Catfish

Lá vai, mais um daqueles casos de quanto menos você souber melhor é, então eu aviso desde já que se você ainda não viu, talvez seja melhor primeiro assistir ao filme e depois continuar lendo aqui. Honestamente não acho que faça taaaaaanta diferença assim na experiência toda, mas isso é porque eu já sei o que acontece. Hum, difícil explicar. Na dúvida não leia se ainda não viu, mas volte aqui amanhã porque estarei comentando sobre o livro do Stephen King, O Iluminado, hehehe.

Então vamos ao Catfish. A história começa com uns caras fazendo um documentário sobre Nev, que tem uma amizade com uma garotinha (Abby) que faz quadros a partir de fotos que ele tira por aí. O registro que se faz é de Nev recebendo quadros da menina, cartas, presentes e afins, e conhecendo membros da família de Abby, como a mãe e a irmã mais velha. Se você foi teimoso e continuou lendo aqui mesmo sem ter assistido ao filme, essa é sua segunda chance de parar, heim.

Aos poucos Nev vai se aproximando mais e mais de Megan, a irmã de Abby, trocando várias mensagens pelo Facebook e pelo celular. Eles conversam de quando em quando e qualquer pessoa que já teve uma apaixonitezinha online vai se reconhecer nesse momento do filme, com aquela troca de mensagens melosas do tipo “Queria que você estivesse aqui” ou “Estou com saudades de alguém que nem conheço”, etc. É quando Megan manda uma música que ela supostamente gravou que a história sofre uma reviravolta e a partir daí deixa quem está assistindo curiosíssimo para saber qual será o desfecho.

Basicamente o negócio é que Nev foi ludibriado pela mãe de Abby, que inventou tudo, inclusive a história de que era a garotinha que fazia os quadros. Vamos descobrindo junto com ele as mentiras que foram contadas, até o momento do inevitável confronto no qual tudo é colocado às claras.

E veja bem, quando eu digo que eu acho que não faz tanta diferença assim, é porque eu não vejo Catfish como um suspense ou algo que o valha, mas como um dos melhores filmes que já vi retratando essa geração Internet. Como comentei, o reconhecimento da situação que Nev está vivendo quando começa a se encantar por Megan é imediato. A cena da primeira ligação é ótima porque eu tenho certeza que todo mundo que já fez amizade virtual em algum momento já teve que passar por essa situação estranha na qual as coisas começam a se tornar reais (ei, essa pessoa tem uma voz!).

Mais ainda, de como nos encantamos por ideias, conceitos e não por pessoas. Angela (a mãe de Abby) criou todo aquele faz de conta e em certa parte da conversa com Nev diz que não contava a verdade porque tinha medo de perder a amizade, mas ao mesmo tempo questionava se algo baseado numa mentira podia ser uma amizade de fato. Quantos de vocês não interpretaram personagens na internet, expondo o melhor de vocês e escondendo láááá no fundo o pior, e aí encantaram pessoas e ficaram com medo da hora em que elas descobrissem que a realidade não era bem aquilo que tinha no monitor do computador?

Eu gostei de Catfish por essas reflexões, porque estou aí na internet desde meus 16 anos de idade e acho que num menor grau já estive nos pés de Nev e já estive no lugar de Angela – digo menor grau porque não sou lelé de intencionalmente fingir ser alguém que não sou, hehe. Não que essa mudança no enredo, de Nev estar descobrindo ter sido enganado também não seja legal. É muito, fiquei bastante curiosa até porque achei que sei lá, o cara encontraria Angela e amanheceria no outro dia numa banheira sem o rim (rá!). Mas o que realmente me conquistou foi como soube trazer para o cinema algo que quase não tem sido retratado, de como estão se desenvolvendo as relações em tempos de internet.

E mesmo que você tenha sido teimoso e tenha lido o que escrevi sem ter assistido, dê uma chance ao filme mesmo assim porque vale a pena, pelas razões que citei.

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