuais de As aventuras de Pi está falida – mas ganhou o Oscar.
  • O empate em Edição de Som, algo bem raro para o evento (único prêmio de A hora mais escura, vale ressaltar).
  • O discurso do Tarantino quando foi receber a estatueta por Melhor Roteiro Original (eu torcia por Moonrise Kingdom porque era a única chance de Oscar do filme, mas fiquei feliz pelo roteiro de Django levar também)
  • Por falar em roteiro, benzadeus que o adaptado não foi para O lado bom da vida.
  • Fiquei surpresa com o Ang Lee ganhando o de diretor. Torcia por ele, mas sou mó pé frio e achei que daria Spielberg
  • Já pensou que treta se a Anne Hathaway não levasse esse? Acho que morria ali mesmo no teatro.

O resto acho que todo mundo esperava, com As aventuras de Pi e os filmes de época (Os Miseráveis e Anna Karenina) levando os prêmios técnicos. Quem apostou contra Amour para melhor estrangeiro tá usando dorgas. Deixa eu ver o que mais… hum, bem, acho que isso. Aí chegamos ao bloco final, com os três principais prêmios. Primeiro vence a Jennifer Lawrence o de melhor de melhor atriz. Vamos lá: não acho que merecia, até porque O lado bom da vida definitivamente não é o melhor trabalho dela, e a Riva esteve muito melhor em Amour. Por outro lado, adoro a guria, então nem fico naquele mimimi ranzinza de injustiça.  Neeeeext!

Então vem a maior barbada do Oscar, Daniel Day-Lewis como melhor ator – e o segundo prêmio na noite de Lincoln, que, não vamos esquecer, foi o campeão de indicações (portanto, é o tchibum da noite). Um discurso bastante bacana, mas já tem aquela pinta de cara acostumado a ganhar, nem tem graça hahaha.

E aí é a vez de Argo, a maior bizarrice do Oscar desse ano. Como pode um melhor filme sequer ganhar uma indicação para melhor diretor? E olha como fica a matemática: se Ben Affleck fosse indicado, considerando todas as premiações da temporada, ele provavelmente levaria, fazendo com isso que Argo ficasse com 4 prêmios contra 3 de As aventuras de Pi. E aí no final das contas teve que engolir um empate com o insosso Os Miseráveis.

Será que uma ligou para a outra para combinar a cor do vestido?

Resumo da ópera: primeira vez que os filmes para os quais eu torço ganham mais do que os que eu torcia contra. E sério, deixem de lado a birra sobre o Moacyr Scliar e vão ver As aventuras de Pi, é um filme muito bonito. E lá vai o listão dos vencedores da noite:

Filme
“Indomável sonhadora”
“O lado bom da vida”
“A hora mais escura”
“Lincoln”
“Os miseráveis”
“As aventuras de Pi”
“Amor”
“Django livre”
“Argo”

Diretor
Michael Haneke (“Amor”)
Benh Zeitlin (“Indomável sonhadora”)
Ang Lee (“As aventuras de Pi”)
Steven Spielberg (“Lincoln”)
David O. Russell (“O lado bom da vida”)

Ator
Daniel Day-Lewis (“Lincoln”)
Denzel Washington (“Voo”)
Hugh Jackman (“Os miseráveis”)
Bradley Cooper (“O lado bom da vida”)
Joaquin Phoenix (“O mestre”)

Atriz
Naomi Watts (“O impossível”)
Jessica Chastain (“A hora mais escura”)
Jennifer Lawrence (“O lado bom da vida”)
Emmanuelle Riva (“Amor”)
Quvenzhané Wallis (“Indomável sonhadora”)

Ator coadjuvante
Alan Arkin (“Argo”)
Christoph Waltz (“Django livre”)
Philip Seymour-Hoffman (“O mestre”)
Robert De Niro (“O lado bom da vida”)
Tommy Lee Jones (“Lincoln”)

Atriz coadjuvante
Amy Adams (“O mestre”)
Anne Hathaway (“Os miseráveis”)
Helen Hunt (“The sessions”)
Jacki Weaver (“O lado bom da vida”)
Sally Field (“Lincoln”)

Roteiro original
Michael Haneke (“Amor”)
Quentin Tarantino (“Django livre”)
John Gatins (“Voo”)
Wes Anderson e Roman Coppola (“Moonrise kingdom”)
Mark Boal (“A hora mais escura”)

Roteiro adaptado
Chris Terrio (“Argo”)
Lucy Alibar e Benh Zeitlin (“Indomável sonhadora”)
David Magee (“As aventuras de Pi”)
Tony Kushner (“Lincoln”)
David O. Russell (“O lado bom da vida”)

Filme estrangeiro
“Amor” (Áustria)
“Kon-tiki” (Noruega)
“O amante da rainha” (Dinamarca)
“No” (Chile)
“War witch” (Canadá)

Animação
“Detona Ralph”
“Frankenweenie”
“ParaNorman”
“Piratas pirados!”
“Valente”

Curta-metragem de animação
“Adam and dog”
“Fresh guacamole”
“Head over heels”
“Maggie Simpson in ‘The Longest Daycare'”
“Paperman”

Edição
“Argo”
“As aventuras de Pi”
“A hora mais escura”
“O lado bom da vida”
“Lincoln”

Fotografia
“007 – Operação Skyfall”
“Anna Karenina”
“As aventuras de Pi”
“Django livre”
“Lincoln”

Efeitos visuais
“As aventuras de Pi”
“Branca de Neve e o caçador”
“O hobbit: Uma jornada inesperada”
“Prometheus”
“Os Vingadores”

Figurino
“Anna Karenina”
“Branca de Neve e o caçador”
“Espelho, espelho meu”
“Lincoln”
“Os miseráveis”

Maquiagem e cabelo
“Hitchcock”
“O hobbit: Uma jornada inesperada”
“Os miseráveis”

Canção original
“Before my time”, de “Chasing ice” – J. Ralph (música e letra)
“Everybody needs a best friend”, de “Ted” – Walter Murphy (música) e Seth MacFarlane (letra)
“Pi’s lullaby”, de “As aventuras de Pi” – Mychael Danna (música) e Bombay Jayashri (letra)
“Skyfall”, de “007 – Operação Skyfall” – Adele (música e letra)
“Suddenly”, de “Os miseráveis” – Claude-Michel Schönberg (música), Herbert Kretzmer (letra) e Alain Boublil (letra)

Trilha sonora original
Dario Marianelli (“Anna Karenina”)
Alexandre Desplat (“Argo”)
Mychael Danna (“As aventuras de Pi”)
John Williams (“Lincoln”)
Thomas Newman (“007 – Operação Skyfall”)

Mixagem de som
“007 – Operação Skyfall”
“As aventuras de Pi”
“Argo”
“Lincoln”
“Os miseráveis”

Edição de som
“007 – Operação Skyfall”
“Argo”
“As aventuras de Pi”
“A hora mais escura”
“Django livre”

Design de produção
“Anna Karenina”
“As aventuras de Pi”
“O hobbit: Uma jornada inesperada”
“Os miseráveis”
“Lincoln”

Melhor curta-metragem
“Asad”
“Buzkashi boys”
“Curfew”
“Death of a shadow (doos van een schaduw)”
“Henry”

Documentário em longa-metragem
“5 broken cameras”
“The gatekeepers”
“How to survive a plague”
“The invisible war”
“Searching for Sugar Man”

Documentário em curta-metragem
“Inocente”
“Kings point”
“Mondays at Racine”
“Open heart”
“Redemption”

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