Avenida Dropsie, a peça

carta.jpgFui ontem assistir Avenida Dropsie, montagem da Sutil Companhia de teatro, que quero assistir faz uma pá de tempo. Na verdade desde maio do ano passado, como vocês podem ver nesse post ainda não editado importado do Hellfire blogspot.

Enfim, aparentemente eu não era a única – teatro lotadíssimo. Espero que seja qualquer coisa sobre “vontade de ver a peça”, e não o fato de ter ator global no elenco. Sabe como é, curitibano consegue ser sem noção. Sem noção ao ponto de levar criança para assistir uma peça dessas, por exemplo. Mas não vamos nos ater a falta de noção do público, hoje não.

Até porque seria sem noção da minha parte, levando-se em conta o trabalho impecável da Sutil Companhia nessa peça. É realmente maravilhoso, a começar, obviamente, pelo cenário – que combinado com a iluminação criava os mais diferentes efeitos, fazia o prédio virar cidade, o prédio virar gente. Lindo mesmo.

Não sei se também por causa das proporções, Avenida Dropsie conta mais com o trabalho corporal dos atores – que deram um banho, sério. No final da peça, quando todo o elenco se reuniu para ser aplaudido (de pé) pelo público, não tinha como não ficar de queixo caído: QUÊ?? SÓ ESSES ATORES DURANTE A PEÇA TODA? Sério, eles se dividem em mil no palco.

Para somar a tudo isso, outros recursos (alguns já conhecidos, mas utilizados de forma brilhante) como a projeção de imagens em uma tela finíssima na frente do palco. Diferente de outras peças, essa projeção complementa – como na cena do metrô, que são colocados “pensamentos” sobre as personagens, muito legal mesmo.

E bem, tem a chuva, né? Eu já sabia que “chovia” na Avenida Dropsie, mas não dá para deixar de sentir um certo arrepio no momento que você começa a ver que sim, é água mesmo, não é só efeito sonoro. Lindo, lindo mesmo.

Sobre o roteiro em si, pouco tem a ver com a HQ do Eisner da qual já comentei por aqui. É como se Hirsch pegasse um pedaço da história criada no papel e transferisse para o palco. O que acaba criando textos completamente diferentes, na minha opinião.

Enquanto Eisner retrata principalmente a avenida, sua história através das pessoas que passaram por ali durante mais de 100 anos, Hirsch foca mais nas “pessoas da cidade”, fazendo da Avenida Dropsie uma alegoria das grandes cidades. Não, não é ruim: cada um desses textos é bom à sua maneira.

7 comentários em “Avenida Dropsie, a peça”

  1. Deis que você falou sobre ler Poe e ouvir Smiths sob a chuva eu fiquei curioso e tive uma tentativa. haha, adorei. Anica, novamente eu reintero que você é praticamente minha guru espiritual virtual.

    Obrigado por abrir meus olhos! :dente:

  2. Deixa os pais levrarem as crianças (desde que comportadas). Vai dizer que não gostaria que seus pais tivessem te levado a coisas assim, mesmo você entendendo pouco ou nada? =]

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